Quem não traz doces lembranças de pessoas boas,
que acreditavam no bem, lutavam por ele, faziam contagiar as emoções? Eram
seres humanos justos, confiáveis, verdadeiros, fortes em seus princípios, que
se expunham com clareza, tomavam atitudes firmes, invariavelmente, pautadas
pela sabedoria e eram obstinadas a dar o melhor de si?
Seguir tais exemplos, não pelo desejo de ser
igual, mas de ser verdadeiro, ao desejar a libertação das amarras traiçoeiras
dos falsos poderes e ao buscar a compreensão da missão que cada um leva
consigo.
Engana-se quem trata as virtudes como méritos
próprios. Fazem parte de outra categoria, daquela que não pertence a ninguém,
porém tem a capacidade de diferenciar que as carrega.
Inútil forçar-lhes a presença já que se instalam
naturalmente, com suavidade, no interior de quem não as rejeita. Não pedem
passagem, pedem licença; não tomam posse, são aceitas, sem restrições, como os
componentes mais preciosos dos bons comportamentos.
Algo importante: quem as acolhe não as quer
longe, incorpora-as como sentido de vida, de gratidão pela experiência única de
comunhão com o universo. Pelo contato com a espiritualidade, eleva a
consciência a níveis antes não imaginados.
Espiritualidade é entendida como justiça. O
justo se qualifica em atitudes serenas, repletas do entendimento da necessidade
alheia, seja a de quem for. A verdade prevalece límpida, robusta, transparente,
única como método de revelação e entendimento.
A fortaleza de propósitos, de ideais, da honra
manifesta-se ainda mais consistente e a busca pela autorrealização ganha uma
aliada de peso, porque, acima de tudo, oferece confiança e insere a fidelidade
em relacionamentos sadios.
O
autoconhecimento se amplia, amadurece, fica enriquecido pelo gosto de ser o que
se é. Há a busca pelo melhor de si para oferecer ao mundo, sem medo, com
aceitação das limitações, porém, com esforço contínuo e com a intenção de ser,
sempre, melhor. As culpas ou decepções passadas não impedem a reconciliação
consigo e com os outros, apenas liberta.
Nesse estágio, os comportamentos já estão
vinculados à prudência e à sabedoria. O âmago de tudo está na essência, sem
perder a realidade de vista. Também, está na cautela inteligente que evita
precipitações desprovidas da eficácia. Está no entendimento de que pouco se
sabe e de que muito pouco se saberá, razão para o esforço constante na busca do
conhecimento.
Trecho do livro "Pensar para sair do lugar - as vertentes da vida"
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