quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Ter uma informação não basta

 

Ter uma informação não basta

 Impressiona o número de condutas equivocadas que acontecem, porque, apesar do acesso à informação, seu efetivo uso fica prejudicado pela ausência de critério ou de compreensão.

Existe uma linha de raciocínio, que não pode ser descartada, quando o assunto envolve a utilização de determinada notícia.

Primeiro, é preciso checar se a fonte é correta, confiável, segura e precisa. Várias vezes, ficamos consternados ao saber que determinada notícia, que já permitimos propagar, não corresponde à realidade ou contém algum tipo de armadilha.

Daí, não tem jeito. É como quando, precipitadamente, clicamos o “enter”, disparamos um e-mail e, depois, vamos observar que determinado dado não deveria constar, ou pior, que seguiu para alguém, em cópia, que não deveria recebê-lo. Não tem jeito, já foi.

Lamentar e corrigir o problema, nem sempre é o melhor a se fazer, pois a expressão popular “Quanto mais mexe, mais fede”, pode ser aplicada nessas circunstâncias, apoiada pela eterna “Lei de Murphy” que considera a possibilidade de tudo dar errado e de pode ficar ainda pior do que o previsto, em qualquer tentativa de melhoria.

Portanto, simplifique e conheça a fonte!

Em segundo lugar, certificada a veracidade e precisão do material informativo, é preciso avaliar se a redação está clara, correta e permite evitar a interpretação inadequada, o “achismo”, o erro de julgamento.

Pode-se mesmo corrigir o texto original, desde que o conhecimento de todo o processo seja pleno, para poder atingir o objetivo da comunicação correta. Aí, sim, transmitem-se os dados, caso contrário, corre-se o risco de propagar a confusão e promover a discórdia.

Quando a informação chega ao outro lado, o lado do receptor, deve chegar, contemplado pela conjugação do verbo “clarear” em todos os tempos e modos.  A ninguém é dada a permissão da dúvida. Qualquer tipo de questionamento deve ocorrer a partir dele, para que haja definições e cumprimento de tarefas nele evidenciadas. Esse é o fundamento, o mecanismo que permite as ações adequadas e o movimento certeiro.

Portanto, não é ter excesso de informações que conta, muito menos saber tudo e, menos ainda, acreditar que é o “soberano” de determinada bagagem de informação. Conta, mesmo, o que fazer com a informação, o que se aproveita dela, o que   é, realmente, importante em seu conteúdo.

Por outro lado, tão perigoso quanto a crença infundada na informação, é não cultivar a sensibilidade de como transmiti-la aos outros, não conhecer o público a ser informado, não saber do potencial de compreensão e assimilação dos receptores e esquecer-se de que nem sempre o seu entendimento é o mesmo para pessoas distintas. Significa “descer do pedestal” e colocar-se no lugar do outro. Isso tem nome: é a empatia.

Quando a empatia se propaga, a informação se consolida, torna-se eficaz, promove o clima ideal de desenvolvimento nas relações pessoais e profissionais. Ela transporta o “vírus” do respeito, da verdade, da transparência. Contra esses “vírus”, todos os argumentos destrutivos caem por terra.

Texto do livro "Pensar para sair do lugar - as vertentes da vida"


quarta-feira, 18 de outubro de 2023

 

 Mais baixo!

Existem situações em que a gritaria se espalha. Quem grita mais alto? Todos querem colocar seu ponto de vista sobre os demais. Reunião improdutiva, onde, sem muita cerimônia, assuntos de natureza particular, antigas rusgas, pontas de inveja ou ciúmes, despontam sem o menor constrangimento.

Relações interpessoais, quanta dificuldade para se obter o brevê de piloto que permita alçar voos com tranquilidade, respeitando opiniões contrárias e não deixando que o calor da discussão transforme-se em fogo de paixões ou recanto das vaidades.

É evidente que existem momentos de descontrole. Não somos máquinas, não ligamos desligamos como interruptores, nossas emoções estão vivas e presentes em qualquer circunstância. Mas é possível aperfeiçoar-se, buscar elementos que propiciem o controle, a capacidade de se colocar no lugar do outro, sem deixar que o desgaste tome conta da situação.

O olhar interior talvez seja o caminho mais efetivo para o autocontrole. Sócra­tes já sabia disso e aos seus discípulos recomendava conhecer a si mesmo. À medi­da que deixamos o espelho de lado e conquistamos a visão da realidade, o Narciso se afasta e dá lugar à possibilidade de entender o próximo através da compreensão das limitações próprias, sem distorções da realidade.

Não é um circuito que se faça como um bólido de fórmula 1, em alguns poucos minutos. Leva tempo, muito tempo, a vida toda. Sem essa de querer chegar, porque não há chegada, há evolução e melhoria, conquistas e muitas surpresas. Vale a pena decidir pela jornada, a vida fica mais leve, a convivência repleta de respeito permite admirar o que seria, sob a ótica egoísta, impossível de se imaginar admirando.

Os palcos chamados de corporativos conhecem bem a falta que faz artistas dessa estirpe, chamados líderes, em seus palcos. Muita gente despreparada, não pela formação acadêmica, mas pela ausência de diploma superior em sensibilidade diante das questões que envolvem relacionamentos humanos. Simplesmente auxi­liam a perpetuar a gritaria, cerrando os ouvidos e todos os demais sentidos a tudo o que lhes possa parecer contrário.

Continuam os Narcisos de sempre, impressionados com a beleza e perfeição de suas imagens. Esquecem que no mundo, cada exemplar humano tem uma beleza própria, com inclinações para erros e acertos, bons e maus valores, entretanto, me­recedores da mesma atenção quando tentam colocar em debate seus pensamentos.

Pense se não vale o custo de investir em seu eu interior.

