domingo, 18 de outubro de 2020

SUPRASSUMO

 


Tem gente que se considera o suprassumo, muito próximo de estar entrando para o seleto grupo das divindades. Consideram-se excelentes em tudo que fazem, como fazem, onde fazem. Narizinhos empinados, sob o olhar complacente e entediado, ob­servam a trajetória dos demais mortais, acompanhando aqueles que foram eleitos para viver na mediocridade, com um certo desconforto. Soberba dez, humildade zero.

Mais impressionante, é a reação de admiração, exaltação, idolatria e até excita­ção, demonstrada pela plebe que desprezam. São os paradoxos, mecanismos cujas reações são exatamente contrárias às expectativas que, teoricamente, provocariam. Talvez a prova de que não somos tão racionais assim. Alguém faz um barulho qualquer, e pelo efeito “manada”, seguimos a multidão, sem conhecer ou sem que­rer saber para onde estamos sendo conduzidos.

Quantos desencontros desastrados a humanidade presenciou em sua história, vítima de decisões dessa natureza. Ao seguir os passos equivocados do personalismo, da ânsia por líderes, viu-se metida em guerras, massacres, misérias, destruição, mas ainda não aprendeu a lição, talvez porque goste da posição de massa de manobra, desprezando a capacidade de reflexão, por comodismo ou ausência de educação.

Vamos retornar ao ponto de partida, os suprassumos. Pessoas que acham ter atingido o topo do conhecimento e se sentem poderosas por isso. Dizem ter al­cançado a excelência. Será?

Excelência, na minha opinião, é uma linha de chegada que sempre se afasta quando dela nos aproximamos, cobrando ainda mais empenho, dedicação e pai­xão pelo que se faz, num movimento contínuo. É preciso ser humilde no enten­dimento que somos eternos aprendizes, necessitados do conhecimento e sempre dependentes das ações que resgatem os sonhos de nossas mentes e os tornem reais.

Como podem ter atingido a excelência, pessoas que desprezam princípios bá­sicos para obtenção da excelência? Não faz sentido, é um processo de aprimora­mento infindável, constante, enraizado no convívio sadio com outras pessoas, que abrange conhecimentos e experiências vivenciadas, que vai muito além de uma conquista individual e passa a ter o caráter coletivo, pelo pressuposto da participa­ção de muitos, para almejar sua possibilidade.

Portanto, suprassumos, sempre é tempo de retomar o bonde da história, descer do pedestal e refazer suas trajetórias na qualidade de cidadãos comprometidos, canalizando o potencial que representam, para a construção de um mundo melhor para todos. Não é só uma decisão acertada, é uma decisão necessária, que inclui aí, a salvação da própria alma.

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Integridade

 


Integridade

Poucas virtudes são tão avassaladoras quanto a integridade. Um ser íntegro é aquele completo, reto, justo, inatacável, perfeito em sua condição humana. Faz parte de uma elite, aquela que não abre mão dos seus valores, ainda que o mundo convide a isso. Pessoas que cultivam o bem e o bom caráter, acima de qualquer tentação, mesmo que isso resulte em reveses.

São os santos, os anjos, que convivem conosco e, invisíveis, passam por seres normais. Não são! Pertencem a uma dimensão diferenciada, carregam nos ombros o fardo da esperança, da crença no amanhã. Ainda que discretos, representam a possibilidade de continuidade da espécie humana. Espalhados por aí, num número bastante considerável, exercem o sacerdócio da esperança, utilizam a logística do exemplo e seguem o princípio da soma e multiplicação.

Agem pela convicção do amor, da gratidão e do perdão. Há coerência na firmeza dos posicionamentos, nas virtudes que exprimem o sentimento a favor do outro, não importa quem seja, origem, condição social. Encaram os homens com firmeza, mas enxergam suas almas frágeis em busca da liberdade perdida na ausência de luminosidade, cobertas pelo manto do individualismo, da paixão pelo ter e desprezo pelo ser.

Modernos, utilizam os recursos tecnológicos, porém, não deixam de lado gestos, atenção, olho no olho, em razão disso, são confundidos com extravagantes quando, na realidade, ao estabelecer contatos onde há cumplicidade, sentimento e emoção, simplesmente, agem, humanamente. Essa humanidade é o grande diferencial!

