domingo, 29 de agosto de 2021

Duvide

Dê-se o direito da dúvida. Duvidar de uma ordem estranha, de uma atitude suspeita, de uma razão pouco esclarecedora, de um pedido sem sentido. A dúvida é mais esclarecedora do que a simples aceitação. Quando aceitamos, candidamente, deixamos escapar detalhes que vão além do comodismo da atitude, e podem trazer consequências negativas lá para frente.

Adote como estilo de vida, o questionamento libertador, aquele que enseja uma razão de ser, um sentido. Muito diferente da chatice, questionar quando necessário, é um belo diferencial, tópico que deve estar na agenda de qualquer pessoa, de qualquer profissional, de qualquer empresa. O interesse pelo questionamento é um divisor de águas entre a mediocridade e a excelência, portanto, não pode ser descartado.

Alguém me falou: “não adianta pergun­tar, aqui a coisa sempre funciona do mesmo jeito”. Como assim? Esse é o típico movimento do comodismo. Igual a história dos macaquinhos que nada ouvem, veem ou falam.

Utilize-se da ousadia. Ousadia não é peitar alguém, mostrar os dentes, puxar o tapete, isso é demonstração de força, poder e burrice. Ousadia é atrevimento, audácia, coragem, capacidade de vislumbrar a essência e dela obter transparência.

Acredite, o buraco negro, onde a luz não se reflete e onde todos os corpos ao entrarem em sua órbita ficam aprisionados, pode estar fazendo um mal danado à sua essência e você ainda não se deu conta disso. Nós precisamos da luz, de muita luz, para visualizar e vislumbrar os caminhos da realização e das grandes conquistas.

Não deixe de questionar, dissipe todas as dúvidas, para evitar a própria dissipa­ção. Deixe a vergonha, o medo, de lado, nada pode impedir seu entendimento, sua certeza, nada pode impedir você de ser livre, de ser compromissado com a verdade, com a justiça e com a decência.

Deixar, simplesmente, que as coisas aconteçam, é deixar de viver sua história e passar a ser um simples figurante na história de outros, sem nenhuma importância, sem nenhuma expressão, sem nenhum brilho.

Trechos do livro “Pensar para sair do lugar - crescimento pessoal e profissional”.


Novo livro, o segundo da série "Pensar":


domingo, 15 de agosto de 2021

Aconteceu

 

Contrariando todos os prognósticos, aconteceu! Foi promovida! Imediata­mente teorias conspiratórias iniciaram o percurso sempre desconhecido. Sem au­tores, sem assinaturas, sem identificação, percorreram os meandros da empresa, à disposição de qualquer ouvido que lhe dessem atenção.

Uma delas dizia a respeito do parentesco existente entre a promovida e um parente que era primo em terceiro grau do diretor financeiro, dava conta do conluio costurado durante uma reunião familiar, onde prevalecera toda sorte de estratégia, inclusive, en­volvendo o diretor de marketing, em cujo departamento, a dita cuja iria atuar.

Outra lhe questionava a moral, dizendo que, por ser bonita, o diretor de marketing, mesmo casado, convidou-a para um almoço. O almoço foi pretexto, o motel era o destino. Uma aventura destinada a lhe dar condições e argumentos para cobranças. Ela havia usado esse poder para pressionar o pobre diretor, que cedeu, logicamente, mantendo-a como amante.

Mais incrível foi uma terceira teoria. Ela havia feito um trabalho! Macumbei­ra, de carteirinha, havia sacrificado uma galinha, uma garrafa de pinga e algumas velas, deixando o despacho numa encruzilhada, próxima do local de trabalho. O motivo era indiscutível, afastar o risco da outra colega assumir o cargo e, ao mesmo tempo, amarrar o diretor de marketing nos seus propósitos.

 O inconformismo era tanto, que a verdade se perdeu no meio das baboseiras e desatinos. Para muitos existe uma dificuldade fenomenal de aceitar as qualidades alheias. É sempre mais fácil especular negativamente, desqualificar um talento do que aceitá-lo.

