sábado, 24 de dezembro de 2022

Um conto sem desconto

Lideranças estúpidas, conseguem fazer da estupidez o monumento à esculhambação, onde todos são vítimas de sua insensatez. Pouco resta após a desastrosa passagem.

Salvo os chutes eventuais que, por diversas anomalias, acabam por obter sucesso, a inexistência dos cuidados fundamentais, sentenciam de morte, empresas e colaboradores, nas vãs tentativas de trilhar caminhos seguros em busca da obtenção do êxito.

Outra coisa, bastante clara na mensuração dos líderes de araque, é a conduta humana, péssima em todos as escalas, incapaz de interação verdadeira com sua equipe, faz-se de interessado, só da boca para fora, não há empatia disponibilizada em suas ações.

Tem todos os sentidos preparados somente para servi-lo, não serve a ninguém. Ensaboado, desfila arrogância quando da proximidade de liderados e humildade descarada ao interagir com seus pares, como arauto da salvação da pátria.

Lamentável que ofereçam sustentação ao parasita, que suga a energia da empresa e a leva à bancarrota, talvez pelo glamour da douração de pílula, talvez em razão da ausência de parâmetros para identificar, de fato, o mal que faz.

Enfim, é triste sua permanência e ainda mais incômodo permiti-la. Como se diz em situações semelhantes: se merecem! Uma pena que, em meio a essa esparrela, aqueles que sofrem amargamente nas mãos do pilantra, sem condições de reagir, impossibilitados da manifestação, cerceados por temores, são os pobres colaboradores.

Pobres enquanto persistirem em aceitar, passivamente, viver sob o domínio do medo. Não é isso que se espera de profissionais capacitados. É abrir a boca no trombone ou mandar às favas o emprego que não lhe oferece dignidade para exercer suas funções.





 

domingo, 18 de dezembro de 2022

Liderança de ponta

 


Qual ser humano que deixa de curtir um sucesso próprio ou daquele que ama? Só os doentes, desprovidos do equilíbrio mental não comemorariam um feito brilhante.

Funciona assim quando, engajado em determinado processo, envolvido em um roteiro que escala a difícil encosta da dúvida, a pessoa se sente em êxtase ao atingir seu pico.

Não há trilha fácil, ou segura, muito menos com garantia de resultados positivos. O que existe é a retaguarda eficaz, os preparativos minuciosos, a confiança na proposta apresentada.

 A liderança de ponta é aquela identificada por ações comprometidas com a concretização das expectativas de cada um dos envolvidos na missão que se pretende cumprir, isso faz toda a diferença.

Entusiasma o grupo, cria laços de colaboração, oferece guarida nas dificuldades, celebra cada avanço, assume possíveis falhas, corrige quando necessário, demonstra inabalável convicção nos propósitos apresentados.

Liderar é gerar ações que criam possibilidades de melhorias, exalam comprometimentos e induzem à cooperação. Essa é a fórmula, com nada de secreta, mas dotada de um poder imensurável, quando se trata de conduzir pessoas a se realizarem.


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domingo, 11 de dezembro de 2022

Ao tempo, o respeito necessário

 


Controlar o tempo disponível para implementações, sem o reconhecimento prévio dos vários ruídos provocados por diversas particularidades, normalmente prazerosas, como os emitidos pelo mundo digital, é querer desfrutar do amor, desatento à pessoa amada. Nem sempre os resultados são os melhores ou, adequadamente, promissores.

Respostas dependem de cada pergunta efetuada. Quando se trata da organização e melhor aproveitamento do tempo, há uma resposta certeira, capaz de paralisar, estagnar ou acelerar qualquer processo: qual o prazo?

Após analisar a tarefa, computar contingências, descrever o roteiro, a definição do prazo é básica no disparo das melhores estratégias, as alusivas à intensidade da intervenção pessoal e ao dispêndio de horas.

É bom esquecer mágicas, truques, trapaças, subornos. O tempo é incorruptível, simplesmente, avança e, a cada dia, aproxima a estimativa do “dia d”.

Não tem pena, dó ou piedade; não se sujeita às negociações, tampouco firma acordos; não espera um pouco ou muito menos oferece um “jeitinho”. Ele passa e, se não houver cuidado, deixa tudo no passado, menos as consequências.

Vale lembrar uma formulação bastante utilizada, “ordem dada é ordem cumprida”. Parodiando, “prazo estabelecido, é prazo cumprido”, isso para a biografia social, profissional, escolar, comercial, industrial; enfim, é regra elementar se existe interesse em cativar respeito, lealdade de terceiros, conceitos positivos.

