quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Chamuscado


Cada um tem seu gosto. Duas tarefas caseiras que não me importo em realizar, lavar louça e passar roupa. É algo que não me aborrece, ao contrário, promove um relaxamento, quase uma terapia.

Lavar roupas não implica em muitas habilidades, basta uma esponja, detergente, água e um local para escoar os excessos da própria água. Passar roupas é diferente, exige estratégia. Por onde começar, de que forma marcar os vincos, como vencer os tecidos mais rebeldes, como deslizar o ferro. É uma verdadeira operação de logística!

 Cada roupa tem suas características próprias, naturezas diferentes, finalidades distintas, formatos e detalhes que dificultam ou facilitam a tarefa de passá-las. Algumas, pela delicadeza, exigem a presença de mais um tecido, que possa suportar o calor do ferro sem prejudicá-las. Outras, não desamassam nem com reza brava.

Dei essa pequena introdução para contar-lhes um deslize, que pode ocorrer com qualquer um, é verdade, mas não deixa de ser uma lição que pode ser aproveitada em qualquer área administrativa, em qualquer gestão: aprenda a ler o rótulo!

Temos o péssimo costume de confiar em demasia em nossas experiências. Agimos como se fossemos os reis da cocada preta, principalmente na execução de tarefas que acreditamos ter o domínio absoluto. Menosprezamos manuais de instruções, nos recusamos a ser conduzidos, queremos conduzir.

Ganhei uma bela nova camisa! Ela foi lavada antes de ser usada e deixada com as demais roupas para passar. Foi a primeira que peguei! O ferro quente, devidamente abastecido de água para vaporização. Estendi a gola na tábua, aproximei o ferro, o tecido colou na lâmina de aço, mesmo num pequeno toque, a camisa chamuscou.

Fiquei observando aquele serviço e procurando entender o que havia ocorrido. Simples, não li as instruções presa numa etiqueta na lateral da camisa: “100% poliéster, passar pelo avesso, produzido na China”! Que coisa, os chineses me provocaram uma lembrança, quase um puxão de orelhas. Desprezar instruções pode trazer consequências sérias, inclusive, definitivas.

Mesmo que você lide com a rotina, lembre-se que algo sempre pode acontecer diferente. Ao receber uma instrução, leia com atenção, elimine as dúvidas, vá com fé, mas vá com certeza! É melhor perguntar antes do que provocar uma situação irreversível mais tarde. No mínimo, caso cause constrangimento questionar ou mesmo dificuldade de compreensão, peça auxílio para alguém que já tenha a experiência em seu currículo e procure rever a execução proposta.

Outra coisa importante, da mesma maneira como tecidos são diferentes uns dos outros, é preciso ser cuidadoso com o material que se recebe, suas funções e propriedades podem ser distintas e devem ser, previamente, conhecidas. O mesmo pode ser aplicado para gente! Cada um é um, e cada qual precisa de trato distinto, bobagem querer unir todos num mesmo grupo. Isso também pode provocar chamuscos.

Finalmente, tem o outro lado da moeda, muitas instruções não atendem as exigências mínimas de compreensibilidade. Podem ter sido escritas por alguém despreparado para a missão de ensinar. Alguém que imagina estar falando para si mesmo, ou seja, um instrutor de araque. Cuidado duplo, nessas circunstâncias! Se ocorrer um problema, ninguém vai culpar o instrutor, esse é quase imune. Portanto, desconfiando de algo, vá atrás de desatar o nó, vá atrás de quem lhe passe segurança e confiabilidade. Esse é o porto seguro.

Agora, se a coisa é nova, aí não tem jeito. Leitura atenta, dúvidas dissipadas, trocar ideias com os colegas, tudo para não ter que lamentar, ao levantar a camisa, o contorno da marca da displicência.

                                                

                   Conheça o Vol. 3 da coleção "A floresta onde tudo pode acontecer!"


Informações: WhatsApp (15) 991339393


terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Impor ou Expor

 

Impor ou expor?

Há muito tempo despachei a ideia de querer impor meus conceitos para aque­les com que tive a honra de conhecer na trajetória profissional, acho mesmo que nunca tive essa pretensão. Querer impor é uma bobagem, uma necessidade infantil de autoafirmação e que não faz o menor sentido no ambiente profissional.

