quarta-feira, 12 de julho de 2023

Dito pelo não dito

 


“Quem não nasceu para vintém nunca chega a tostão”. Alguém já ouviu ou leu esse ditado popular? Embora antigo, traz uma mensagem atualizada e que pode ocasionar, ao menos, duas interpretações.

Uma delas é o bloqueio que estimula ao ter contato com o ambiente, com a cultura, com os preconceitos, com a trajetória de vida. Se você tem certa característica física, social ou profissional isso o limita e o condena a permanecer na posição atual; bobagem tentar.

Nasceu pobre, morrerá pobre. É incompetente, situação imutável; errou uma vez, errará sempre. Seguem expressões populares com o idêntico viés: “pau torto morre torto; cada macaco no seu galho; filho de peixe peixinho é...”

Parece que a sabedoria popular deixa de ser sábia em momentos de “apagões” e serve para propagar falsas referências “verdadeiras”.

O problema se distancia daquele que lê, compreende sua origem, avalia o dito pelo não dito. Está em quem assume que os ditos populares contêm a máxima do absoluto, a “pá de cal” definitiva sobre a possibilidade de “curtir” qualquer anseio.

Olhe o perigo aí! É mais fácil aceitar do que contestar; dói menos encontrar culpados longe de você do que em si mesmo. É menos sofrível consentir com a falta de opção; é melhor tratar a causa consagrada na terceira potência do que se aventurar à transformação daquilo que a habilitou.

Dá mais trabalho combater do que se entregar; todavia, é preciso ter a percepção de que a entrega afasta o combate, mas aprofunda seus efeitos e suas consequências. Essas fazem sombra para o restante da vida.

A outra interpretação faz todo sentido. Dispensado o esforço, dedicação, empenho, adeus ao “tostão” pretendido.

Quer chegar ao “tostão”? Invista seu tempo, seu “suor”, suas ações e suas atitudes positivas na construção de carreiras consistentes, duradouras, ampliadoras de oportunidades.

Deixe de lado as curvas de trezentos e sessenta graus, elas apresentam um ponto de partida; mas, não chegam a lugar algum; saem e voltam para equivalente local. Nem começo nem fim, só giros, roteiros enfadonhos, desprovidos de viçosos horizontes.

Como sempre, a visão é sua, a direção é sua, o caminho é seu. Escolha é algo que não se deve transferir a terceiros, sob pena de perder a própria identidade.

Texto do livro “Pensar para sair do lugar - As Vertentes da Vida”






quarta-feira, 5 de julho de 2023

NÃO PERCA “O BONDE DE SUA HISTÓRIA”!

 

Nem nunca; nem mais nem menos; nem que a “vaca tussa”; nem que o “mundo caia sobre mim”; nem que “caia um raio sobre minha cabeça”; nem que você insista! Desista!

Essa é a linha de frente do exército que protege pessoas frágeis de seus medos, seus receios por mudanças. Há inúmeras explicações, das notáveis às absurdas. Existem mitos, memórias, quase sempre, trágicas lembranças, internas rupturas externadas pela implacável ruminação de um amargo passado.

O que fazer? Depende! Depende somente da vontade, a própria vontade em reverter o processo de contínua insatisfação. Ninguém é feliz na inflexível tarefa de manter “fantasmas” assombrando seu íntimo; ninguém, ainda que alarde o avesso aos quatro ventos, estará bem no desequilíbrio.

É como tentar a travessia de uma cachoeira, com fortes ventos, utilizando uma corda de sisal, presa entre dois pontos, no alto de um abismo, sem qualquer proteção ou algum equipamento. A infeliz criatura insiste que irá chegar do lado oposto; queda certa, zero margem de erro.

Quem não quer mudar, já está mudando. Terá sorte se perceber que esse posicionamento significa desperdiçar as chances de uma vida integral, opta pela destruição das perspectivas, pela retenção dos sonhos, pelo aprisionamento dos anseios

Basta o querer! Quem deseja se livrar dessa condenação vislumbra alternativas e busca saídas, talvez pesarosas para suas convicções. Lá na frente, irá compreender que pesaroso foi o tempo despendido na louca defesa de suas opiniões, porque nelas, de fato, jamais acreditou.

Portanto, apesar de complicada, a reversão é necessária, tanto quanto a liberação daquilo que alivia e promove satisfação.

Somos seres destinados à evolução; ela acontece mesmo sem intervenções conscientes; arrasta-nos para caminhos não planejados. Longe de nos oprimir, cenários arejados revelam-se capazes de fortalecer-nos, de proteger-nos e de preparar-nos para uma aventura de melhor qualidade, plena, repleta de sorrisos, desligadas de pretextos, com muito maior vigor.

Depende, da sua determinação, “singrar novos mares”.

Trechos do livro “Pensar para sair do lugar - As Vertentes da Vida”


quarta-feira, 28 de junho de 2023

Adaptar-se sem sucumbir

 


Quem esqueceu de priorizar o mecanismo de adaptação, sucumbe. É preciso maleabilidade, diante da intensa inovação que nos proporciona a tecnologia, as fantásticas interatividades que o mundo digital nos dedica.