Consagrar ao tempo o título do bem mais precioso, não é só retórica de patrões desejosos da máxima produtividade ou de algum filósofo deslumbrado com a possibilidade de seu domínio; é inquestionável, porque tudo acontece se ele existe, ao menos, no plano humano.

 Está, aí, a necessidade de saber conduzir, com contumaz diligência, o tempo. Passou, passou; impossível o retorno. É preciso administrar, com sabedoria, sagacidade e prazer, o presente oferecido.  Não façamos dele “presente de grego”, início da própria destruição.

Texto do livro “Pensar para sair do lugar – As vertentes da vida”.


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domingo, 4 de dezembro de 2022

Quem bate a corda?

Você já pulou corda na vida? Quantas “queimou” e teve que voltar para a fila? A corda executa um semicírculo e o tempo que leva para percorrer a curva é o tempo necessário para que o reflexo permita pular inúmeras vezes, ou poucas, ou nenhuma. Cada um tem sua graduação.

São três estágios: o primeiro para velocidades baixas, menos complexas, um ritmo que permite, aos menos hábeis, estimular o gosto para saltar ao estágio seguinte; o da velocidade normal, com ritmo cadenciado, que exige maior controle dos pulos e, finalmente, o estágio avançado, onde a loucura da velocidade acaba dificultando o acompanhamento.

“Salada, saladinha, bem temperadinha, com sal, pimenta, fogo, foguinho, fogão”, assim, a molecada se divertia e começava, sem saber, a evoluir para a longa jornada, rumo ao universo adulto.  A cantiga ficou para trás, mas ainda são utilizadas em diversas situações.

Querem ver! Primeiro emprego: o desejo de começar, desde o anúncio para vaga de emprego, “salada...” O que vem?  Filas de candidatos, entrevistas com perguntas pitorescas, exigências, dinâmicas (algumas constrangedoras), necessidade de experiências (pode?), habilidades; o “fogão” chega rápido demais, pegando a perna no ar e derrubando o candidato que tem que ir em busca de melhor preparo.

E quando o emprego é conquistado? Lá vem a corda, agora rodada por gente com nomes imponentes: “chefe”, “gerente”, “coordenador”. Ela é batida também pelos “colegas” do tipo “quanto mais rápido rodar, mais rapidamente elimino o concorrente”, e a brincadeira tem sequência.

Perdeu o emprego? Momentaneamente, a corda é girada com mãos de pessoas que cantam apenas a última palavra, “fogão”, incessantemente. Contas caindo (“fogão), dinheiro rareando (“fogão”), cheque especial estourado, financiamentos, brigas na família, “fogão”, “fogão”, “fogão”!

Foi agraciado com uma carreira brilhante, somente os que seguram a corda mudam. Agora, com designações pomposas: “presidente”, “vice-presidente”, “superintendente”, “diretores” e, lá estão eles, como se fossem a hélice de um ventilador, fazendo a corda girar ardentemente, “fogão”, “fogão”, “fogão”. Talvez fosse indicada, para a circunstância, outra palavra bem representativa do mundo corporativo, “pressão”, “pressão”, “pressão”.

Pensa que os empreendedores escapam? Novamente, só os que rodam a corda têm seus nomes alterados: “vendas”, “fluxo de caixa”, “capital de giro”, “contabilidade”, “bancos”, “produtos”, “funcionários”, “fornecedores”, e haja preparo!

Acredito que boa parcela das brincadeiras de crianças foram inventadas por adultos de dois grupos:  interesseiros e realistas.

Aos primeiros, a função atribuída é a de treinar novas gerações para, num projeto sinistro de capacitação, prepará-las para futuras cobranças. Aos segundos, a informação, nem um pouco velada, de que a cobrança é pesada, requer inclusão constante de contemporâneas habilidades para sobrevivência e, quem quiser se destacar, precisa pular miudinho, literalmente.

Quem está nas pontas das cordas, neste momento?

Texto do livro “Pensar para sair do lugar – As vertentes da vida”.


domingo, 27 de novembro de 2022

Tratamento de choque

 


Que razão existe ao persistir, em caminho pouco promissor, para se obter boas soluções? Tente resposta antecipada de seu íntimo. Se positiva e promissora, siga em frente. Caso seja resposta negativa e arrasadora, refaça o comando, mude o destino, evite a “roubada”.

