quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Chamuscado


Cada um tem seu gosto. Duas tarefas caseiras que não me importo em realizar, lavar louça e passar roupa. É algo que não me aborrece, ao contrário, promove um relaxamento, quase uma terapia.

Lavar roupas não implica em muitas habilidades, basta uma esponja, detergente, água e um local para escoar os excessos da própria água. Passar roupas é diferente, exige estratégia. Por onde começar, de que forma marcar os vincos, como vencer os tecidos mais rebeldes, como deslizar o ferro. É uma verdadeira operação de logística!

 Cada roupa tem suas características próprias, naturezas diferentes, finalidades distintas, formatos e detalhes que dificultam ou facilitam a tarefa de passá-las. Algumas, pela delicadeza, exigem a presença de mais um tecido, que possa suportar o calor do ferro sem prejudicá-las. Outras, não desamassam nem com reza brava.

Dei essa pequena introdução para contar-lhes um deslize, que pode ocorrer com qualquer um, é verdade, mas não deixa de ser uma lição que pode ser aproveitada em qualquer área administrativa, em qualquer gestão: aprenda a ler o rótulo!

Temos o péssimo costume de confiar em demasia em nossas experiências. Agimos como se fossemos os reis da cocada preta, principalmente na execução de tarefas que acreditamos ter o domínio absoluto. Menosprezamos manuais de instruções, nos recusamos a ser conduzidos, queremos conduzir.

Ganhei uma bela nova camisa! Ela foi lavada antes de ser usada e deixada com as demais roupas para passar. Foi a primeira que peguei! O ferro quente, devidamente abastecido de água para vaporização. Estendi a gola na tábua, aproximei o ferro, o tecido colou na lâmina de aço, mesmo num pequeno toque, a camisa chamuscou.

Fiquei observando aquele serviço e procurando entender o que havia ocorrido. Simples, não li as instruções presa numa etiqueta na lateral da camisa: “100% poliéster, passar pelo avesso, produzido na China”! Que coisa, os chineses me provocaram uma lembrança, quase um puxão de orelhas. Desprezar instruções pode trazer consequências sérias, inclusive, definitivas.

Mesmo que você lide com a rotina, lembre-se que algo sempre pode acontecer diferente. Ao receber uma instrução, leia com atenção, elimine as dúvidas, vá com fé, mas vá com certeza! É melhor perguntar antes do que provocar uma situação irreversível mais tarde. No mínimo, caso cause constrangimento questionar ou mesmo dificuldade de compreensão, peça auxílio para alguém que já tenha a experiência em seu currículo e procure rever a execução proposta.

Outra coisa importante, da mesma maneira como tecidos são diferentes uns dos outros, é preciso ser cuidadoso com o material que se recebe, suas funções e propriedades podem ser distintas e devem ser, previamente, conhecidas. O mesmo pode ser aplicado para gente! Cada um é um, e cada qual precisa de trato distinto, bobagem querer unir todos num mesmo grupo. Isso também pode provocar chamuscos.

Finalmente, tem o outro lado da moeda, muitas instruções não atendem as exigências mínimas de compreensibilidade. Podem ter sido escritas por alguém despreparado para a missão de ensinar. Alguém que imagina estar falando para si mesmo, ou seja, um instrutor de araque. Cuidado duplo, nessas circunstâncias! Se ocorrer um problema, ninguém vai culpar o instrutor, esse é quase imune. Portanto, desconfiando de algo, vá atrás de desatar o nó, vá atrás de quem lhe passe segurança e confiabilidade. Esse é o porto seguro.

Agora, se a coisa é nova, aí não tem jeito. Leitura atenta, dúvidas dissipadas, trocar ideias com os colegas, tudo para não ter que lamentar, ao levantar a camisa, o contorno da marca da displicência.

                                                

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