Ser contra a tecnologia, é quase declaração de guerra contra uma grande potência: a batalha já está vencida. O que precisa de alteração é a postura diante do que assusta. Buscar a utilização adequada para tantas modernidades e tirar o melhor proveito delas.

É verdade, como tudo, aliás, que exageros são prejudiciais, que usos indiscriminados podem se tornar perigosos, quase vícios, que ínfimos acréscimos trarão, em sua vida, além da dependência.

Por outro lado, o domínio de suas funções e a capacidade de visualizar as inúmeras escolhas, que dela derivam, podem constituir alicerces para oportunidades, para alimentar projetos experimentais e para estimular a inserção, o aprimoramento, a capacitação.

As escolhas se resumem em apenas duas: recusar ou usufruir!

Recusar espelha a estagnação, o desvio da realidade, a tentativa de batalhar contra algo poderoso, sem que se conheça o inimigo que atropela, envolve e define os passos futuros.

Mais sensato é usufruir de seu potencial, permitir que a viagem tenha sua plataforma no conhecimento; porém o domínio da tecnologia, não o contrário.

Quando o jantar romântico é iluminado, ininterruptamente, pelas luzes dos celulares; quando uma reunião familiar é silenciosa e só os dedos trabalham, enviando e recebendo mensagens; quando somem as trocas de olhares, palavras, gestos; é indevido condenar a tecnologia, ela está sendo utilizada, lamentavelmente, de maneira equivocada.

A tecnologia não exclui ou afasta as pessoas. Ela foi criada para aproximar, facilitar, ganhar tempo. Quando acontece o desequilíbrio, a culpa nunca é dela e, sim, do usuário que a considera substituta de seres humanos.

A tecnologia deve ser uma aliada, uma ferramenta auxiliadora, jamais o inverso. Responda interiormente: qual a frequência de diálogos com parentes, amigos, colegas? A tecnologia tem atrapalhado?

Se a resposta for negativa, muito bom, evidencia que você domina a tecnologia e a utiliza equilibradamente. Se positiva, procure ajuda, antes que tarde seja!










domingo, 18 de junho de 2023

Prudência e liderança

 


Prudência, como virtude, não significa postergar decisões ou ações importantes por medo, receio ou desconfiança. Ao contrário, é a capacidade de atuar com equilíbrio na fronteira do real com o essencial.

Utiliza a sabedoria como freio e a espiritualidade como guia, busca a harmonia necessária para manter sob controle os impulsos imediatos, fortes potenciais de desorganização e conflitos.

A prudência, em sua disciplina, equaciona o dia em diversos elementos: fazer o que tem que ser feito como rotina; aprimorar as tarefas rotineiras para redução do tempo de execução; apurar a busca pela identificação do que é importante; priorizar o bem-estar pessoal e os bons relacionamentos, como estimuladores para preparar uma feliz jornada do dia seguinte.

Com essa configuração, o desempenho das lideranças torna-se mais efetivo, congruente, alentador. Despacha a síndrome do engessamento e dispensa o acúmulo de preocupações originadas pelo excesso de preocupações com coisas menores, mas que consomem tempos preciosos e energias desnecessárias.

O desempenho será agraciado pela melhoria do ambiente, maior rendimento e produtividade. Aglutinará os envolvidos nos ideais propostos, muito mais pela eficácia do comportamento do que, propriamente, pelas inserções frias das letras contidas nos manuais de procedimentos.




quarta-feira, 24 de maio de 2023

Captar a essência

 


É preciso identificar os propósitos. Entender quando se trata da luta pelo poder ou luta por melhorias; se estão vinculados ao brilho dos holofotes ou à claridade das missões.

A complexidade é gigantesca, envolve análise de atitudes, das ações, do empenho com a transparência e nenhum teste é capaz de precisar sua identificação; quando muito, apontam caminhos.

Essa insegurança acompanha a dificuldade das escolhas. Pinçar alguém que, ao final do percurso, não desaponte, potencialize o resultado do processo e traga alívio às necessidades dos gestores, é colocar em prova a tensão própria das grandes competições, onde só uma pessoa ocupará o pódio.

Aí reside a grande questão da importância de se ter em quadros de recursos humanos, pessoas habilitadas no conhecimento de gente, que goste de gente, que conviva com gente, com formação apropriada e histórico que lhes dê o respaldo para enxergar o que nem sempre é visível aos olhos.

Não é garantia de acertos, mas garantia de evitar desastres fenomenais, em decisões sensíveis, principalmente, quando se trata de apresentar ao público interno e externo (gente), a quem será delegada a representatividade de toda a estrutura empresarial.

Talvez um tópico a ser considerado é lembrar que embora tenha poder, ganhe as melhores remunerações, tenha acesso às informações mais importantes, uma liderança de respeito, não despreza tudo isso, mas tem consciência de que colecionar um cabedal de bens não é imprescindível; conquistar pessoas, aí reside a essência de seu propósito.


quarta-feira, 10 de maio de 2023

Comida caipira


Percebo a dificuldade da escolha pelo prato necessário. Aquele que alimenta, nutre, revigora, sustenta e oferece energia à empresa. Alguns empresários sofisticam suas refeições, gostam de pratos elaborados, bonitos, enfeitados, servidos em porcelanas e, de preferência, acompanhados de bebidas caras, oferecidas em cristais finos. Não se preocupam com os custos e nem com o número de calorias a ingerir, importa o impacto que causam.