Pense rápido: o que você já fez de diferente? Vá mais longe: o que gostaria de fazer diferentemente e ainda não fez? A hora de acontecer, é você quem escolhe. Impeça o desconsolo da ausência de tentativa.

Que explicação para a fragilidade diante da ação? Se é importante, supere possíveis medos e parta em busca do que vale a pena. Nunca é tarde.

Se o tempo é sábio conselheiro, sua vontade é fundamental. Sem ela, o tempo é só o tempo que segue servindo outros interesses, já que inexistem os seus.

Recomece! Falta disposição para o recomeço? Imagine o que traria a recompensa de um belo êxito. Qual o impacto para o resto da vida?

Isso não empolga? Melhor jogar a toalha, pedir para rezar a missa de sétimo dia, porque você deixou de viver.

Fugir nem sempre é assertivo. Causa desconforto e, a longo prazo, sofrimento. A obra prima prescinde da genialidade de seu autor, mas não da ação. Sem ação, a genialidade é somente abstração.

Ninguém vê um belo quadro no cérebro de seu criador, o vê em suas telas. Faça o mesmo. Sua tela é o ambiente onde atua; são as pessoas de seu convívio, a família, os colegas, o trabalho, testemunhas ativas de seu comportamento.

Mas são testemunhas. O protagonismo é seu, quem recolhe os frutos é você. A satisfação pode até se propagar; a conquista é só sua. Troque o incerto pelo certo, siga em frente com coragem, tudo depende de você!

Texto do livro “Pensar para sair do lugar – As vertentes da vida”.


domingo, 20 de novembro de 2022

Autocrítica


Autocrítica é importante. Erramos, sim, com frequência, do mesmo jeito acertamos. São derivativos da idêntica atitude: a das tentativas.

Só quem deixa de tentar, ou pereceu, fica livre disso!

Já que estou vivo, a autocrítica passa a ter o peso do tiro de misericórdia ou de salvação. Consiste na análise das implicações diretamente na fonte, onde surgem sentimento, consciência e coração. Pertencem ao autor!

Esse pertencimento permite comemorar ou aprimorar sucessos, rejeitar ou aceitar erros apenas como passo anterior ao novo sucesso ou como medida preventiva para que não se cometa igual deslize.

Maturidade é quando o equilíbrio acontece acima de qualquer compaixão autodestrutiva. Os únicos erros impraticáveis, nessa estatística, são os ceifadores de vida.  Resta torcer por continuidade em um possível e diferenciado plano.

Fora a circunstância extremada, tudo é passível de recomeço: há necessidade de humildade, disciplina, capacitação. Desenlaces ruins podem, simplesmente, ser precursores de belas novidades.

Portanto, fundamental é insistir nas tentativas, assimilar e aprender com cada uma delas.

Esse é o combate necessário e desafiador. Incomoda muita gente, provoca inveja, ciúmes; porém, é libertador. Quem combate faz, da dificuldade, uma aliada na solução dos problemas e tenta, tenta, tenta, até cravar o alvo.

Quando exigimos mais do que a estrutura interior suporta, geramos a ruína, a decadência dos princípios importantes, o abandono dos pretextos essenciais. Dessa forma, os conflitos se alastram, transformam potenciais em amontoados inúteis, amorfos, esfacelados, fossas fedorentas de lamúrias, alçapões de aspirações e de inspirações incríveis.

Urge o fortalecimento dos mecanismos de combate. É bom lembrar que, nem sempre, vitórias são vitórias, acertos são acertos, erros são erros. A vivência não entrega prato pronto, tampouco cogita facilidades, sequer presume regularidade, ao contrário, é imprevisível.

Lembre-se de que o acerto está longe do fim. É só um novo começo!

Trecho do livro “Pensar para sair do lugar – As vertentes da vida”.


sábado, 12 de novembro de 2022

Faça o que é certo!

 

“Nem vem que não tem”, desculpa não “cola”; reclamação não se ampara! Certo ou errado, justo ou injusto, gentileza ou grossura, positivo ou negativo, ético ou aético, bom ou ruim. Sempre, em qualquer questionamento, surgem apenas duas alternativas. Qual é a sua?

Tenta terceirizar as resoluções, “dourar a pílula”, mostrar provas que, mesmo errando, pensou ter acertado. Errou! A presunção é só areia movediça e, quem a pisa, afunda.

