domingo, 18 de junho de 2023

Prudência e liderança

 


Prudência, como virtude, não significa postergar decisões ou ações importantes por medo, receio ou desconfiança. Ao contrário, é a capacidade de atuar com equilíbrio na fronteira do real com o essencial.

Utiliza a sabedoria como freio e a espiritualidade como guia, busca a harmonia necessária para manter sob controle os impulsos imediatos, fortes potenciais de desorganização e conflitos.

A prudência, em sua disciplina, equaciona o dia em diversos elementos: fazer o que tem que ser feito como rotina; aprimorar as tarefas rotineiras para redução do tempo de execução; apurar a busca pela identificação do que é importante; priorizar o bem-estar pessoal e os bons relacionamentos, como estimuladores para preparar uma feliz jornada do dia seguinte.

Com essa configuração, o desempenho das lideranças torna-se mais efetivo, congruente, alentador. Despacha a síndrome do engessamento e dispensa o acúmulo de preocupações originadas pelo excesso de preocupações com coisas menores, mas que consomem tempos preciosos e energias desnecessárias.

O desempenho será agraciado pela melhoria do ambiente, maior rendimento e produtividade. Aglutinará os envolvidos nos ideais propostos, muito mais pela eficácia do comportamento do que, propriamente, pelas inserções frias das letras contidas nos manuais de procedimentos.




quarta-feira, 24 de maio de 2023

Captar a essência

 


É preciso identificar os propósitos. Entender quando se trata da luta pelo poder ou luta por melhorias; se estão vinculados ao brilho dos holofotes ou à claridade das missões.

A complexidade é gigantesca, envolve análise de atitudes, das ações, do empenho com a transparência e nenhum teste é capaz de precisar sua identificação; quando muito, apontam caminhos.

Essa insegurança acompanha a dificuldade das escolhas. Pinçar alguém que, ao final do percurso, não desaponte, potencialize o resultado do processo e traga alívio às necessidades dos gestores, é colocar em prova a tensão própria das grandes competições, onde só uma pessoa ocupará o pódio.

Aí reside a grande questão da importância de se ter em quadros de recursos humanos, pessoas habilitadas no conhecimento de gente, que goste de gente, que conviva com gente, com formação apropriada e histórico que lhes dê o respaldo para enxergar o que nem sempre é visível aos olhos.

Não é garantia de acertos, mas garantia de evitar desastres fenomenais, em decisões sensíveis, principalmente, quando se trata de apresentar ao público interno e externo (gente), a quem será delegada a representatividade de toda a estrutura empresarial.

Talvez um tópico a ser considerado é lembrar que embora tenha poder, ganhe as melhores remunerações, tenha acesso às informações mais importantes, uma liderança de respeito, não despreza tudo isso, mas tem consciência de que colecionar um cabedal de bens não é imprescindível; conquistar pessoas, aí reside a essência de seu propósito.


quarta-feira, 10 de maio de 2023

Comida caipira


Percebo a dificuldade da escolha pelo prato necessário. Aquele que alimenta, nutre, revigora, sustenta e oferece energia à empresa. Alguns empresários sofisticam suas refeições, gostam de pratos elaborados, bonitos, enfeitados, servidos em porcelanas e, de preferência, acompanhados de bebidas caras, oferecidas em cristais finos. Não se preocupam com os custos e nem com o número de calorias a ingerir, importa o impacto que causam.

Outros preferem refeições calóricas, como uma feijoada regada a cerveja. Não dão bola para o tipo do prato, desde que seja fundo, o suficiente, para suportar o maior número possível de ingredientes. O copo, tipo americano, é bem-vindo. Não estão nem aí com as consequências das calorias, desde que os custos não sejam tão elevados.

Há, ainda, os que são mais econômicos, adeptos do churrasco, com muita gordura e carne mal passada. Não dispensam a cerveja, nem um pagode animado ou um sertanejo para embalar a reunião. A preocupação com o colesterol, triglicérides, passam à margem, o importante é o bom papo, o espeto, pão, molho, vinagrete e a diversão.

Os primeiros contratam grandes companhias, nomes famosos, papas das matérias noticiadas pela mídia. Normalmente, se dão bem, escorados pelo aspecto   psicológico, do impacto que causam essas ações junto aos executivos, que admiram o desempenho dessa elite, os resultados são positivos. Não é para tudo, nem para todos. Muitos, após enxugar os orçamentos de suas áreas computam um resultado pífio, lembrando aquelas pequenas porções, com tão poucas calorias, que acabam por desnutrir (efeito contrário) o organismo da empresa.

