quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Reflexões


Quem não traz doces lembranças de pessoas boas, que acreditavam no bem, lutavam por ele, faziam contagiar as emoções? Eram seres humanos justos, confiáveis, verdadeiros, fortes em seus princípios, que se expunham com clareza, tomavam atitudes firmes, invariavelmente, pautadas pela sabedoria e eram obstinadas a dar o melhor de si?

Seguir tais exemplos, não pelo desejo de ser igual, mas de ser verdadeiro, ao desejar a libertação das amarras traiçoeiras dos falsos poderes e ao buscar a compreensão da missão que cada um leva consigo.

Engana-se quem trata as virtudes como méritos próprios. Fazem parte de outra categoria, daquela que não pertence a ninguém, porém tem a capacidade de diferenciar que as carrega.

Inútil forçar-lhes a presença já que se instalam naturalmente, com suavidade, no interior de quem não as rejeita. Não pedem passagem, pedem licença; não tomam posse, são aceitas, sem restrições, como os componentes mais preciosos dos bons comportamentos.

Algo importante: quem as acolhe não as quer longe, incorpora-as como sentido de vida, de gratidão pela experiência única de comunhão com o universo. Pelo contato com a espiritualidade, eleva a consciência a níveis antes não imaginados.

Espiritualidade é entendida como justiça. O justo se qualifica em atitudes serenas, repletas do entendimento da necessidade alheia, seja a de quem for. A verdade prevalece límpida, robusta, transparente, única como método de revelação e entendimento.

A fortaleza de propósitos, de ideais, da honra manifesta-se ainda mais consistente e a busca pela autorrealização ganha uma aliada de peso, porque, acima de tudo, oferece confiança e insere a fidelidade em relacionamentos sadios.

 O autoconhecimento se amplia, amadurece, fica enriquecido pelo gosto de ser o que se é. Há a busca pelo melhor de si para oferecer ao mundo, sem medo, com aceitação das limitações, porém, com esforço contínuo e com a intenção de ser, sempre, melhor. As culpas ou decepções passadas não impedem a reconciliação consigo e com os outros, apenas liberta.

Nesse estágio, os comportamentos já estão vinculados à prudência e à sabedoria. O âmago de tudo está na essência, sem perder a realidade de vista. Também, está na cautela inteligente que evita precipitações desprovidas da eficácia. Está no entendimento de que pouco se sabe e de que muito pouco se saberá, razão para o esforço constante na busca do conhecimento.

Trecho do livro "Pensar para sair do lugar - as vertentes da vida"




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