Provavelmente fazem parte de sua vida, mas pelas características da invisibilidade, sentidos destreinados, provavelmente, não lhes permitiram identificá-los. Procure lembrar-se do último acolhimento, da última palavra de carinho, do incentivo despretensioso, do abraço, da palavra certeira, do resgate em momentos delicados de sua vida. Quem estava ali?

Estão por aí mesmo, talvez você seja um deles, entretanto, se não for, há sempre a oportunidade de sê-lo, o potencial é o mesmo, as oportunidades também, basta força de vontade, desejo de ter uma vida com sentido, útil para si e para todos, capaz de revolucionar o mundo a partir da recuperação, valorização e crença no amor, precursor de toda manifestação de integridade.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Cair do cavalo

 


Você já deve ter passado por um momento de desequilíbrio! Tipo causador de um escorregão, de um tombo, de um estatelamento lamentável, aquele que sempre acontece na presença de inúmeras testemunhas, via de regra.

E os desequilíbrios resultantes da falha de conexões dos neurônios? Uma olhada de lado e quando retorna ao que fazia, o que fazia mesmo? Ou então uma palavra tão usual e, no exato momento que mais necessitava dela, não há meio de se manifestar? E quando alguém lhe chama pelo nome? Você olha, olha, olha! Quem é essa pessoa, meu Deus? Momentos que lembram o som emitido pelos computadores quando algo falha. Aquele “tum”, o branco total, pagador de incríveis micos.

Certa vez, para exibir seus dotes de cavaleiro, montou num cavalo, desses de estância turística que refuga a possibilidade de se distanciar muito de seu estábulo. O danado foi até determinado ponto e, mesmo com a rédea curta, fez questão de retornar ao ponto de partida, sob o olhar triunfante e cínico de seu treinador, um senhor de idade avançada e um mal humor estranho para uma atividade turística. Soltou para todo mundo ouvir “esses bostas da cidade não conseguem tirar meus cavalos daqui”, com um risinho de deboche.

Não se deu por vencido, ainda mais que a assistência era grande e o sorriso debochado lhe causou indignação. Desmontou, pegou no chão uma pequena haste de madeira que lhe serviria para fazê-lo cavalgar e montou de novo. O bicho percebeu a intenção e já começou a querer lhe tirar de seu lombo. Esperneou, empinou, mas não o intimidou. Só com o zunido da vara no ar, sem acertá-lo, percebeu que era melhor colaborar. O velho olhando com o canto do olho!

Subiu ladeira acima, em grande estilo. O bicho ficou manso, recebeu seus afagos de gratidão, tornou-se parceiro. Cavalgou um pouco lá no alto, mas tinha que retornar para permitir o passeio de outros turistas. Foi o que fez, ladeira abaixo, a galopar em boa velocidade, para impressionar a assistência. Bem na curva, próximo da linha de partida, a sela se deslocou para baixo.

Por sorte, aprendeu a deixar só as pontas do sapato no estribo e foi o que lhe salvou de um vexame maior, o de ser arrastado até aquele homem ranzinza e mal humorado. Todo mundo preocupado, inclusive seus filhos e esposa, que correram até onde estava, mas ele se levantara e limpava a calça da poeira acumulada no atrito com a terra. Nada demais havia ocorrido, fora o constrangimento do tombo.

As rédeas já nas mãos daquela figura antipática, que se aproximou também, provavelmente para mais uma de suas tiradas. Antes que abrisse a boca, ouviu a batatada, que todo mundo escutou: “tem uns bostas no campo que falam muito, mas nem sabem selar o cavalo que oferecem para montaria.”. Passou batido e levou o animal para descansar, tentando disfarçar o aborrecimento. Confessou, mais tarde, que não tinha o hábito de apertar muito a sela, porque os cavalos não saiam dali.

Mico generalizado! E como podemos aproveitar esse episódio para aprender sobre comportamento no ambiente corporativo e evitar o famoso “tum”?

Primeiro, antes de se aventurar a montar em um cavalo estranho, verifique você mesmo as condições existentes para montaria. Segundo, não faça nada para impressionar terceiros, faça apenas pelo seu próprio prazer, isso alivia a carga de preocupação e você aproveita muito mais a cavalgada. Terceiro, lembre-se que ambientes desconhecidos propiciam oportunidades para o inusitado, dessa forma, para realmente impressionar a assistência, utilize da prudência.