Existe uma diferença fundamental entre impor e expor. A imposição é uma violência que se pretende impingir a alguém, um “bullying”, um atentado à inteli­gência alheia, uma desconsideração e descortesia egoísta que promove o mal-estar, a humilhação, um clima ideal para o confronto.

Já exposição, é apresentar pontos de vista, visões, experiências, com o sentido de desenvolvimento, interação, integração, elevação de um conteúdo à dimensão de um evento promotor e gerador de novas atitudes, opiniões e inovações. Algo se­melhante a fornecer combustível para permitir percorrer distâncias maiores entre o que é e o que poderá ser, um clima propício ao desenvolvimento.

Quando falo aos jovens, principalmente, nas palestras motivacionais sobre em­pregabilidade, gosto de gerar a reflexão. Penso não existir nenhum elemento mais motivador do que a crença em si mesmo. Procuro demonstrar algo que muitos buscam, desenfreadamente, encontrar em outras pessoas, quando, na verdade, a busca cessa em seus próprios interiores e tem luz própria.

Ninguém motiva ninguém, somente o interesse pessoal deflagra essa energia iluminadora chamada motivação. E, interessante, é que se motiva quem se com­promete, ou seja, assume o compromisso de zelar por interesses seus ou de tercei­ros, como empreendedor ou colaborador em alguma empresa. Fora isso, o caos se estabelece e a cultura do tédio e da depressão se aproxima.

Portanto, nem querer impor, nem querer ser vítima de si mesmo. O que vale são as competências que permitem fugir desses estigmas e oferecem respostas imediatas às tentativas de desestabilização. Aí sim, a personalidade vencedora se forma, se consolida e se distancia da possibilidade depressiva, abrindo espaço para a realização pessoal ou profissional.

Quando alguém tentar lhe impor, goela abaixo, algo que não condiz com suas crenças, com sua essência, com sua ética, aprenda a questionar para não se subme­ter ao estresse desnecessário. Não tenha vergonha de dizer: “qual seu interesse com isso, o que vai melhorar, o que trará como consequência?”. Não tenha medo! O medo não é mais intenso do que a submissão àquilo que você não acredita.

Lute pela coerência, não importa o quanto custe. Sempre custará mais caro perder sua paz, perder seu entusiasmo, perder sua vida ou deixá-la na mão dos outros. Não venda, nunca, sua alma para o diabo, você é que passará a ser dona ou dono do inferno!

Avalie isso, antes de chutar o balde e percorrer o mesmo caminho de muitas marias, aquelas que sempre vão com as outras e não conseguem dar direção e sen­tido verdadeiros para suas existências.

Texto do livro "Pensar para sair do lugar - crescimento pessoal e profissional"

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

O que o liderado deve esperar de seu líder?

 

O que o liderado deve esperar de seu líder?

Muito se escreve da relação líder e seus liderados. Como manter o equilíbrio da equipe? Quais as formas de exercer influência? Adequar a comunicação, a postura, as cobranças?  Adquirir apreço? Quais são os melhores exemplos a serem seguidos?

Nessa direção, apresentam-se convergências, teorias avançadas, propostas sérias e, diversas, risíveis.

Há uma confusão danada entre o significado de liderança, entre a seriedade na participação, no desenvolvimento da equipe liderada e nos resultados da empresa. Qual a fórmula para se chegar ao melhor patamar?

A motivação é necessária, a automotivação mais ainda; porém, não funcionam fórmulas prontas para todos.  Líderes excepcionais podem existir que, pouco ou quase nada, tenham sido influenciados através de textos, vídeos, palestras, treinamentos ou eventos direcionados ao aumento de seus conhecimentos.

A contradição brota quando a liderança detesta gente. Jamais haverá líder adequado em frágeis convivências pessoais ou estas forem relegadas a terceiro plano.

Quesito complementar: líder sem experiências é outra contradição e pode espernear. Educação dos bancos escolares é fundamental; mas, na ausência da prática, torna-se tão inútil quanto decorar uma piada e ter dificuldade para saber contá-la.

Evidente que exemplos, histórias, paralelos traçados, performances obtidas em determinadas ocasiões, cursos e treinamentos direcionados capacita, acentuadamente, aqueles que possuem o perfil de liderança

É por isso que, as características aguardadas para ser um bom líder, está na competência para assimilar, estimar, manifestar novas aptidões que lhe permitam aprimoramento, aperfeiçoamento, equacionamento das mudanças e melhores relações interpessoais.

