Preparava-me para mais
uma palestra, a ser ministrada no período noturno. Decidi, para evitar qualquer
tipo de perturbação na concentração, que evitaria me envolver com outros
assuntos não relacionados ao evento da noite. Necessitava de um pouco de
tranquilidade para superar uma dura situação pessoal, envolvendo alguém,
extremamente querida, que agonizava num leito hospitalar.
Meu anjo da guarda,
minha incentivadora, a palavra de ânimo, preparava sua partida para dimensão
desconhecida de nossa razão, ainda muito jovem. Cogitei em cancelar a
apresentação, mas com a empatia que desenvolvemos no decorrer dos anos, havia
uma convicção sobre como agir diante de tal circunstância, de um lado e de
outro.
Ela lutava com todas as
armas disponíveis. Não tinha medo da morte, apenas um posicionamento firme que
a morte não era o fim, mas o lado reverso da mesma moeda chamada vida. Por isso
o empenho por ela, por sua plenitude até o último segundo. Não cogitaria
abandonar qualquer tarefa que fosse para ficar de expectadora passiva.
Nada fácil, mas repassei
com vigor toda sequência dos temas que seriam tratados, decidi que dedicaria a
ela, por tudo que representou em minha vida, aquele momento único de superação.
Era preciso dar um sentido, uma resposta positiva, em meio à angústia de um
ciclo que estava prestes a ser concluído.
Fui à luta, senti que,
mais uma vez, ela estava comigo, acreditando no meu sucesso, feliz por eu não
ter desistido. Não sei se foi a melhor apresentação, mas foi a mais apaixonada,
com certeza. Era um tributo à minha irmã querida! Eu, muito mais do que ela,
precisava ter esse dever cumprido.
São essas experiências
que nos aproximam do que acreditamos, e nos faz mais fortes. A fragilidade
desperta do sono forças descomunais, que habitam a mesma morada, e muitas vezes
nem abrem as portas, ficando ali, como coadjuvantes, sem manifestações. É preciso
movimentá-las.
Quando penso nisso
agitam, a lembrança, inúmeros fatos presenciados na vida social e na vida
corporativa, onde o medo travou, o desconhecido travou, a rotina travou, a
insegurança travou, o entusiasmo travou, o sonho travou. É preciso ter em mente
a necessidade de destravar, encarar de frente os grandes desafios, porque são
desafios da existência, possíveis de encarar.
Um pouco mais de vinte e
quatro horas depois ela partiu da vida, mas não de minha vida.
Trecho do livro "Pensar para sair do lugar, crescimento pessoal e profissional"
Com muita satisfação informo a breve
disponibilidade do meu novo livro: "Pensar para sair do lugar: as
vertentes da vida". Trato de temas substanciais, para o amadurecimento
pessoal e profissional, através de reflexões que promovem o cultivo daquilo que
mais importa para uma vida saudável, plena, assertiva, conduzida por valores,
com o foco nas virtudes. Conto com cada um de vocês para divulgação, aquisição
dos exemplares e avaliação do trabalho.