Existem situações
em que a gritaria se espalha. Quem grita mais alto? Todos querem colocar seu
ponto de vista sobre os demais. Reunião improdutiva, onde, sem muita cerimônia,
assuntos de natureza particular, antigas rusgas, pontas de inveja ou ciúmes, despontam
sem o menor constrangimento.
Relações
interpessoais, quanta dificuldade para se obter o brevê de piloto que permita
alçar voos com tranquilidade, respeitando opiniões contrárias e não deixando
que o calor da discussão transforme-se em fogo de paixões ou recanto das
vaidades.
É evidente que
existem momentos de descontrole. Não somos máquinas, não ligamos desligamos
como interruptores, nossas emoções estão vivas e presentes em qualquer
circunstância. Mas é possível aperfeiçoar-se, buscar elementos que propiciem o
controle, a capacidade de se colocar no lugar do outro, sem deixar que o
desgaste tome conta da situação.
O olhar interior
talvez seja o caminho mais efetivo para o autocontrole. Sócrates já sabia
disso e aos seus discípulos recomendava conhecer a si mesmo. À medida que
deixamos o espelho de lado e conquistamos a visão da realidade, o Narciso se
afasta e dá lugar à possibilidade de entender o próximo através da compreensão
das limitações próprias, sem distorções da realidade.
Não é um circuito
que se faça como um bólido de fórmula 1, em alguns poucos minutos. Leva tempo,
muito tempo, a vida toda. Sem essa de querer chegar, porque não há chegada, há
evolução e melhoria, conquistas e muitas surpresas. Vale a pena decidir pela
jornada, a vida fica mais leve, a convivência repleta de respeito permite
admirar o que seria, sob a ótica egoísta, impossível de se imaginar admirando.
Os palcos
chamados de corporativos conhecem bem a falta que faz artistas dessa estirpe,
chamados líderes, em seus palcos. Muita gente despreparada, não pela formação
acadêmica, mas pela ausência de diploma superior em sensibilidade diante das
questões que envolvem relacionamentos humanos. Simplesmente auxiliam a
perpetuar a gritaria, cerrando os ouvidos e todos os demais sentidos a tudo o
que lhes possa parecer contrário.
Continuam os
Narcisos de sempre, impressionados com a beleza e perfeição de suas imagens.
Esquecem que no mundo, cada exemplar humano tem uma beleza própria, com
inclinações para erros e acertos, bons e maus valores, entretanto, merecedores
da mesma atenção quando tentam colocar em debate seus pensamentos.
Pense se não vale
o custo de investir em seu eu interior.
Texto do livro “Pensar para sair do lugar – Crescimento pessoal e
profissional”
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