Portanto, o azar é seu se decide por ficar em cima do muro. Se deslizar, “bata no peito”. É melhor retomar do que perder tempo em justificativas. Se existe apenas uma dupla resposta, existem inúmeras opções de reverter equívocos, desde que se use a vontade para modificar.

Responda rapidamente: Quantas vezes você quis errar propositadamente, conscientemente e decididamente? E quantas vezes quis acertar? Será que foi em número menor, igual?

O viver tira do erro o acerto; do injusto, a euforia pela justiça; do incorreto, a necessidade de correção; da grosseria, o apelo à gentileza; do negativo, o encontro do positivo; do aético, a liberdade da ética; do ruim, a claridade da bondade.

O mundo não é mau, nem bom, ao contrário. É independente de nossa ambição, “nem bola ou pelota” nos dá. Má ou boa é a vida que nos propomos experimentar enquanto encontramo-nos nele. Nós passamos, ele fica.

Responda outra vez: O que tem feito para melhorar o seu mundo e o daqueles que convivem com você? Para quem não responde, o muro aumenta a sua altura e o tombo é mais doído.

Não seja a próxima queda!

Trecho do livro “Pensar para sair do lugar – As vertentes da vida”.









sábado, 5 de novembro de 2022

Não se acanhe, resolva!

 

Não é sucesso a todo instante, tampouco fartar-se de tantos elogios, de ter o passeio pautado pelo engrandecimento, pela gratidão e por aduladores.

Trata-se de observar a serventia que se dá à própria existência e o conteúdo que se pensa usufruir. Trata-se de contemplar as infindáveis projeções e anuir percorrer os caminhos pretendidos.

Decisões, quem sabe tomá-las? Efetivamente, escolhemos ou somos escolhidos? Seguimos ou somos atropelados; compreendemos ou a compreensão está, simplesmente, no seguir em frente, em busca das alternativas menos doloridas?

Contrassenso: as mais doloridas, nem sempre se revelam mais trágicas. As mais modestas podem conter armadilhas sorrateiras, sutilmente, instaladas nas curvas do trajeto. As mais tensas têm resultantes; o triunfo ou a desgraça. Pense nelas apenas como alternativas, só isso!

Elas são, várias vezes, tão simples, que chega a ser desagradável e chato concluir que, em função do valor que lhes damos, foi fácil. Poderíamos sofrer menos durante o processo; poderíamos decidir tranquilamente; poderíamos deixar que as consequências fossem inseridas na linha do tempo. “Curtir” será um encargo seu, único, exclusivo, intransferível e “não curtir”, também.

Preze por sua paz. Se é você quem sofre, quem responde, quem recolhe os frutos, bons ou ruins, a colheita e as conclusões são suas. Pondere, a colheita é só sua, mas pode não ser a definitiva. O horizonte projetará diversas demandas e, novamente, pedirá uma ação sua cuja conta lhe será cobrada. Você presta conta de suas contas.

Portanto, se estamos em constante contato com posicionamentos e, deles dependem os avanços e retrocessos, por que postergá-los? Isso poderia desgastar relações, alterar expectativas, anular possibilidades.

Acompanho a angústia de lideranças, no dia a dia, que sofrem o ônus, sentem medo de decidir. São lideranças “meia boca”, porque lideranças decidem naturalmente, e, naturalmente, assumem aquilo que decidem.

Decidir é um trato com a vida: eu admito o risco e ela me permite reconhecer o erro ou o acerto. O que minimiza os impactos negativos? O conhecimento, a habilidade, os bons juízos, a aceitação de nossa eterna condição de aprendizes.

Não existe saída. Então, decida!

Trecho do livro “Pensar para sair do lugar – As vertentes da vida”.




domingo, 30 de outubro de 2022

Capacitação

 

Quando algo sai do controle, quais as capacidades que devem ser consideradas e claramente aguardadas daqueles que ocupam posições de liderança nas empresas?

Sem a pretensão da unanimidade, aponto algumas delas: sangue quente e cabeça fria; visão sistêmica, mente concentrada; capacidade de aglutinar e desenrolar; agilidade de raciocínio e rapidez nas soluções.

Sangue quente para evitar a apatia diante das circunstâncias, propulsor da energia necessária para manter todos os sentidos vigilantes, prontos para a ação.

Na contrapartida, cabeça fria, primordial para evitar o aprisionamento pelas emoções, impeditivas das decisões certeiras.