Este é o foco em que se deve pautar qualquer interesse   para atingir o grau elevado de boa liderança: gente, bagagem e entusiasmo. Imprescindível que o liderado perceba a presença dessas características. Isso traduz-se em lideranças com ressonâncias, capazes de, pelo exemplo, “ganhar a galera” e fazer-se respeitado.

Para o restante, tudo é possível, desde que auxilie no percurso e não atrapalhe.

Texto do livro "Pensar para sair do lugar - as vertentes da vida".




quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Acolhimento


     Acolhimento

Era uma tarde quente de setembro, prenúncio da primavera.

Abraçada carinhosamente, com lampejos de olhares irregulares, respiração imperceptível. Calmamente, sua alma flutuava em direção ao infinito, agradecida ao corpo finito. Partia feliz ao se despedir das mãos que acariciavam seu rosto, dos braços firmes que lhe deram sustentação até o último suspiro.

Afinal, quem recusa sentir o acolhimento nas etapas da trajetória? Ainda mais na última? Saborear o que a existência precisa sentir para partir em paz?

Convenhamos, criaturas especiais são, diuturnamente, especiais, sejam em quais circunstâncias forem.

Mas é sempre admirável essa capacidade de amar e trabalhar em favor do outro, sem exigência alguma; simplesmente, fazer o que precisa fazer; o que é certo.

Quantas vezes, com ineficazes desculpas, desvencilhamo-nos da oportunidade de praticar o bem, fruto do egoísmo, comodismo e inversão de valores?

Fulano assumirá, alguém auxiliará, o problema é de seu criador.

Mas será? Será que podemos negar apoio sem que haja cobrança? Passar ao largo dos acontecimentos, como se nada nos dissesse respeito? Será que podemos fingir que somos surdos, cegos e mudos, diante de um apelo por socorro. Isso nos livrará de sofrimentos?

Até que ponto a insensibilidade trará conforto?

Ninguém precisa requerer o título de santidade, recepcionar igualmente a tudo e a todos: não é esse o ponto. O ponto tem nome, não precisa ser incógnito, distante do ambiente, mas uma pessoa próxima.

Próximos, de fato, são aqueles que habitam os corredores onde você circula; seus olhos enxergam e seus ouvidos escutam: parentes, amigos, vizinhos, colegas de classe, colegas de trabalho ou mesmo desconhecidos.

 Quanta gente, quantos motivos para integração. Quantas expectativas que aguardam sorrisos, gestos que demonstrem a importância da visibilidade, a observação de quem perdeu a condição de participante, e que nutre o desejo intenso de abandonar essa situação e de voltar a sentir-se acolhido.

Minha homenagem aos que são assim, capazes de compreender a grandeza da doação do tempo, a imensidão do amor e do respeito ao próximo. Percebem o real tesouro liberado pela gratidão.

Gratos, preenchem seus espaços divinos.

Líderes são adotados


Líderes são adotados

Como motivar sua equipe a agir sob a regência da ética, performance e satisfação? Muito simples: bastam coerência e ações cujo impacto revelem suas intenções. Nada mais distante do que exigir e não ter o que apresentar.

Frieza também descombina, é preciso transparência para que ruídos estranhos resguardem os ouvidos daqueles que podem tornar-se seguidores.

O planeta dos bobos ficou para trás. A acuidade hoje está aguçada; disfarces, mesmo bem elaborados, quedam-se diante de olhos sedentos pelos bons exemplos.

Quer liderar? Quer ser uma liderança excelente? Feche os olhos, transfira-se para fora de seu corpo. Procure visualizar a si e avalie seus comportamentos. Veja se acompanharia alguém que vive, age, interage, resolve questões, agencia bons princípios, carrega intenções íntimas de evolução! O que você transmite? Você se seguiria?

Essa é a primeira etapa, a mensuração do próprio potencial. Sem ilusões ou metáforas, você pode transmitir sendo, simplesmente, quem você é?

Dotado de talentos, virtudes, fraquezas, idênticas a de qualquer outro, o que o diferencia? Qual seu dom, capaz de arrebanhar corações sedentos por seguir e adotar quem lhes conduza?

