“Até tu, Brutus!” teria dito César para o filho que o
atingia com a lâmina da espada. Isso, porque Brutus era sobrinho e filho
adotado. Sessenta participaram da ação, mas a história registrou essa
exclamação como máxima da traição.
Ser traído de modo algum é o melhor acontecimento, mas desde que a
humanidade caminha, trair parece uma marca poderosa desse longo roteiro.
Interessante é que a figura de destaque, pelo menos na História,
sempre lembrada por seus feitos, excluindo a passagem onde se apresenta com o
ato de traição, não é ninguém que se dê maior relevância.
Júlio César, Jesus, Tiradentes, Napoleão, alguns exemplos de
notáveis traídos. A traição, em síntese, é provocada pela eterna admiração ao
traído, a impossibilidade de semelhança a ele e a vontade de romper com aquilo
que induz à ressentimentos.
Em patamares menores, as empresas são “recheadas de traições,
sutis ou descaradas”. As pessoas envolvidas ponderam que traição é só a obra de
promover a queda de um líder, de um colega ou de uma corporação. Negativo!
Traição é o desejo profundo de igualdade ao outro, de ter o que o outro tem, de
desdenhar a coisa alheia.
E acontece de variadas formas condenáveis, através de: “corpo mole”,
fofoca, falta injustificável, não reconhecimento de qualidade alheia, comportamento
arrogante, incitação desnecessária, conflito desprovido de causa, ausência de
participação e tantos motivos menores, cuja finalidade é, continuamente, um
alvo escolhido.
Com o mesmo desprezo dado pela História: “Ao traidor, as batatas”.
Dia mais, dia menos, desmascarado, o traidor carregará o fardo insuportável da
mesquinhez sórdida dos velhacos. Quase uma sombra que assombrou, agora, sem o
brilho do holofote, ele peregrina, arrastando sua inutilidade.
Ao traído, o tempo da assimilação e só! Parte para outra, continua
a acreditar, redobra os cuidados, absorve os impactos, sabe que a traição vem
de almas pequeninas que necessitam de pena, porque é da compaixão que
sobrevivem.
Há sempre almas interessantes para compartilhar com a sua; inútil
perder tempo com as demais. Agradeça por elas!
Texto do livro "Pensar para sair do lugar - As vertentes da vida"
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