Em minha existência, fui privilegiado pelos estímulos,
carinho, amor de meus pais. Em meio a tantos ensinamentos, exemplos, dedicação,
houve um episódio peculiar e marcante.
Embora franzino, meu pai queria que eu tomasse
consciência de que tinha força. Para me fazer crer nisso, desafiava-me sempre
para brincar de “quebra de braço” ou “braço de ferro”.
Ele nunca perdia, mas elogiava minha força e
comentava, com todos, que eu tinha uma força “descomunar” no braço.
Assim, “descomunar”, para enfatizar a palavra em
linguagem caipira e dar-lhe ênfase. Mesmo magro, o “descomunar” me fazia
acreditar em algo que extrapolava minha condição física.
Desafiava minhas irmãs, meu irmão, meus primos,
meus amigos a uma disputa de “braço de ferro”. A cada disputa, incorporava a
força “descomunar” e, por incrível que possa parecer, desconheci derrota entre
amigos e parentes.
Aconteceu da infância até a última disputa, já
adulto. O pessoal concordava: eu tinha uma força “descomunar”!
Não tinha, contudo fui possuído pelas mágicas
palavras de meu pai, confiava nele. Meu cérebro assumiu aquilo como verdadeiro,
levou para o braço a força, essa sim, descomunal, porque jamais é física, é um
poder que se adquire na crença.
Todos temos essa força “descomunar”, basta saber
despertá-la ou solicitar a ajuda de alguém capaz de auxiliar em sua liberação.
Ela existe, está aguardando o gatilho disparar, pulsa e pede a sua liberação.
Quer estudar, trabalhar, vencer obstáculos,
atingir metas, transpor adversidades, sinta a força latente em seu interior.
A intuição da presença, do potencial
imensurável, inicia o processo de sua liberação.
Essa é a razão de sermos joias raras. As
inspirações nos fazem diferenciados. Deixamos de ser apenas uma estrutura
molecular, criada para nascer, viver e morrer.
Somos obra de um Artesão Espetacular, diferenciada
de tudo o que nos rodeia. Há um propósito desconhecido racionalmente, que se
manifesta como energia (a força “descomunar”) a cada aceitação de sua
possibilidade.