Lembre-se de que lideranças não adotam pessoas, pessoas é que adotam líderes!

Sendo assim, o olhar para dentro é necessário, mas ainda insuficiente. Auxilia, mas nem define a liderança. Portanto, a capacitação provém de gente, da vontade, individual ou coletiva, de aceitação, reconhecimento e pertencimento.

Algo que acontece, naturalmente, se houver ressonâncias positivas, interesses congruentes, que firmam compromissos autênticos, suficientes para revelar intenções de mútuos avanços.

Reside na promoção do bem comum. É essa a “onda” que arrasta e envolve almas nos projetos de ascensão libertadora. É “vitral” cujo colorido acontece quando antigos sonhos se concretizam.

É a virtude maior da liderança: despertar lealdade, tanta que o sonho deixa de ser utopia e passa a ser possibilidade. 

Texto do livro "Pensar para sair do lugar - as vertentes da vida".




quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Ter uma informação não basta

 

Ter uma informação não basta

 Impressiona o número de condutas equivocadas que acontecem, porque, apesar do acesso à informação, seu efetivo uso fica prejudicado pela ausência de critério ou de compreensão.

Existe uma linha de raciocínio, que não pode ser descartada, quando o assunto envolve a utilização de determinada notícia.

Primeiro, é preciso checar se a fonte é correta, confiável, segura e precisa. Várias vezes, ficamos consternados ao saber que determinada notícia, que já permitimos propagar, não corresponde à realidade ou contém algum tipo de armadilha.

Daí, não tem jeito. É como quando, precipitadamente, clicamos o “enter”, disparamos um e-mail e, depois, vamos observar que determinado dado não deveria constar, ou pior, que seguiu para alguém, em cópia, que não deveria recebê-lo. Não tem jeito, já foi.

Lamentar e corrigir o problema, nem sempre é o melhor a se fazer, pois a expressão popular “Quanto mais mexe, mais fede”, pode ser aplicada nessas circunstâncias, apoiada pela eterna “Lei de Murphy” que considera a possibilidade de tudo dar errado e de pode ficar ainda pior do que o previsto, em qualquer tentativa de melhoria.

Portanto, simplifique e conheça a fonte!

Em segundo lugar, certificada a veracidade e precisão do material informativo, é preciso avaliar se a redação está clara, correta e permite evitar a interpretação inadequada, o “achismo”, o erro de julgamento.

Pode-se mesmo corrigir o texto original, desde que o conhecimento de todo o processo seja pleno, para poder atingir o objetivo da comunicação correta. Aí, sim, transmitem-se os dados, caso contrário, corre-se o risco de propagar a confusão e promover a discórdia.

Quando a informação chega ao outro lado, o lado do receptor, deve chegar, contemplado pela conjugação do verbo “clarear” em todos os tempos e modos.  A ninguém é dada a permissão da dúvida. Qualquer tipo de questionamento deve ocorrer a partir dele, para que haja definições e cumprimento de tarefas nele evidenciadas. Esse é o fundamento, o mecanismo que permite as ações adequadas e o movimento certeiro.

Portanto, não é ter excesso de informações que conta, muito menos saber tudo e, menos ainda, acreditar que é o “soberano” de determinada bagagem de informação. Conta, mesmo, o que fazer com a informação, o que se aproveita dela, o que   é, realmente, importante em seu conteúdo.

Por outro lado, tão perigoso quanto a crença infundada na informação, é não cultivar a sensibilidade de como transmiti-la aos outros, não conhecer o público a ser informado, não saber do potencial de compreensão e assimilação dos receptores e esquecer-se de que nem sempre o seu entendimento é o mesmo para pessoas distintas. Significa “descer do pedestal” e colocar-se no lugar do outro. Isso tem nome: é a empatia.

Quando a empatia se propaga, a informação se consolida, torna-se eficaz, promove o clima ideal de desenvolvimento nas relações pessoais e profissionais. Ela transporta o “vírus” do respeito, da verdade, da transparência. Contra esses “vírus”, todos os argumentos destrutivos caem por terra.

Texto do livro "Pensar para sair do lugar - as vertentes da vida"


quarta-feira, 18 de outubro de 2023

 

 Mais baixo!