O outro lado também deixa lições! Primeiro, nunca despreze alguém porque veio de onde veio. Não existe um local definido para apresentar grandes talentos. Segundo, esteja onde estiver, trabalhe com bom humor, respeito e consideração por seus clientes. Terceiro, dê sempre o seu melhor, não importa o quanto isso lhe custe agora, faça tudo como se o usuário final fosse você. Jamais treine ou capacite alguém para o confinamento. Ao contrário, apresente-lhe a liberdade, o espaço, os inúmeros caminhos, os novos horizontes.

Afinal, todos devem contribuir, de alguma forma, para que ninguém caia do cavalo!

                                                                                                                                                                                    Texto do livro "Pensar para sair do lugar"

domingo, 27 de setembro de 2020

Arame farpado!

 


A cerca de arame farpado lhe impedia a passagem.

Todas as tentativas causavam ferimentos, sangravam, doíam, cutucavam, avisavam para recuar. Não suportando vencê-la, recuava para abrandar o sofrimento.

Mirava-a! Aquela estrutura circular, de pontiagudas farpas, tinha tanto poder, causava enormes estragos, alimentava seus temores, limitavam seus passos.

Admirava-a por seu poder de contenção, ao mesmo tempo que se perguntava: “quem a colocou ali?”. Tanta maldade, só poderia ser obra de inimigos perversos, gente sem coração, disposta a destruir seus valores mais caros.

Foi assim, por muito tempo! Não havia alicate, porteira, picareta e pá para tentar uma passagem subterrânea. Nada, só a incômoda acomodação: relacionamentos imprecisos, empregos insatisfatórios, talentos tolhidos, alegrias abafadas, restava a cerca, solidão em meio à turba.

Tanta pressão ameaçou-lhe a depressão!

Foi socorrida! Alguém perguntou: “em tempos bicudos, onde escondeu seu sorriso?” e o sorriso surgiu tímido, suficiente para iluminar o que estava apagado.

Conquistou maior brilho ainda, quando provocado: “que tal reconstruir com a matéria esquecida do seu melhor?”. E refletiu: “qual o meu melhor?”.

Seu melhor estava por vir! Reunidas as sobras da negativa experiência, havia talento, desejos, sonhos, só faltava respeito, amor próprio, mudar de direção.

Incrível, de repente, sumiu a cerca farpada, não pertencia à paisagem, era sua alma cercada que gritava por socorro, por óbvia atenção.

Surpreendeu-se ao perceber o colorido em sua volta! Tanto tempo limitado a passos curtos, horizontes próximos, dores antigas. Ousou encarar o céu azulado de um dia ensolarado, sentiu acolhimento, renovação, decisão.

Fixou o olhar para o alto, repensou: “Por que não a mudança?”.

Num gesto de humildade, resgatou memórias, libertou-se do trágico, das considerações alheias. Ousou enxergar-se, reconciliou-se com a verdade, sua verdade, paz para o passado.

Superada, a cerca fantasmagórica deixou lugar à espaços livres, percursos abertos, temores abrandados, salvo conduto ao risco de errar. Emergiu nova criatura, aceitou deixar de se importar com as miudezas para agarrar-se ao projeto de ser feliz com o que tinha e com aquilo que ainda conquistaria.


domingo, 20 de setembro de 2020

O copo ao meio

 


Já ouviu aquela história sobre o copo meio cheio ou meio vazio, com certeza. Se já ouviu, por que venho perturbar sua cabeça com esse papo novamente? Realmente, é algo antigo! Para alguns otimistas o copo está meio cheio, para os pessimistas, meio vazio, ou seja, faz lembrar aquela antiga máxima da física que diz tudo depender do ponto de referência.

Podemos estar em movimento ou não, podemos visualizar uma curva e de outro ponto de referência, uma reta. Dessa forma, precisamos sempre esclarecer de qual posição observamos determinado fato. Aí está o segredo, só posso afirmar tal coisa, se essa coisa estiver referenciada, posto que, poderá existir mais do que uma verdade.

Quando palestrantes sugerem associação entre otimista e pessimista, ao ver metades distintas de um copo, pode haver uma inversão de valores. Por exemplo, quem observa o copo meio vazio, poderá enxergar a oportunidade que existe na metade vazia do copo, no sentido de preenchê-la e, de repente, tornar pessimista quem enxerga meio cheio e se satisfaz com essa resposta.

Aliás, podemos reformular alguns conceitos. Por exemplo, o copo está cheio ou vazio em relação a que? Ao líquido ou ao ar que contém? Se despejarmos a água para um copo menor, qual seria a impressão? E, se ao contrário, um copo enorme? Hora, o volume é o mesmo, mas assume dimensões distintas, de acordo com o recipiente utilizado.