Outros preferem refeições calóricas, como uma feijoada regada a cerveja. Não dão bola para o tipo do prato, desde que seja fundo, o suficiente, para suportar o maior número possível de ingredientes. O copo, tipo americano, é bem-vindo. Não estão nem aí com as consequências das calorias, desde que os custos não sejam tão elevados.

Há, ainda, os que são mais econômicos, adeptos do churrasco, com muita gordura e carne mal passada. Não dispensam a cerveja, nem um pagode animado ou um sertanejo para embalar a reunião. A preocupação com o colesterol, triglicérides, passam à margem, o importante é o bom papo, o espeto, pão, molho, vinagrete e a diversão.

Os primeiros contratam grandes companhias, nomes famosos, papas das matérias noticiadas pela mídia. Normalmente, se dão bem, escorados pelo aspecto   psicológico, do impacto que causam essas ações junto aos executivos, que admiram o desempenho dessa elite, os resultados são positivos. Não é para tudo, nem para todos. Muitos, após enxugar os orçamentos de suas áreas computam um resultado pífio, lembrando aquelas pequenas porções, com tão poucas calorias, que acabam por desnutrir (efeito contrário) o organismo da empresa.

Os segundos pagam bem, e vão contratando. Qualquer coisa, mesmo a que poderia ter solução internamente, faz os olhos se voltarem para o mercado e as contratações se multiplicam. O problema são as calorias em excesso ou os ingredientes menos consumidos, rabo de porco, pé de porco, orelha de porco, que se agigantam ao final do expediente. No frigir dos ovos, qual foi mesmo o resultado de tantas incursões?

Já os terceiros, gastam menos, mas não escolhem com critérios. Precisam resolver determinados problemas, não gostam de consultores, mas acreditam que resolvam aquela “parada”. Assim, todo mundo fica feliz, porém, a gordura acumulada por cada uma das ações sem sincronismo ou sinergia, vai debilitando o organismo. Os resultados não são mensurados, na realidade não querem ser, porque no fundo há consciência da inutilidade, mas as canções eram bonitas.

Ora, qualquer ação precisa ser implementada para gerar uma consequência positiva. Nem sempre isso ocorre, mas critérios cuidadosos maximizam os êxitos. Nem todos os ingredientes têm os mesmos efeitos para todos os consumidores. Cada corpo necessita de determinadas substâncias para manter seu equilíbrio e é atrás delas que a linha de frente deve estar ocupada, atenta, avaliando clinicamente, se os pratos servidos consolidam tendências de melhorias na performance.

Conforme a dimensão do problema a receita caipira, que meu pai nos passou na infância, pode gerar excelentes resultados. Um ovo, farinha de milho e açúcar. Bate-se a clara, mistura-se a gema, o açúcar e, finalmente, a farinha de milho. Simples, nutritivo, poderosa fonte de energia que precisa ser gasta, gasta com ações inovadoras, de preferência.

É sempre melhor assim, optar pela simplicidade ao trazer os ingredientes de fora. Eles precisam ser consistentes, potentes, geradores de muita força. A única sofisticação a ser cobrada é o resultado positivo da investida, aí as contratações se justificam.

Trecho do livro "Pensar para sair do lugar - Crescimento pessoal e profissional"

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Grandeza em liderança

 

O mesmo que acontece na vida social deve, e pode, ser espelhado no âmbito profissional.

Ninguém suporta, ao sentir o sabor traiçoeiro de um alimento estragado, digeri-lo, simplesmente por educação.

Em momentos de tristeza, aflições, ouvir palavras inconvenientes só aprofundam o mal estar do momento.

Qual o valor de um sorriso fora de contexto além de representar sarcasmo, provocativo, tanto quanto um insulto?

Ocorre o mesmo quando as oportunidades se multiplicam, de ser agradável com aquelas pessoas que você tem simpatia, boa convivência, e elas são sabotadas.

É o mesmo que participar do velório de alguém estimado, consternação chorosa, sem nunca ter, em vida, compartilhado da alegria, dos festejos, dos convites pela presença, daquele que não mais respira. Inútil e até frustrante. Ainda bem que defunto não levanta do caixão.

 O bom petisco é aquele que ao ser ingerido não provoca náuseas ou peso no estômago. Seja um deles!

A boa palavra é aquela que conforta nos momentos trágicos das derrotas, das perdas irreparáveis. Seja uma delas.

O bom sorriso é o presente em comemorações, em reconhecimentos, aquele que anima. Seja um deles.

Participar, com entusiasmo, vibrar com as conquistas alheias, oferecer a presença nos bons e maus momentos, de vitórias e derrotas, é ter em si o poder da coerência.

O mesmo poder que emana das grandes lideranças.