Existem situações em que a gritaria se espalha. Quem grita mais alto? Todos querem colocar seu ponto de vista sobre os demais. Reunião improdutiva, onde, sem muita cerimônia, assuntos de natureza particular, antigas rusgas, pontas de inveja ou ciúmes, despontam sem o menor constrangimento.

Relações interpessoais, quanta dificuldade para se obter o brevê de piloto que permita alçar voos com tranquilidade, respeitando opiniões contrárias e não deixando que o calor da discussão transforme-se em fogo de paixões ou recanto das vaidades.

É evidente que existem momentos de descontrole. Não somos máquinas, não ligamos desligamos como interruptores, nossas emoções estão vivas e presentes em qualquer circunstância. Mas é possível aperfeiçoar-se, buscar elementos que propiciem o controle, a capacidade de se colocar no lugar do outro, sem deixar que o desgaste tome conta da situação.

O olhar interior talvez seja o caminho mais efetivo para o autocontrole. Sócra­tes já sabia disso e aos seus discípulos recomendava conhecer a si mesmo. À medi­da que deixamos o espelho de lado e conquistamos a visão da realidade, o Narciso se afasta e dá lugar à possibilidade de entender o próximo através da compreensão das limitações próprias, sem distorções da realidade.

Não é um circuito que se faça como um bólido de fórmula 1, em alguns poucos minutos. Leva tempo, muito tempo, a vida toda. Sem essa de querer chegar, porque não há chegada, há evolução e melhoria, conquistas e muitas surpresas. Vale a pena decidir pela jornada, a vida fica mais leve, a convivência repleta de respeito permite admirar o que seria, sob a ótica egoísta, impossível de se imaginar admirando.

Os palcos chamados de corporativos conhecem bem a falta que faz artistas dessa estirpe, chamados líderes, em seus palcos. Muita gente despreparada, não pela formação acadêmica, mas pela ausência de diploma superior em sensibilidade diante das questões que envolvem relacionamentos humanos. Simplesmente auxi­liam a perpetuar a gritaria, cerrando os ouvidos e todos os demais sentidos a tudo o que lhes possa parecer contrário.

Continuam os Narcisos de sempre, impressionados com a beleza e perfeição de suas imagens. Esquecem que no mundo, cada exemplar humano tem uma beleza própria, com inclinações para erros e acertos, bons e maus valores, entretanto, me­recedores da mesma atenção quando tentam colocar em debate seus pensamentos.

Pense se não vale o custo de investir em seu eu interior.

Texto do livro “Pensar para sair do lugar – Crescimento pessoal e profissional”





quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Culpa do Word

 

Culpa do Word

Na era da informação eletrônica, soa antiquado ter-se utilizado da máquina de escrever, como instrumento de trabalho. Quase peça de museu, não fosse a teimosia de alguns ou a necessidade de outros que, pela ausência de recursos financeiros para adquirir computadores e impressoras, pela necessidade de se ter um instrumento de salvação na ausência da energia elétrica ou, ainda, pelo simples fato de não querer se modernizar, continuam a utilizar-se das Facit, Olivetti, Remington, que faziam a alegria dos datilógrafos de plantão.

Realmente, perderam o glamour e o lugar nas mesas de trabalho. Afinal, com correção automática dos textos, fazer e desfazer de palavras, linhas, como bem se entender, copiar e colar, recortar e alterar da forma como se queira, utilizar a fonte que se deseja, de fato, não há mais espaço para as valorosas máquinas.

Porém, há algo que o charme desse período tinha de sobra e, agora, tornou-se um quesito de maior raridade: o domínio da escrita, o conhecimento da língua. O bom datilógrafo, além da velocidade que imprimia em suas teclas, era um conhe­cedor da linguagem formal. Primeiro porque seus textos não poderiam suportar uma sequência de erros. O papel teria que ser arrancado do cilindro e um outro colocado em posição para ser, novamente, datilografado. E, em segundo lugar, por­que estava sendo avaliado pela forma como redigia e argumentava em seus textos.

Então, o mecanismo, por não existir meios de correção que não deixassem marcas (o que existiam eram bastante arcaicos, como borracha, corretor de papel ou “branquinhos”), nem auxílio para os erros de português, fazia com que os dati­lógrafos de gabarito procurassem o conhecimento, o dicionário, a expansão de suas habilidades com a língua pátria. Normalmente, bons funcionários em repartições públicas e privadas também eram bons datilógrafos.