Fundamental o conhecimento do processo como um todo, consolidado na visão sistêmica que permite diante de muitas variáveis, a concentração no que é primordial.

Aglutinar as pessoas em torno da solução, com clareza na distribuição das tarefas, claridade na comunicação, objetividade no desenrolar das etapas imprescindíveis para cumprir o fim.

Finalmente, agilidade de raciocínio, capaz de guinadas certeiras, quando necessárias, sem postergações temerárias e que permitam a rapidez antes dos impactos negativos de tropeços por simples detalhes de menor importância ou motivos banais.

Cerque-se de lideranças com perfis semelhantes.




domingo, 23 de outubro de 2022

Rito do barbear


Admirava aquele ritual, por dois fundamentos: o primeiro, tratava de pessoa que eu amava, meu pai; o segundo, foi a mais marcante identificação com a masculinidade de que tenho lembrança.

O aparelho de barbear era desparafusado, duas estruturas de aço desprendidas da base. Entre elas uma lâmina da marca “Gillette”, embrulhada em um papel bem fino, retirada de dentro de uma caixinha de papelão, onde estava acomodada. A lâmina era colocada na estrutura de aço, que deixava à mostra as laterais cortantes e, novamente, o conjunto era parafusado.

O creme de barbear, num pincel macio, tinha a função de criar uma camada abundante de uma espuma branquinha. Ela cobriria a região da barba, previamente umedecida, onde o instrumento cortante deslizaria, com movimentos precisos que, normalmente, tinham seu início a partir de uma das costeletas.

Após escanhoado, o rosto era lavado, o excesso de espuma retirado e uma toalha finalizava aquela operação que terminaria com a loção pós-barba. Era um líquido com álcool, espalhado, com massagens ligeiras e consistentes, onde a barba havia sido aparada.

Frustração maior era ser imberbe; afinal, em tenra idade, a barba estava distante. Aproveitava para imitar meu pai, ainda que a lâmina estivesse ausente. Exercitava com alegria, preparando-me para, um dia, poder estar em frente ao espelho.

Pode soar esquisito, mas recebi diversas lições retiradas desse simples gesto, “fazer a barba” e que foram utilizadas ao longo de toda a minha vida de trabalho. Dentre as importantes uma se destacou: a descoberta prematura de que o interesse é despertado pelo exemplo, antes do que qualquer outro mecanismo.

O prazer com que meu pai se barbeava, o empenho em me demonstrar como aquilo funcionava, comprovou-me a importância de se ter um líder atento ao seu liderado.

Além disso, os processos devem ser estabelecidos de uma forma correta e harmoniosa. Tudo tem que estar organizado, na ordem necessária, com os materiais e produtos adequados, sob pena de não atingir a finalidade de sua execução.

O preparo, o cuidado para evitar machucados, o treino para tornar o barbear seguro, a cada dia e, finalmente, a preservação da boa aparência física, no sentido de começar o dia disposto e entusiasmado para o melhor desempenho, são determinantes na busca de melhorias pessoais e profissionais.

Sendo resgate do passado, esses momentos são radiografias dos meus passos. Valeu a pena tê-los vivenciado.

Trecho do livro “Pensar para sair do lugar – As vertentes da vida”.




domingo, 16 de outubro de 2022

Reconhece o líder?

 

Evidente que, sem conhecimento, experiência, treinamento, pesquisa, boa comunicação e aprendizado constante, improvável despontar, no horizonte, alguém para assumir o papel de líder. São alicerces mínimos para tal.

Não pretendo ponderar sobre aquilo que é óbvio. Embora as qualidades de um líder tenham sido discutidas à exaustão, considero a existência de cinco elementos essenciais na caracterização de verdadeira liderança: inteligência aguçada, condução segura, audição atenta, vigor nas crenças, exemplos nos procedimentos.

Imagine a diferença, presente em momentos cruciais na empresa e, por extensão, na vida cotidiana, de poder confiar no que tenha um fino entendimento dos assuntos, capaz de insights desconcertantes, surpreendentes, consistentes nas circunstâncias mais delicadas.

Diante da fina percepção, seja condutor de um processo de transformação seguro, agregue distintas correntes com a naturalidade de quem dirige uma orquestra em que todos sabem o exato compromisso de sua participação.

Durante o processo de ensaio, imagine o maestro que mensure qualquer som que se desajusta do conjunto, que depura, evita sobressaltos, até que o uníssono transmita da audição um prazer indescritível aos ouvidos exigentes.