Quanto vale meio copo d’água para quem está sedento? E para quem está tomando um refrigerante, qual valor do mesmo meio copo d’água? Alguns, ao ver um copo pela metade de água, simplesmente, lançam o líquido pelo ralo. Outros, entretanto, podem aproveitá-lo para molhar uma planta, por exemplo.

O fato é que não importa o conteúdo e toda parafernália de observações, explicações, conceitos, dinâmicas. Importa o ponto de referência. Esse sim define as razões pelas quais você concluiu alguma coisa sobre determinado fato, o restante é mera especulação, uma tentativa de moldar o raciocínio livre das pessoas.

Tachar alguém pela resposta que deu, como otimista ou pessimista, é mais uma das tentativas de enquadramento da diversidade na unicidade. E o interessante é que as pessoas incorporam o raciocínio como verdade, enquanto se distanciam da capacidade de reflexão e, se de fato, aquilo tem sentido, até mesmo, se tem validade didática.

Ainda prefiro algo mais determinante para citar como exemplo. Lembro-me de um texto onde dois vendedores, representantes de uma empresa de calçados, são enviados para a Índia. Um encaminha seu relatório para a matriz informando do equívoco existente ao enviá-lo para aquele local. Ninguém usava sapatos. O outro, diz em seu relatório que aquela é a oportunidade de sua vida e que realizará grandes vendas, pois naquele país ninguém usava sapatos.

Vejam “ninguém usava sapatos” é uma constatação da observação, uma referência idêntica. O que fazer dela é uma opção efetiva, que pode distinguir atitudes consideradas otimistas ou pessimistas. Observaram bem a palavra “pode”? Mesmo que sirva para identificar um comportamento humano, é preciso cuidado para não ferir também o princípio da inteligência, a sua e a dos outros, que permite interpretações distintas, observações inesperadas, conclusões desconcertantes.

Enfim, lembre-se do ponto de referência, antes de rotular alguém.

Texto do livro "Pensar para sair do lugar"

domingo, 13 de setembro de 2020

“Homo Fungo”

 


Talvez você conheça, talvez conviva com alguém dessa natureza, talvez trabalhe com esse fenômeno ou, pelo menos, já tenha ouvido falar sobre os exemplares mais pitorescos da espécie. Gosto de apelidá-los de “homo fungo” e classificá-los distantes dos fungos que não fazem mal e auxiliam a humanidade na proteção contra pragas, em alimentos, na alimentação ou como decompositores naturais. Esses fazem mal sim, para os outros ou para eles mesmos.

Querem exemplos? É só correr os olhos, agitar a lembrança ou puxar pela memória. Vê se não são conhecidos alguns conceitos sobre certas características marcantes. Temos o “homo fungo” bolor ou mofo, obcecado por permanecer sempre na mesma, nunca sai do lugar ou tem disposição para mudanças. Na sua casa, é um “ajuntador” de coisas empoeiradas, quase um colecionador de trecos inúteis. No trabalho, é mais conhecido como o que não tira o traseiro da cadeira, nem por decreto, exceção para horário de refeição ou saída.

O bolor está no pensamento, na dificuldade de participação, na intolerância por trabalho em equipe. É um organismo simples, sem qualquer tipo de pretensão, pronto a não colaborar com nada, disposto a criticar qualquer coisa que lhe perturbe o sossego, segue arrastando, ou melhor, sendo arrastado pela vida.

O “homo fungo” micose, aquele que gruda e coça muito. Você quer se livrar dele, mas não consegue. É o cidadão pegajoso por natureza, aquele que elogia se tirar algum proveito, trabalha somente quando está sob supervisão, tem a característica da mala sem alça, nos relacionamentos familiares e profissionais. É de sua índole bajular ou puxar sardinha para seu lado. Exímio galanteador dos superiores e eficaz no autoelogio assume realizações que jamais foram suas, sem o menor constrangimento.

É aquele que chega pensando em abafar, com piadinhas sem graças, quer roubar a festa, mas a grande roubada é estar ao seu lado, porque a coceira começa a incomodar, de tal forma que as pessoas vão se afastando e, mesmo assim, ainda ficam com aquela sensação de ardência, porque a lembrança teima em permanecer. É preciso dar um tempo para desanuviar. Esse incômodo não tem remédio que cure, só a paciência.