Faça um teste em sua empresa. Peça uma redação aos funcionários de qual­quer nível, porém, sem o auxilio da eletrônica, ou seja, utilizando somente papel e caneta. Ah, também proíba a utilização de abreviaturas inexistentes. Pode deixar um dicionário do lado para consulta. Vai ser um Deus nos acuda. Além da maioria de texto com letra inelegível, vamos ter gente que perdeu a habilidade de escrever porque virou dependente do teclado, pessoas que nem imaginam o significado de algumas palavras e muito menos as regras de acentuação e mais, nem sabem consultar um dicionário.

Vai causar constrangimento e muita dor de barriga!

Acredito que o hábito de leitura ameniza bem essa situação, porém, cada um precisa avaliar se o que aprendeu nos bancos escolares é capaz de estar presente em seus textos, e-mails, memorandos, relatórios. Muito mais do que isso, é necessá­rio, talvez até antes de cursar línguas estrangeiras, reciclar o conhecimento de sua própria língua. Nada pior do que encontrar um “seje”, um “menas” na linha de um documento, mas muito pior é a indagação: “mas não está certo?”, candidamente, pronunciado pelo autor ou autora da façanha.

A culpa não é dele ou dela, é do Word!

Texto do livro “Pensar para sair do lugar – Crescimento pessoal e profissional”




quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Reflexões


Quem não traz doces lembranças de pessoas boas, que acreditavam no bem, lutavam por ele, faziam contagiar as emoções? Eram seres humanos justos, confiáveis, verdadeiros, fortes em seus princípios, que se expunham com clareza, tomavam atitudes firmes, invariavelmente, pautadas pela sabedoria e eram obstinadas a dar o melhor de si?

Seguir tais exemplos, não pelo desejo de ser igual, mas de ser verdadeiro, ao desejar a libertação das amarras traiçoeiras dos falsos poderes e ao buscar a compreensão da missão que cada um leva consigo.

Engana-se quem trata as virtudes como méritos próprios. Fazem parte de outra categoria, daquela que não pertence a ninguém, porém tem a capacidade de diferenciar que as carrega.

Inútil forçar-lhes a presença já que se instalam naturalmente, com suavidade, no interior de quem não as rejeita. Não pedem passagem, pedem licença; não tomam posse, são aceitas, sem restrições, como os componentes mais preciosos dos bons comportamentos.

Algo importante: quem as acolhe não as quer longe, incorpora-as como sentido de vida, de gratidão pela experiência única de comunhão com o universo. Pelo contato com a espiritualidade, eleva a consciência a níveis antes não imaginados.

Espiritualidade é entendida como justiça. O justo se qualifica em atitudes serenas, repletas do entendimento da necessidade alheia, seja a de quem for. A verdade prevalece límpida, robusta, transparente, única como método de revelação e entendimento.

A fortaleza de propósitos, de ideais, da honra manifesta-se ainda mais consistente e a busca pela autorrealização ganha uma aliada de peso, porque, acima de tudo, oferece confiança e insere a fidelidade em relacionamentos sadios.

 O autoconhecimento se amplia, amadurece, fica enriquecido pelo gosto de ser o que se é. Há a busca pelo melhor de si para oferecer ao mundo, sem medo, com aceitação das limitações, porém, com esforço contínuo e com a intenção de ser, sempre, melhor. As culpas ou decepções passadas não impedem a reconciliação consigo e com os outros, apenas liberta.

Nesse estágio, os comportamentos já estão vinculados à prudência e à sabedoria. O âmago de tudo está na essência, sem perder a realidade de vista. Também, está na cautela inteligente que evita precipitações desprovidas da eficácia. Está no entendimento de que pouco se sabe e de que muito pouco se saberá, razão para o esforço constante na busca do conhecimento.

Trecho do livro "Pensar para sair do lugar - as vertentes da vida"




quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Ética é ou não é comigo

 

Ética é ou não é comigo

Sou favorável aos líderes que sabem dizer não; na hora certa, ele é sempre bem-vindo, mais do que a infinidade de “sim”, perigoso até para a harmonia, condução e satisfação do grupo.

