Pernas de pau
Uma vez batia a canela, outra vez, de novo; mas,
seguia na tentativa. E foram tantas!
Custou-me um dente quebrado e uma canela que nunca
cicatrizou de tão fina que ficou a pele com as batidas constantes, no mesmo
local; mas consegui!
Subi os dois degraus altos com as pernas de pau,
feitas de maneira artesanal.
Loucura, você diria! Talvez, entretanto o
desafio era irresistível. Se faziam, eu também poderia.
As consequências foram contabilizadas depois de
cumprir a tarefa. A raiva, depois de cada tombo, de cada ralada, era vitamina
na busca pelo objetivo maior.
Um pivô, anos depois, substituiu o dente
quebrado; com relação à canela, sinto arrepios, até hoje, ao pensar que
qualquer batida pode afetar aquela pele fininha. Não teve como, assim ficou.
Por que alguém se sujeita a esse esforço, sem
ganho aparente?
Você já ouviu falar na satisfação das
conquistas? É simples; eu me energizo pessoalmente ao atingir um objetivo: isso basta.
Jamais envolve remuneração, elogios, glórias.
Ninguém acompanha, ninguém é testemunha, ninguém irá cumprimentá-lo após o
triunfo. É você com você!
Nada mais gratificante do que a sensação de ter
vencido o inimigo que o colocava para trás, de ganhar cada etapa entre a
tentativa e o êxito.
Desafiar aquilo que despertou um interesse
específico e superar o obstáculo que incomodava, é a senha da vida, o que
permite abrir a janela da realização.
Toda fraqueza e todo vacilo trazem implicações
nem sempre boas. Normalmente, são péssimas companhias para a autoestima, é um
retrocesso sob o ponto de vista do estigma negativo que deixa.
Assuma as ameaças, avalie, treine, planeje,
principalmente, aja, para que alcance aquilo que pretende ter no rótulo
estampado em seu íntimo: os êxitos sobre o que eram aparentes limitações.
Os aplausos ressoarão em sua essência e terão
maior validade, maior importância, maior significado; terão um impacto
insuperável e permanente.
Texto do livro "Pensar para sair do lugar - as vertentes da vida"