Finalmente, apresento o “homo fungo” parasita, especialista em sugar energia, confiança, alegria. Vive para retirar de terceiros todo entusiasmo, reduz a pó qualquer tentativa de estar bem, feliz, realizado. No lar, nada está bom, mas não faz ou realiza coisa alguma, apenas critica os outros que tentam fazer, mas como um soberano, quer que lhe sirvam o tempo todo. É aquele que acredita que todos têm deveres e somente ele, direitos.

No ambiente corporativo, faz questão de marcar posição, normalmente, contrária a qualquer coisa que possa representar o sucesso de alguém. Argumenta sem conhecimento, poda conversas, quando não tem o que dizer, inventa algo do tipo “se a coisa estourar quero ver o prejuízo”, às vezes, tão completamente sem sentido, mas com tanta veemência, que consegue desestabilizar o proponente. Duro é tê-lo em posição de comando, aí sim o estrago é bem maior.

E agora, conseguiu visualizar a presença de alguns deles? Tenho certeza que sim! Suas características são inconfundíveis e marcam presenças onde quer que estejam. Não é preciso um grande esforço para identificá-los, porém, conviver com essas pragas não é tarefa das mais agradáveis. É preciso serenidade e capacidade de reação adequada para espantá-los. Não se trata de eliminação, trata-se de ter consciência do que podem causar e provocar. Diante disso, capacitar-se para combatê-los, é essencial.

Antes que destruam suas resistências, aprender a dizer o que pensa, diretamente, para cada um deles, é um bom passo. Ter conhecimento e segurança evitará que interfiram em suas vidas de modo negativo e, finalmente, estar de bem com a vida, aumentará seu potencial combativo. Um ambiente arejado, repleto de luz, respeito e autoconfiança, pode não eliminar, mas afasta esses fungos e impede sua proliferação.

                                                                                                                                                                                     Texto do livro "Pensar para sair do lugar"

domingo, 6 de setembro de 2020

Propósito é só proposta?



Você acha que, realmente, foi inútil a tentativa de realizar aquele projeto que mantinha sua cabeça ocupada, na certeza de um incrível sucesso?
A dor que sentimos, quando a frustração participa do resultado, não é nada agradável. Após dias, meses, anos de preparo, ajustes, certeza de concretização, uma rasteira era tudo o que não se contava.
Feito tsunami, arrasta as expectativas criadas, invade as proteções internas, ataca com violência o inconsciente que reverbera no consciente ao registrar a amargura, ao catalisar as energias negativas em transtornos, meio caminho andando para a depressão.
Mas não se impressione. O tempo é limitado para essas ocorrências, quando o propósito não se perde diante do aparente fracasso. Questão de horas ou até dias para que os efeitos sejam neutralizados e o serão!
Não porque o impacto foi pouco, os estragos desprezíveis. Ao contrário, atingiram brios, abalaram convicções, assustaram, impuseram a dúvida sobre a capacidade de realização, além do custoso tempo dispensado para a missão.
O propósito esteve ali, não se perdeu! O essencial não se confunde ou desaparece com a frustração! Continua firme, atrelado às crenças, valores, objetivos de vida, significados, importâncias. É o bem maior que levamos em nossas almas e desejamos compartilhá-lo com o mundo.
Esse desejo é a fonte de águas renováveis, limpas, fresquinhas que saciarão a sede provocada pelo tropeço. Trarão compreensão, maior lucidez, revisão dos posicionamentos, reengenharia a partir de informações depuradas, provocadoras de novas tentativas, jamais de desistência.
É preciso discernimento entre o que é propósito e proposta. Proposta serão inúmeras em cada momento da existência, mas proposta desacompanhada de propósito é mera satisfação de necessidades.
Proposta causa dissabores, dos pequenos aos grandes, ao não ser conquistada! É a responsável por um fardo pesado demais para ser suportado por vidas medíocres, embaladas pelo universo do poder, da ganância, do desejo exacerbado e voltado para satisfação única do próprio ego. Nesses casos, danos sérios podem ser provocados.
Quem tem propósito claro, definido, se sustenta em meio às privações, não se altera pressionado por derrotas, tombos, incompreensões. Considera-os parte integrante da caminhada, por isso, diante dos imprevistos se refaz rapidamente, segue em frente, sem medo de ser feliz.
O propósito é alimento, a existência seu campo de atuação, a gratidão pela vida a força que o sustenta, a espiritualidade o fim almejado, desde a sua elaboração!