Tenho receio do “não” como ausência de compromisso com a empresa e com os parceiros, colegas de caminhada. Agora não dá! Estou super ocupado. Isso não é comigo. É problema de fulano. Nem vem! Vá atrás de sua turma! Isso se considerarmos os líderes propensos à educação.

Que tal nova perspectiva: Agora está confuso, mas podemos marcar uma hora para conversar? Estou atarefado; podemos falar quando terminar este serviço? Vamos ver quem pode responder por isso. Podemos contribuir com o fulano. Calma, que já falaremos disso. Será que tem alguém que pode ajudá-lo neste momento? Soam melhor e geram receptividade.

Também sou partidário dos funcionários que têm personalidade para colocar o “não devido”, para seus líderes ou para seus colegas, desde que se mantenha semelhante condição, a de evitar perder a noção referente ao necessário e a fuga da responsabilidade, aquela velha mania de desviar-se do comprometimento.

O mundo corporativo está afastado do “mar de rosas”, ao contrário, assemelha-se ao “octógono do vale tudo”; contudo pode-se estabelecer um meio termo; arriscar mesmo e “colocar um jardim sobre o ringue”. Esse jardim responde pelo “apelido” de ética!

Ética humaniza a corporação: menos conflitos, maiores chances de que o cooperativismo, o comprometimento, a claridade do outro se manifestem.

Presente é indicativo da projeção de necessidade do conjunto, da solução de questões intrincadas e da leveza que permite a projeção de ideias, imprescindíveis para o surgimento da inovação.

Ausente, o sim é não e o não é sim, ou pior, mais ou menos!

Texto do livro "Pensar para sair do lugar - as vertentes da vida"




quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Quem é do bem se dá bem

 

Quem é do bem se dá bem

Quero deixar uma informação importante para você que acorda de manhã, faça chuva, faça sol, qualquer dia da semana; segue sorrindo para seu trabalho, disposto a superar dificuldades e obstáculos.

Você é um líder, não deixa o poder amaldiçoar seu futuro e trata a todos com a merecida distinção. Você sabe ouvir e entender seus seguidores. É alguém que dá crédito ao ser humano, nas suas competências, nos seus talentos, na coragem ao enfrentar eventualidades inusitadas. Você jamais deixa de apoiar seus subordinados, mesmo que decepções aconteçam.

Quem é do bem se dá bem!

 Esta frase pode parecer piegas, fora do padrão e da moda, mas ela é tão verdadeira quanto o ar que você respira, os sentimentos que alegram ou desanimam você. É uma frase que garante o sustento da alma; tente escapar da tentação de esquecê-la ou rebaixá-la para segundo plano.

Temos inúmeras crenças limitantes que martelam nossos cérebros, diariamente, com uma enxurrada de maus exemplos. Identificam pilantras, salafrários, bandidos, espertalhões como os únicos que se dão bem, acumulam riquezas, adquirem o status de celebridades, tornam-se midiáticos, grandes sucessos.

É mentira! Lembre-se do ditado “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”? Podem ostentar o que for, contudo são ovelhas desgarradas, que se entregaram aos lobos, querendo fazer parte da matilha. Conquanto se esforcem, demonstrando simpatia e amizade, serão devoradas. O mal se retroalimenta de seu próprio veneno, cada vez em doses mais cavalares, até que o óbito acontece, naturalmente, embalado pela sinfonia das injustiças praticadas, dos prejuízos causados, do desamor ao próximo, da incapacidade de doação, de gratidão e da ausência de paz que nenhum exterior preenche.

Acolha o bem, exerça o bem, demonstre o bem, o certo, o justo, o digno. A colheita será abundante, os frutos promissores. O mal é jogo ilusório, de aparente benefício e grandes perdas.

Seja milionário, conquistador de triunfos, um brilho de fato! E o principal, um milionário feliz, um conquistador feliz, uma pessoa feliz! É essa possibilidade, a de ser feliz, que nunca será atingida pelo exército sem luz, enquanto não houver revisão dos métodos empregados e das estratégias utilizadas.

Quem é do bem se dá bem!

Espalhe essa frase, em casa, no trabalho, na sociedade. Ela será incentivo para os inseguros, consistência para os que duvidam e modificadora para todos. Ser do bem torna os relacionamentos intensos e a vida promissora.