Que transpire seus embasamentos, destemido dos olhares, sem promover ou incentivar constrangimentos. Que admira, aplaude, respeita a liberdade de cada um ser aquilo que é, que se emociona ao perceber mudanças acontecendo e arrasta, une, gera, encanta, alimenta os objetivos, as metas, os sonhos, através dos próprios exemplos.

Aquele que provoca a harmonia, a estabilidade da equipe, da família, dos amigos. Demonstra inquebrantável persistência de fazer o que é necessário fazer, de agir com intensidade calculada, preciso nas delegações diárias, honrado nos princípios que pratica.

Você não só detecta o líder como está diante dele!

Trechos do livro “Pensar para sair do lugar – Crescimento pessoal e profissional”.




sábado, 8 de outubro de 2022

A fobia da admiração

 

Exponha aquilo que você pensa! Sem agressividade, sem rodeios, sem meias palavras. É indispensável para criar relacionamentos verdadeiros que você seja você no ambiente de trabalho. Não pense que com isso você vá conquistar amigos, não é esse o propósito, pode até ser uma das consequências, porém, o verdadeiro signi­ficado dessa atitude, é conquistar respeito.

Os inimigos continuarão ali, confabulando e tentando desestabilizá-lo. É as­sim desde que o mundo é mundo, mas se você não estará livre dos seus ataques, sairá fortalecido, porque o temor maior do inimigo é a fobia da admiração, pela incapacidade de ser respeitado.

A fobia da admiração consiste em enfrentar duas duras constatações: você pode ter tudo, poder, força política, bons aliados, mas a ausência de respeito, prati­camente, anula essas benesses. Além disso, a comichão de não se sentir respeitado, enquanto o outro, além do respeito, provoca admiração, causa uma dor de cotovelo tão grande, que o desassossego fica, ainda, mais intenso.

É um raciocínio lógico: quem trama, quem é capaz de dissimulações, mentiras, fofocas, não atrairá respeito, atrairá interesses. Sua base será tão forte quanto aos interesses envolvidos, e frágil o suficiente, pela própria dependência que gerou. Ao menor vacilo, a casa cai. O suporte de sustentação não suportará o peso estrondoso do respeito, quando de sua manifestação.

Qual a chance do seu inimigo? Desestabilizar o respeito conquistado! Essa será sempre a estratégia, retirar-lhe o maior patrimônio, aquele que lhe dá credibi­lidade e renova suas energias no campo de batalha. Só que as armas continuam as mesmas já citadas e caberá a você consolidar essa conquista, renovando-a sempre com o propósito da sinceridade.

Muitas vezes, o inimigo leva vantagem e isso nunca é agradável! Apesar dis­so, o revés tem um peso diferenciado. Para você desilusão que, rapidamente, será esquecida pelo apoio recebido, pelas manifestações de solidariedade, pelo novo de­safio que, invariavelmente, seguirá ao ocorrido. Para seu inimigo, o fardo já pesado, será acrescido de mais alguns reforçadores, principalmente porque ele também lhe admirava e combatê-lo é lhe tirar um mérito que ele sabe ser seu.

O inimigo número um de seus inimigos é, na realidade, seu maior trunfo.

Trechos do livro “Pensar para sair do lugar – Crescimento pessoal e profissional”.

domingo, 2 de outubro de 2022

Como reconhecer bons administradores?

 


Administrar vem do latim e significa ajudar em alguma coisa, servir alguém. Essa é, em síntese, a função do administrador! Auxiliar, mediante seus conhecimentos e ex­periências, àqueles que acreditam em suas competências e lhes dão votos de confiança. O administrador recebe um cheque apenas assinado em suas mãos, e poderá preenchê­-lo com diversos valores, de acordo com seus princípios morais e éticos.

O cheque jamais será descontando, entretanto, poderá representar novas ri­quezas ou doídas perdas; união ou desencontros marcantes, melhorias ou pioras para sempre sentidas, alegrias ou feridas que não cicatrizarão, motivações ou a desolação das traições, o triunfo ou o desarme de todos os sonhos.

Reconhecemos os grandes administradores nos momentos críticos, onde a se­renidade é imperiosa, a exigência por decisões são mais difíceis e cruciais, quando a delicadeza no trato não resvala na fraqueza e o poder de persuasão encontra guarida na eficácia das ações. É assim que se esboçam os traços que irão compor a figura do administrador necessário para as mais distintas formas dos relaciona­mentos humanos, pessoais, sociais ou profissionais.

