“Quem não nasceu
para vintém nunca chega a tostão”. Alguém já ouviu ou leu esse ditado popular?
Embora antigo, traz uma mensagem atualizada e que pode ocasionar, ao menos,
duas interpretações.
Uma delas é o
bloqueio que estimula ao ter contato com o ambiente, com a cultura, com os
preconceitos, com a trajetória de vida. Se você tem certa característica
física, social ou profissional isso o limita e o condena a permanecer na
posição atual; bobagem tentar.
Nasceu pobre,
morrerá pobre. É incompetente, situação imutável; errou uma vez, errará sempre.
Seguem expressões populares com o idêntico viés: “pau torto morre torto; cada
macaco no seu galho; filho de peixe peixinho é...”
Parece que a
sabedoria popular deixa de ser sábia em momentos de “apagões” e serve para
propagar falsas referências “verdadeiras”.
O problema se
distancia daquele que lê, compreende sua origem, avalia o dito pelo não dito.
Está em quem assume que os ditos populares contêm a máxima do absoluto, a “pá
de cal” definitiva sobre a possibilidade de “curtir” qualquer anseio.
Olhe o perigo aí!
É mais fácil aceitar do que contestar; dói menos encontrar culpados longe de
você do que em si mesmo. É menos sofrível consentir com a falta de opção; é
melhor tratar a causa consagrada na terceira potência do que se aventurar à
transformação daquilo que a habilitou.
Dá mais trabalho
combater do que se entregar; todavia, é preciso ter a percepção de que a
entrega afasta o combate, mas aprofunda seus efeitos e suas consequências.
Essas fazem sombra para o restante da vida.
A outra
interpretação faz todo sentido. Dispensado o esforço, dedicação, empenho, adeus
ao “tostão” pretendido.
Quer chegar ao
“tostão”? Invista seu tempo, seu “suor”, suas ações e suas atitudes positivas
na construção de carreiras consistentes, duradouras, ampliadoras de
oportunidades.
Deixe de lado as
curvas de trezentos e sessenta graus, elas apresentam um ponto de partida; mas,
não chegam a lugar algum; saem e voltam para equivalente local. Nem começo nem
fim, só giros, roteiros enfadonhos, desprovidos de viçosos horizontes.
Como sempre, a
visão é sua, a direção é sua, o caminho é seu. Escolha é algo que não se deve
transferir a terceiros, sob pena de perder a própria identidade.
Texto do livro “Pensar para sair do lugar - As Vertentes da Vida”