Texto do livro “Pensar para sair do lugar – Crescimento pessoal e profissional”





quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Culpa do Word

 

Culpa do Word

Na era da informação eletrônica, soa antiquado ter-se utilizado da máquina de escrever, como instrumento de trabalho. Quase peça de museu, não fosse a teimosia de alguns ou a necessidade de outros que, pela ausência de recursos financeiros para adquirir computadores e impressoras, pela necessidade de se ter um instrumento de salvação na ausência da energia elétrica ou, ainda, pelo simples fato de não querer se modernizar, continuam a utilizar-se das Facit, Olivetti, Remington, que faziam a alegria dos datilógrafos de plantão.

Realmente, perderam o glamour e o lugar nas mesas de trabalho. Afinal, com correção automática dos textos, fazer e desfazer de palavras, linhas, como bem se entender, copiar e colar, recortar e alterar da forma como se queira, utilizar a fonte que se deseja, de fato, não há mais espaço para as valorosas máquinas.

Porém, há algo que o charme desse período tinha de sobra e, agora, tornou-se um quesito de maior raridade: o domínio da escrita, o conhecimento da língua. O bom datilógrafo, além da velocidade que imprimia em suas teclas, era um conhe­cedor da linguagem formal. Primeiro porque seus textos não poderiam suportar uma sequência de erros. O papel teria que ser arrancado do cilindro e um outro colocado em posição para ser, novamente, datilografado. E, em segundo lugar, por­que estava sendo avaliado pela forma como redigia e argumentava em seus textos.

Então, o mecanismo, por não existir meios de correção que não deixassem marcas (o que existiam eram bastante arcaicos, como borracha, corretor de papel ou “branquinhos”), nem auxílio para os erros de português, fazia com que os dati­lógrafos de gabarito procurassem o conhecimento, o dicionário, a expansão de suas habilidades com a língua pátria. Normalmente, bons funcionários em repartições públicas e privadas também eram bons datilógrafos.

Faça um teste em sua empresa. Peça uma redação aos funcionários de qual­quer nível, porém, sem o auxilio da eletrônica, ou seja, utilizando somente papel e caneta. Ah, também proíba a utilização de abreviaturas inexistentes. Pode deixar um dicionário do lado para consulta. Vai ser um Deus nos acuda. Além da maioria de texto com letra inelegível, vamos ter gente que perdeu a habilidade de escrever porque virou dependente do teclado, pessoas que nem imaginam o significado de algumas palavras e muito menos as regras de acentuação e mais, nem sabem consultar um dicionário.

Vai causar constrangimento e muita dor de barriga!

Acredito que o hábito de leitura ameniza bem essa situação, porém, cada um precisa avaliar se o que aprendeu nos bancos escolares é capaz de estar presente em seus textos, e-mails, memorandos, relatórios. Muito mais do que isso, é necessá­rio, talvez até antes de cursar línguas estrangeiras, reciclar o conhecimento de sua própria língua. Nada pior do que encontrar um “seje”, um “menas” na linha de um documento, mas muito pior é a indagação: “mas não está certo?”, candidamente, pronunciado pelo autor ou autora da façanha.

A culpa não é dele ou dela, é do Word!

Texto do livro “Pensar para sair do lugar – Crescimento pessoal e profissional”




quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Reflexões


Quem não traz doces lembranças de pessoas boas, que acreditavam no bem, lutavam por ele, faziam contagiar as emoções? Eram seres humanos justos, confiáveis, verdadeiros, fortes em seus princípios, que se expunham com clareza, tomavam atitudes firmes, invariavelmente, pautadas pela sabedoria e eram obstinadas a dar o melhor de si?

Seguir tais exemplos, não pelo desejo de ser igual, mas de ser verdadeiro, ao desejar a libertação das amarras traiçoeiras dos falsos poderes e ao buscar a compreensão da missão que cada um leva consigo.

Engana-se quem trata as virtudes como méritos próprios. Fazem parte de outra categoria, daquela que não pertence a ninguém, porém tem a capacidade de diferenciar que as carrega.

Inútil forçar-lhes a presença já que se instalam naturalmente, com suavidade, no interior de quem não as rejeita. Não pedem passagem, pedem licença; não tomam posse, são aceitas, sem restrições, como os componentes mais preciosos dos bons comportamentos.

Algo importante: quem as acolhe não as quer longe, incorpora-as como sentido de vida, de gratidão pela experiência única de comunhão com o universo. Pelo contato com a espiritualidade, eleva a consciência a níveis antes não imaginados.

Espiritualidade é entendida como justiça. O justo se qualifica em atitudes serenas, repletas do entendimento da necessidade alheia, seja a de quem for. A verdade prevalece límpida, robusta, transparente, única como método de revelação e entendimento.

A fortaleza de propósitos, de ideais, da honra manifesta-se ainda mais consistente e a busca pela autorrealização ganha uma aliada de peso, porque, acima de tudo, oferece confiança e insere a fidelidade em relacionamentos sadios.

 O autoconhecimento se amplia, amadurece, fica enriquecido pelo gosto de ser o que se é. Há a busca pelo melhor de si para oferecer ao mundo, sem medo, com aceitação das limitações, porém, com esforço contínuo e com a intenção de ser, sempre, melhor. As culpas ou decepções passadas não impedem a reconciliação consigo e com os outros, apenas liberta.

Nesse estágio, os comportamentos já estão vinculados à prudência e à sabedoria. O âmago de tudo está na essência, sem perder a realidade de vista. Também, está na cautela inteligente que evita precipitações desprovidas da eficácia. Está no entendimento de que pouco se sabe e de que muito pouco se saberá, razão para o esforço constante na busca do conhecimento.

Trecho do livro "Pensar para sair do lugar - as vertentes da vida"