E quais as características comuns que podemos identificar quando tais traços despontam no horizonte?

Para não perder a mania, elenco, pelo menos, dez delas:

1 - Antes de por o pé na estrada, ele planeja;

2 - Diante de muitas possibilidades, ele prioriza;

3 - Ao enfrentar dificuldades, ele não perde de vista os objetivos que o trouxeram até ali;

4 - Problemas não são barreiras, ele transforma tensões em motivação para a luta;

5 - Crises são vitaminas para que ele vença grandes obstáculos;

6 - A realização pessoal é a chave com a qual ele abre portas e fecha inseguranças;

7 - Acredita que é possível chegar e ele busca ampliar seus horizontes;

8 - Oportunidade pode ser até um golpe de sorte, mas ele sabe que é muito mais consequência do esforço pessoal, da dedicação, da luta do dia a dia;

9 - Persistência diferencia os que reclamam daqueles que realizam e ele caminha nessa convicção;

10 - Entusiasmo realiza projetos, ele transforma atitudes em valores e os valores transformam o mundo.

Espero, sinceramente, que você saiba reconhecer um bom administrador e, ao destacar a folha do seu talão de cheques, esteja entregando-a, conscientemente, para um bom gerador de valores.

 Trechos do livro “Pensar para sair do lugar – Crescimento pessoal e profissional”.

SEMPRE BONS PRESENTES!




domingo, 25 de setembro de 2022

Lute por elas

 


Se você conduz sua vida com palavras danosas à autoestima, é bom saber que existem forças enxertadas em cada expressão utilizada. Quando diz, não consigo, ou estou ficando velho para isso, ou isso não é para mim, muito mais do que frases, são sentenças condenatórias, destinadas a erguer bloqueios vigorosos, capazes de tornar realidade o imaginário.

As palavras são condutoras que vibram em nosso cérebro, produzindo sinapses que conduzem ao desejo de superação ou de acomodação. Quanto maior a nega­ção da própria capacidade menor a possibilidade de conquistas, pois já existe um decreto a favor do fracasso antes mesmo de qualquer tentativa.

 É muito simples reverter esse quadro. Basta mudar de atitude, inserir influên­cias positivas, ânimo em cada palavra proferida. Treinar a mente a ser receptiva aos desejos de conquistas, trabalhar para isso, obter concessões internas que alimentem o propósito de capacitação, desenvolvendo mecanismos para isso.

Não é lorota, aliás, trata-se da mais pura atividade de reconhecimento dos próprios méritos, libertação do preconceito contra si, do bullying que lhe afasta dos caminhos do triunfo, deixando-o confuso, pasmo, paspalho diante de qualquer novidade.

Vire o disco, coloque para tocar uma nova faixa, algo que encante, que tenha como finalidade a ampliação de seus potenciais, contidos até então pela incapacidade de sonhar e obter melhorias significativas em sua vida pessoal, social e profissional.

É o grito de libertação necessário para girar a roda das conquistas, é o pedido de atenção, disciplina, movimento no sentido de criar expectativas que fomentem o pulo do gato, o pulo que vence as provas mais duras e o coloca no pódio dos vencedores, ainda que o tempo seja longo.

Quando a batalha estiver difícil, morosa, lembre-se que o tempo é uma in­venção humana de controle, registros que permitem identificar acontecimentos e direcionar atividades mas, de fato, só existe um único tempo, o de sua presença no mundo. Enquanto não esgota, as possibilidades existem. Lute por elas!

                                             Trechos do livro “Pensar para sair do lugar – Crescimento pessoal e profissional”

 


sábado, 17 de setembro de 2022

Como conduzir pessoas

 


Um trabalho bem-feito é aquele cuja operacionalidade envolve três quesitos básicos: conhecimento, habilidade e confiança.

Conhecimento é o alicerce para qualquer atividade, seja ela qual for. Sua au­sência constitui um dos maiores focos de desacertos nas empresas, principalmente, quando atinge lideranças.

Líderes sem conhecimento é o mesmo que entregar um rebanho de ovelhas para ser vigiado por um lobo inofensivo. Não deixa de ser lobo, o rosnar, o porte, a natureza, e isso já intimidará o suficiente para que os membros se sintam acuados, sem interesse de inovar, sem liberdade, e o pior, quando sentir qualquer ameaça, conhecendo sua imagem, ele vai apelar para suas origens e uti­lizar uma dose de selvageria (ameaças, correrias, gritarias, mordidas), para conter qualquer tentativa que indique o quanto é inofensivo.

