quarta-feira, 10 de maio de 2023

Comida caipira


Percebo a dificuldade da escolha pelo prato necessário. Aquele que alimenta, nutre, revigora, sustenta e oferece energia à empresa. Alguns empresários sofisticam suas refeições, gostam de pratos elaborados, bonitos, enfeitados, servidos em porcelanas e, de preferência, acompanhados de bebidas caras, oferecidas em cristais finos. Não se preocupam com os custos e nem com o número de calorias a ingerir, importa o impacto que causam.

Outros preferem refeições calóricas, como uma feijoada regada a cerveja. Não dão bola para o tipo do prato, desde que seja fundo, o suficiente, para suportar o maior número possível de ingredientes. O copo, tipo americano, é bem-vindo. Não estão nem aí com as consequências das calorias, desde que os custos não sejam tão elevados.

Há, ainda, os que são mais econômicos, adeptos do churrasco, com muita gordura e carne mal passada. Não dispensam a cerveja, nem um pagode animado ou um sertanejo para embalar a reunião. A preocupação com o colesterol, triglicérides, passam à margem, o importante é o bom papo, o espeto, pão, molho, vinagrete e a diversão.

Os primeiros contratam grandes companhias, nomes famosos, papas das matérias noticiadas pela mídia. Normalmente, se dão bem, escorados pelo aspecto   psicológico, do impacto que causam essas ações junto aos executivos, que admiram o desempenho dessa elite, os resultados são positivos. Não é para tudo, nem para todos. Muitos, após enxugar os orçamentos de suas áreas computam um resultado pífio, lembrando aquelas pequenas porções, com tão poucas calorias, que acabam por desnutrir (efeito contrário) o organismo da empresa.

Os segundos pagam bem, e vão contratando. Qualquer coisa, mesmo a que poderia ter solução internamente, faz os olhos se voltarem para o mercado e as contratações se multiplicam. O problema são as calorias em excesso ou os ingredientes menos consumidos, rabo de porco, pé de porco, orelha de porco, que se agigantam ao final do expediente. No frigir dos ovos, qual foi mesmo o resultado de tantas incursões?

Já os terceiros, gastam menos, mas não escolhem com critérios. Precisam resolver determinados problemas, não gostam de consultores, mas acreditam que resolvam aquela “parada”. Assim, todo mundo fica feliz, porém, a gordura acumulada por cada uma das ações sem sincronismo ou sinergia, vai debilitando o organismo. Os resultados não são mensurados, na realidade não querem ser, porque no fundo há consciência da inutilidade, mas as canções eram bonitas.

Ora, qualquer ação precisa ser implementada para gerar uma consequência positiva. Nem sempre isso ocorre, mas critérios cuidadosos maximizam os êxitos. Nem todos os ingredientes têm os mesmos efeitos para todos os consumidores. Cada corpo necessita de determinadas substâncias para manter seu equilíbrio e é atrás delas que a linha de frente deve estar ocupada, atenta, avaliando clinicamente, se os pratos servidos consolidam tendências de melhorias na performance.

Conforme a dimensão do problema a receita caipira, que meu pai nos passou na infância, pode gerar excelentes resultados. Um ovo, farinha de milho e açúcar. Bate-se a clara, mistura-se a gema, o açúcar e, finalmente, a farinha de milho. Simples, nutritivo, poderosa fonte de energia que precisa ser gasta, gasta com ações inovadoras, de preferência.

É sempre melhor assim, optar pela simplicidade ao trazer os ingredientes de fora. Eles precisam ser consistentes, potentes, geradores de muita força. A única sofisticação a ser cobrada é o resultado positivo da investida, aí as contratações se justificam.

Trecho do livro "Pensar para sair do lugar - Crescimento pessoal e profissional"

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