Quem é do bem se dá bem! 

                                                                                        Texto do livro "Pensar para sair do lugar - As vertentes da vida"




quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Dê valor à mudança!

 


Dê valor à mudança!

Saiba considerar os que o cercam, no âmbito particular ou profissional. Nada mais desinteressante do que a ausência do reconhecimento.

Quem faz algo, está aqui para ser reconhecido por aquilo que faz. Quer ouvir opiniões, quer ter “feedback”, quer entender o que acontece, quer constar no enredo, quem sabe, até como personagem principal.

O mundo se arrepia ao ouvir falar em mudanças. Em geral, ninguém é receptivo, pois elas podem aferir a perda de controle, de influência; podem exigir remanejamentos, novas responsabilidades e gerar desconfianças, ameaças, enfim.

Quando, no papel de consultor ou coach, digo que as pessoas precisam estar preparadas para mudanças, porque ela é certa e acontecerá, não significa que, imediatamente, terei respostas positivas de quem dela fará parte.

Ao contrário, as resistências serão as primeiras barreiras que precisarão ser contornadas. Portanto, ao gerir a comunicação, esclareço as razões pelas quais elas são importantes e necessárias.

Isso, sim, é fundamental. É preciso a compreensão para acreditar em suas implementações.

“Pinturas, enfeites, penduricalhos”, apenas confundem e tornam o processo doloroso. A objetividade “não tem preço”.

É preciso mudar, porque os lucros estão abaixo das necessidades, as vendas estão fracas, os resultados incompatíveis com as expectativas de investimentos.

Além de honesto, é interessante para compor alianças que possam vir a beneficiar todos os envolvidos, empresários e colaboradores.

Quando propuser uma mudança, coloque-se no lugar do receptor, em primeira mão, da notícia. O que ele irá sentir, qual a reação, o que o levará a contribuir, a desejar que a mesma aconteça?

A liderança é necessária para dar certezas aos que já estão fragilizados. É preciso saber o que se ganha, o que se perde, o que se arrisca.

Ninguém vai ter o entusiasmo necessário, se não houver a contrapartida da confiança. E isso se conquista, aliás, isso é a própria conquista.

Texto do livro "Pensar para sair do lugar - a vertentes da vida".

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Qualidade ao tempo


Qualidade ao tempo

O que faz sentido? O que preza, tanto deseja e por muito buscar, sem cansar, alimenta? Qual o encontro desejado? A satisfação imensurável, o sorriso mais solto, a canção mais bela, a emoção mais intensa?

Revele seus medos, conte seus segredos, estenda suas mãos!

Sempre há um bom ouvido, além de smartphones e joguinhos divertidos. Existem consciências atentas, preparadas, compreensivas, dispostas a trazer, ao ambiente, interações verdadeiras, esperanças sem utopias, respostas às perguntas mais íntimas.

Não se trata de um novo mundo, mas de resgates. É exercício complicado “enxergar o outro”, dar-lhe passagem, respeitar suas dores, lamentos, equívocos, desencontros.

Um minuto de silêncio para explorar em seu interior perguntas simples de múltiplas respostas: O que faz do tempo ao lado dos pais, dos filhos, dos parentes e amigos? O que faz do tempo em seu trabalho, com seus colegas, comandados ou superiores? O que faz do tempo em sua comunidade? Quanto doa, qualifica e aproveita? Ou quanto deixa, simplesmente, passar?

O tempo, “esse danado”, quando você se dá conta já passou! Oportunidades ficam para trás, novas despontam, e a pergunta marota: Quantas oportunidades você pretende desperdiçar?

Desperte! Provoque em seu íntimo forças adormecidas e inicie a jornada inversa. Inverta as tendências, as mesmices, os aceites sem contestação. Siga sem direção; acorde e durma sem saber onde começa um e termina o outro.

Alivie a alma; invoque a condição de vivente; persista em seguir em frente, releve se resquícios de erros antigos. Não são mais importantes e muito menos decisivos diante da possibilidade do amanhã.

Aproveite cada momento, sinta cheiros, sabores, sentimentos! Dê, à vida, possibilidade de ser vivida, porque ela tem validade determinada, e termina quando tem que terminar, nem antes, nem depois!

                             Texto do livro "Pensar para sair do lugar - as vertentes da vida".