Habilidade é uma conquista do conhecimento e do treino. Resultado das ex­periências acumuladas, adicionada de uma boa pitada de talento e perseverança. Consequência direta do gostar de fazer, caso contrário é capaz de transformar seu proprietário em uma simples e repetitiva máquina de moer carne, cujo único mérito é conseguir mover a manivela ou o botão liga, desliga. Não acrescenta, não desenvolve as aptidões, apenas recebe o material bruto e esmaga-o. Não transfor­ma, não cria, não inova.

Confiança é o sentimento de amor-próprio refletido nas ações de quem tem conhecimento e habilidade necessária para desenvolver suas potencialidades. Nada parecido com arrogância ou prepotência, tudo a ver com humildade. Isso porque a confiança não é herdada, mas conquistada e quem a conquistou sabe muitíssimo bem que é um eterno aprendiz, o que o faz sempre atento às mudanças, sem jamais perder a flexibilidade ou a alma aventureira, ou a perspicácia da curiosidade.

Nesse estágio, o profissional deixa de ser um simples profissional e conquista, naturalmente, o respeito dos demais colegas. Isso lhe conferirá a autoridade da liderança, atributo indispensável para compreender, conviver e conduzir pessoas.

Trechos do livro “Pensar para sair do lugar – Crescimento pessoal e profissional”.





domingo, 11 de setembro de 2022

A apresentação

 


Tempo, aquela coisa que encurta quando temos prazo. Horas de preparo. Re­passada dezenas de vezes cada uma das etapas previstas no processo de preparo para que não houvesse falhas. Mas parece praga de parteira, quanto maior a preo­cupação maior a possibilidade de problemas.

Com uma hora de antecedência já estava no salão. Verifica daqui, testa dali, avalia luminosidade, melhor posicionamento, esquenta a garganta. Tudo pronto e testado. A greve no setor de transporte quando muito iria ter como consequência alguns retardatários, mas nada grave.

Repasse de todos os assuntos que deveriam ser tratados. Vamos testar o som! O som pessoal! Microfone nas mãos e o clássico “testando, testando, som, som”. Cadê o som? Pouco mais de trinta minutos para o horário determinado. Pessoas já aguardando, ansiosas tanto quanto o palestrante, imaginando o que veriam pela frente, novidade ou o mesmo blá blá blá de sempre.

O microfone mudo. Quem resolve o problema? Cadê o pessoal da manutenção? Simplesmente não havia o pessoal da manutenção. Não restava outra alternativa senão eliminar o alto-falante e utilizar de plenos pulmões para contornar o episódio. Confirmem os “slides”, por favor. O projetor parou de funcionar. Esfriou ou sei lá, não havia recebido o devido pagamento para funcionar normalmente.

Cruzes, cinco minutos! Sem som, sem “Power point”. Qual era mesmo o assunto que iria tratar? Talvez sair correndo, ou simular um princípio de mal-estar e suspender a apresentação, seria uma saída. Mas não tinha jeito, era melhor abrir acesso ao salão, já que, por convicção, tenho aversão a atrasos.

Todos sentados, algumas poltronas vazias, os olhares para o palco. Entro com o microfone nas mãos. Até havia me esquecido de sua inutilidade. Boa noite! Como todos responderam, um fio de esperança despontou. Não acreditei e resolvi testar o dito cujo. E com toda a força do ar, fazendo vibrar a garganta, quase berrando, dei um novo e sonoro boa noite.

Todo mundo levou um susto. O palestrante ficou louco? O som havia retornado, sem maiores explicações. Talvez um fio mal conectado, sei lá. O fato é que voltou e tive que improvisar: “todo mundo agora está atento?”. “Então vamos lá!”.

Peguei o controle remoto do projetor e mirei em sua direção, apertando o botão “Power” na esperança de um segundo milagre.

Nova improvisação: “Vejam como o vício nos faz repetitivos. A apresentação de hoje não tem slides e eu aqui, querendo ligar o projetor”. “Estamos aqui hoje, justamente para isso: não deixar que a repetição nos faça incapazes de inovar”.

Olé! Engatei uma primeira e fui embora. Acho que ninguém percebeu a tensão.

Trechos do livro “Pensar para sair do lugar – Crescimento pessoal e profissional”