Os segundos pagam bem, e vão contratando. Qualquer coisa, mesmo a que poderia ter solução internamente, faz os olhos se voltarem para o mercado e as contratações se multiplicam. O problema são as calorias em excesso ou os ingredientes menos consumidos, rabo de porco, pé de porco, orelha de porco, que se agigantam ao final do expediente. No frigir dos ovos, qual foi mesmo o resultado de tantas incursões?

Já os terceiros, gastam menos, mas não escolhem com critérios. Precisam resolver determinados problemas, não gostam de consultores, mas acreditam que resolvam aquela “parada”. Assim, todo mundo fica feliz, porém, a gordura acumulada por cada uma das ações sem sincronismo ou sinergia, vai debilitando o organismo. Os resultados não são mensurados, na realidade não querem ser, porque no fundo há consciência da inutilidade, mas as canções eram bonitas.

Ora, qualquer ação precisa ser implementada para gerar uma consequência positiva. Nem sempre isso ocorre, mas critérios cuidadosos maximizam os êxitos. Nem todos os ingredientes têm os mesmos efeitos para todos os consumidores. Cada corpo necessita de determinadas substâncias para manter seu equilíbrio e é atrás delas que a linha de frente deve estar ocupada, atenta, avaliando clinicamente, se os pratos servidos consolidam tendências de melhorias na performance.

Conforme a dimensão do problema a receita caipira, que meu pai nos passou na infância, pode gerar excelentes resultados. Um ovo, farinha de milho e açúcar. Bate-se a clara, mistura-se a gema, o açúcar e, finalmente, a farinha de milho. Simples, nutritivo, poderosa fonte de energia que precisa ser gasta, gasta com ações inovadoras, de preferência.

É sempre melhor assim, optar pela simplicidade ao trazer os ingredientes de fora. Eles precisam ser consistentes, potentes, geradores de muita força. A única sofisticação a ser cobrada é o resultado positivo da investida, aí as contratações se justificam.

Trecho do livro "Pensar para sair do lugar - Crescimento pessoal e profissional"

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Grandeza em liderança

 

O mesmo que acontece na vida social deve, e pode, ser espelhado no âmbito profissional.

Ninguém suporta, ao sentir o sabor traiçoeiro de um alimento estragado, digeri-lo, simplesmente por educação.

Em momentos de tristeza, aflições, ouvir palavras inconvenientes só aprofundam o mal estar do momento.

Qual o valor de um sorriso fora de contexto além de representar sarcasmo, provocativo, tanto quanto um insulto?

Ocorre o mesmo quando as oportunidades se multiplicam, de ser agradável com aquelas pessoas que você tem simpatia, boa convivência, e elas são sabotadas.

É o mesmo que participar do velório de alguém estimado, consternação chorosa, sem nunca ter, em vida, compartilhado da alegria, dos festejos, dos convites pela presença, daquele que não mais respira. Inútil e até frustrante. Ainda bem que defunto não levanta do caixão.

 O bom petisco é aquele que ao ser ingerido não provoca náuseas ou peso no estômago. Seja um deles!

A boa palavra é aquela que conforta nos momentos trágicos das derrotas, das perdas irreparáveis. Seja uma delas.

O bom sorriso é o presente em comemorações, em reconhecimentos, aquele que anima. Seja um deles.

Participar, com entusiasmo, vibrar com as conquistas alheias, oferecer a presença nos bons e maus momentos, de vitórias e derrotas, é ter em si o poder da coerência.

O mesmo poder que emana das grandes lideranças.


quarta-feira, 19 de abril de 2023

Só é forte quem tem coragem!

 


Cobrança vem de todos os lados: “você tem que ser o melhor”, “é preciso vencer todas as batalhas”, “tem que ser bem sucedido”, “está fora do peso”, “conquiste o emprego dos sonhos”, “faça muitas viagens”, “vença seus temores”, “não dê chances para o inimigo”...

Inúmeras, algumas assertivas outras destrutivas!

Convém lembrar que na origem existe uma memória sem qualquer informação, preparada para assimilar, aprender, romper barreiras, aceitar novidades, entender, classificar, selecionar diante de tantas opções e diversidades, aquelas que fazem sentido para o interior, em processo de crescimento.

Algo límpido, sem vícios, que inicia a evolução, pouco a pouco, mas de maneira definitiva, constante, eletrizante, alimentada por dados das mais variadas fontes, das mais lógicas às improváveis origens, carregam sonhos, pesadelos, êxtases.

Não há controle! Em progressão geométrica o espaço vazio acumula conhecimento, discernimento, atitudes, experiências, decepções, não para nunca, segue em frente, independente das forças contrárias, nada lhe detém, segue assim até o suspiro derradeiro.

Como enfrentar recomeços, críticas, responsabilidades?

Simples: viva a sua vida!

Os que tagarelam a seu respeito tem a finalidade de preencher espaços que não formam seu território, nem sua identidade. São pessoas que contaminam o próprio cérebro, promovem o que deprecia, invertem valores, deixam de ser elas mesmas, daí a necessidade da acidez nos comentários.