No caso, a moça tinha um currículo invejável e uma vasta experiência no seg­mento da vaga. Fora isso, era de fato bonita, simpática, comprometida, alegre e capaz. Tudo o que era necessário para o desempenho da função, a melhor opção.

Ninguém comentou a respeito da entrevista sem escorregões, segura e deter­minante. Ninguém citou suas duas pós-graduações em excelentes instituições, nem as publicações em revistas especializadas, que foram a razão de sua participa­ção no processo de escolha que, aliás, justiça seja feita, não foi solicitado por ela, apenas atendeu a um convite do departamento de Recursos Humanos.

Apesar do pouco tempo de empresa, era merecedora da vaga, simples assim. Ela mesma, através de um trabalho de alto nível, tratou de desfazer as maledicên­cias. Provou que estava à altura do desafio, mais ainda, quando depois de dois anos, assumiu o lugar do diretor de Marketing, contratado por outra empresa.

Vieram outras teorias, nenhuma semelhante às anteriores. Igualmente sem sentidos e destinadas apenas a amenizar o sofrimento de alguns, que ainda busca­vam justificar a incompetência com ações desabonadoras. Inutilmente!

                                             Texto do livro "Pensar para sair do lugar - crescimento pessoal e profissional"

 Lançamento:



domingo, 8 de agosto de 2021

Compartilhar

 

Às vezes, vencer o mal não é nada! Vencer o medo de fazer o bem, esse é o grande desafio a ser vencido. Não tenha receio de transmitir ao seu subordinado, parente, amigo, colega, aluno, o assunto que você domina. Irá aprender muito mais ao se doar.

Maturidade é rever conceitos de superioridade, de arrogância e trocá-los pela mansidão do destemor em interagir com seu próximo, seja ele quem for, na busca pelo aprimoramento de ambos.

Compartilhar conhecimento é uma via de mão dupla, vai embora o egoísmo e retorna mais conhecimento, acompanhado de sorrisos.

Ofereça seu sorriso de gratidão ao ser emissor ou receptor de alguma informação valiosa, transformadora, alentadora.

A esperança se alimenta do incentivo, da disponibilidade de oferecer condições para o crescimento, amadurecimento, autorrealização.

Decida-se por viver intensamente o presente, crescendo e possibilitando crescimentos, de tal forma que o futuro possa ter um passado que o justifique positivamente.

Talvez nisso esteja contida a mais nobre das realizações, aquela que torna seres humanos íntegros, profissionais respeitados, cidadãos de bem, pessoas marcantes nos encontros da vida.




domingo, 1 de agosto de 2021

Muleta

 

Fora a eficácia estrutural, que pessoas privadas da capacidade de locomoção, parcial ou total, desfrutam do seu uso, muletas não são eficazes como opção de vida.

Ser “muleta” para alguém, ou permitir fazer do outro, “muleta”, são faces da mesma moeda: a incapacidade de aceitar a liberdade de alguém, ou da insegurança para seguir em frente pelos próprios méritos.

Quantas crianças poderiam ser poupadas dos sofrimentos psicológicos causados pelo excesso de proteção dos seus responsáveis? Quantas mais poderiam desfrutar de melhor equilíbrio emocional, se não recebessem presentes, quando as birras se escancaram, em nome da paz dos educadores?

Pais “muletas” criam filhos propensos a ser “muletas”, pelo exemplo. O que aguardar na fase adulta?

Certas coisas não deveriam ser objetos de barganha. Uma delas, com certeza, é a promoção do amadurecimento, capaz de se converter em plenitude, independência, segurança; ressonâncias para uma vida toda.

Apavora-me a ausência de percepção do quanto é prejudicial a insistência no papel de “muleta”.

Expressões como “coitadinho”, “frágil”, “incapaz”, tentam justificar, mas não convencem, apenas acentuam que a possibilidade de assumir a condução dos passos entrou em paralisia funcional, atrofiou, tirou de cena a capacidade de superação.

Uma muleta pode ajudar a andar, mas também pode criar problema para as axilas. Melhor não ser “muleta” para ninguém e andar com as próprias pernas.