Tem gente que se
considera o suprassumo, muito próximo de estar entrando para o seleto grupo das
divindades. Consideram-se excelentes em tudo que fazem, como fazem, onde fazem.
Narizinhos empinados, sob o olhar complacente e entediado, observam a
trajetória dos demais mortais, acompanhando aqueles que foram eleitos para
viver na mediocridade, com um certo desconforto. Soberba dez, humildade zero.
Mais impressionante,
é a reação de admiração, exaltação, idolatria e até excitação, demonstrada pela
plebe que desprezam. São os paradoxos, mecanismos cujas reações são exatamente
contrárias às expectativas que, teoricamente, provocariam. Talvez a prova de
que não somos tão racionais assim. Alguém faz um barulho qualquer, e pelo
efeito “manada”, seguimos a multidão, sem conhecer ou sem querer saber para
onde estamos sendo conduzidos.
Quantos
desencontros desastrados a humanidade presenciou em sua história, vítima de
decisões dessa natureza. Ao seguir os passos equivocados do personalismo, da
ânsia por líderes, viu-se metida em guerras, massacres, misérias, destruição,
mas ainda não aprendeu a lição, talvez porque goste da posição de massa de
manobra, desprezando a capacidade de reflexão, por comodismo ou ausência de
educação.
Vamos retornar ao
ponto de partida, os suprassumos. Pessoas que acham ter atingido o topo do
conhecimento e se sentem poderosas por isso. Dizem ter alcançado a excelência.
Será?
Excelência, na
minha opinião, é uma linha de chegada que sempre se afasta quando dela nos
aproximamos, cobrando ainda mais empenho, dedicação e paixão pelo que se faz,
num movimento contínuo. É preciso ser humilde no entendimento que somos
eternos aprendizes, necessitados do conhecimento e sempre dependentes das ações
que resgatem os sonhos de nossas mentes e os tornem reais.
Como podem ter
atingido a excelência, pessoas que desprezam princípios básicos para obtenção
da excelência? Não faz sentido, é um processo de aprimoramento infindável,
constante, enraizado no convívio sadio com outras pessoas, que abrange
conhecimentos e experiências vivenciadas, que vai muito além de uma conquista
individual e passa a ter o caráter coletivo, pelo pressuposto da participação
de muitos, para almejar sua possibilidade.
Portanto,
suprassumos, sempre é tempo de retomar o bonde da história, descer do pedestal
e refazer suas trajetórias na qualidade de cidadãos comprometidos, canalizando
o potencial que representam, para a construção de um mundo melhor para todos.
Não é só uma decisão acertada, é uma decisão necessária, que inclui aí, a
salvação da própria alma.