quarta-feira, 12 de abril de 2023

Quem ganha na traição?

 


 “Até tu, Brutus!” teria dito César para o filho que o atingia com a lâmina da espada. Isso, porque Brutus era sobrinho e filho adotado. Sessenta participaram da ação, mas a história registrou essa exclamação como máxima da traição.

Ser traído de modo algum é o melhor acontecimento, mas desde que a humanidade caminha, trair parece uma marca poderosa desse longo roteiro.

Interessante é que a figura de destaque, pelo menos na História, sempre lembrada por seus feitos, excluindo a passagem onde se apresenta com o ato de traição, não é ninguém que se dê maior relevância.

Júlio César, Jesus, Tiradentes, Napoleão, alguns exemplos de notáveis traídos. A traição, em síntese, é provocada pela eterna admiração ao traído, a impossibilidade de semelhança a ele e a vontade de romper com aquilo que induz à ressentimentos.

Em patamares menores, as empresas são “recheadas de traições, sutis ou descaradas”. As pessoas envolvidas ponderam que traição é só a obra de promover a queda de um líder, de um colega ou de uma corporação. Negativo! Traição é o desejo profundo de igualdade ao outro, de ter o que o outro tem, de desdenhar a coisa alheia.

E acontece de variadas formas condenáveis, através de: “corpo mole”, fofoca, falta injustificável, não reconhecimento de qualidade alheia, comportamento arrogante, incitação desnecessária, conflito desprovido de causa, ausência de participação e tantos motivos menores, cuja finalidade é, continuamente, um alvo escolhido.

Com o mesmo desprezo dado pela História: “Ao traidor, as batatas”. Dia mais, dia menos, desmascarado, o traidor carregará o fardo insuportável da mesquinhez sórdida dos velhacos. Quase uma sombra que assombrou, agora, sem o brilho do holofote, ele peregrina, arrastando sua inutilidade.

Ao traído, o tempo da assimilação e só! Parte para outra, continua a acreditar, redobra os cuidados, absorve os impactos, sabe que a traição vem de almas pequeninas que necessitam de pena, porque é da compaixão que sobrevivem.

Há sempre almas interessantes para compartilhar com a sua; inútil perder tempo com as demais. Agradeça por elas!

Texto do livro "Pensar para sair do lugar - As vertentes da vida"





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