Filtrar e acolher o que interessa é a liberdade mais efetiva de escolha. Ter a coragem de assumir tal postura é muito mais do que atitude vencedora, é o básico para aceitar a si mesmo, fortalecer suas convicções e dar à experiência do conhecimento a merecida acolhida no interior de seus pensamentos.

Um passo para a felicidade!


quarta-feira, 12 de abril de 2023

Quem ganha na traição?

 


 “Até tu, Brutus!” teria dito César para o filho que o atingia com a lâmina da espada. Isso, porque Brutus era sobrinho e filho adotado. Sessenta participaram da ação, mas a história registrou essa exclamação como máxima da traição.

Ser traído de modo algum é o melhor acontecimento, mas desde que a humanidade caminha, trair parece uma marca poderosa desse longo roteiro.

Interessante é que a figura de destaque, pelo menos na História, sempre lembrada por seus feitos, excluindo a passagem onde se apresenta com o ato de traição, não é ninguém que se dê maior relevância.

Júlio César, Jesus, Tiradentes, Napoleão, alguns exemplos de notáveis traídos. A traição, em síntese, é provocada pela eterna admiração ao traído, a impossibilidade de semelhança a ele e a vontade de romper com aquilo que induz à ressentimentos.

Em patamares menores, as empresas são “recheadas de traições, sutis ou descaradas”. As pessoas envolvidas ponderam que traição é só a obra de promover a queda de um líder, de um colega ou de uma corporação. Negativo! Traição é o desejo profundo de igualdade ao outro, de ter o que o outro tem, de desdenhar a coisa alheia.

E acontece de variadas formas condenáveis, através de: “corpo mole”, fofoca, falta injustificável, não reconhecimento de qualidade alheia, comportamento arrogante, incitação desnecessária, conflito desprovido de causa, ausência de participação e tantos motivos menores, cuja finalidade é, continuamente, um alvo escolhido.

Com o mesmo desprezo dado pela História: “Ao traidor, as batatas”. Dia mais, dia menos, desmascarado, o traidor carregará o fardo insuportável da mesquinhez sórdida dos velhacos. Quase uma sombra que assombrou, agora, sem o brilho do holofote, ele peregrina, arrastando sua inutilidade.

Ao traído, o tempo da assimilação e só! Parte para outra, continua a acreditar, redobra os cuidados, absorve os impactos, sabe que a traição vem de almas pequeninas que necessitam de pena, porque é da compaixão que sobrevivem.

Há sempre almas interessantes para compartilhar com a sua; inútil perder tempo com as demais. Agradeça por elas!

Texto do livro "Pensar para sair do lugar - As vertentes da vida"





quarta-feira, 5 de abril de 2023

Colher invertida

 


Quando algo não vai bem ou não sai como gostaríamos que saísse, a sensação é do estopim em chamas que, rapidamente, encurta a distância que o separa do ponto de explosão. Isso se assemelha àqueles desenhos animados, quando o personagem pretende chamuscar seu inimigo e acaba sendo, ele mesmo, chamuscado.

A amargura, condensada naquele aperto do peito, parece infinita. Exala, pelos poros do corpo, o indelicado e grosseiro perfume do fracasso, um sentido de desamparo, de solidão, sem precedentes, que deixam feridas abertas, de difícil cicatrização.

A vítima costuma tomar doses de xarope, utilizando a face invertida da colher. Ainda que o conteúdo seja, inteiramente, despejado sobre ela, a cura deixará de acontecer; a colher não retém o necessário para iniciá-la.

Interessante notar que os dois lados são abaulados; contudo, só um cumpre sua missão.

É assim também com os supostos fracassos: indisponibiliza que a experiência, por ser amarga, proporcione a porção necessária ao nosso interior, alimentando os fatores de aprendizagem, auxiliando na reflexão do ocorrido, desenvolvendo mecanismos capazes de evitar a repetição do idêntico erro no futuro.

Há certa conivência, pelo medo dos dissabores, em voltar à face externa da colher, imediatamente, quando a insatisfação toma o lugar da coragem.

Deixa uma enorme lacuna, a ausência da atitude correta, na busca do triunfo. É percurso seguro para prolongar o pesadelo, permitir que o desagradável perdure além do tempo que deveria ficar disponível.

Assume o compromisso de digerir o necessário, em quaisquer circunstâncias, inclusive naquelas que retratem péssimos momentos.

Retirar dos tropeços a capacidade da cura é, talvez, a melhor oportunidade que a vida está presenteando para que você abra os olhos, conquiste seu espaço, atinja seus objetivos e torne-se uma pessoa melhor, menos rígida e mais feliz.