Quando algo não vai bem ou não sai como gostaríamos que saísse, a
sensação é do estopim em chamas que, rapidamente, encurta a distância que o
separa do ponto de explosão. Isso se assemelha àqueles desenhos animados,
quando o personagem pretende chamuscar seu inimigo e acaba sendo, ele mesmo,
chamuscado.
A amargura, condensada naquele aperto do peito, parece infinita.
Exala, pelos poros do corpo, o indelicado e grosseiro perfume do fracasso, um
sentido de desamparo, de solidão, sem precedentes, que deixam feridas abertas,
de difícil cicatrização.
A vítima costuma tomar doses de xarope, utilizando a face
invertida da colher. Ainda que o conteúdo seja, inteiramente, despejado sobre
ela, a cura deixará de acontecer; a colher não retém o necessário para iniciá-la.
Interessante notar que os dois lados são abaulados; contudo, só um
cumpre sua missão.
É assim também com os supostos fracassos: indisponibiliza que a
experiência, por ser amarga, proporcione a porção necessária ao nosso interior,
alimentando os fatores de aprendizagem, auxiliando na reflexão do ocorrido,
desenvolvendo mecanismos capazes de evitar a repetição do idêntico erro no
futuro.
Há certa conivência, pelo medo dos dissabores, em voltar à face
externa da colher, imediatamente, quando a insatisfação toma o lugar da
coragem.
Deixa uma enorme lacuna, a ausência da atitude correta, na busca do
triunfo. É percurso seguro para prolongar o pesadelo, permitir que o
desagradável perdure além do tempo que deveria ficar disponível.
Assume o compromisso de digerir o necessário, em quaisquer
circunstâncias, inclusive naquelas que retratem péssimos momentos.
Retirar dos tropeços a capacidade da cura é, talvez, a melhor oportunidade que a vida está presenteando para que você abra os olhos, conquiste seu espaço, atinja seus objetivos e torne-se uma pessoa melhor, menos rígida e mais feliz.
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