“Quer moleza? Morda água!”
Essa expressão veio no exato instante da reclamação já que se esforçara e nada apresentara. Foi o mecanismo encontrado para amenizar a sensação de derrota, para acomodar a frustração do tropeço e para manter afastado o sentimento de autopiedade.
Necessário estar sempre atento para duas desculpas comuns: primeira, relutar em assumir as derrapadas; segunda, superestimar a abrangência da amargura pelos insucessos, contaminando relacionamentos.
No primeiro caso, cria-se uma barreira tremenda para a apreciação, a assimilação e a superação do episódio.
O foco se projeta exteriormente; o interior fica comprometido. Mergulho na ignorância que dissimula as causas reais.
Já no segundo, investir contra as pessoas que lhe apoiam, esparramando sobre elas o inconformismo de ter vivido uma situação negativa, é equivalente a acreditar na perspectiva de disputar uma cabeçada com um bode e sair vencedor.
Sairá machucado! A cabeça estará rachada, independente da dimensão da fúria. A simbiose, sim, essa será abalada e pode até ficar comprometida. Depois, inútil reclamar da exclusão, “azar no amor”: vai dar “bode” mesmo!
Portanto, serenidade é componente da genialidade nas decisões. Ninguém passa pela Terra protegido de revés, a diferença está na maneira escolhida para enfrentá-lo e no modo de tratar as ocorrências.
Reconhecer a imprecisão da vida é um bom começo para compreender que nem o detalhado planejamento é capaz de sobrepor-se às incertezas.
Evidente também que, sem planejamento, o fracasso fará “ronda” permanente, “engolirá” vigores despendido e as lamúrias serão parecidas à derrota.
Mas, de todos as características necessárias, creio que a mais incontestável é que: se fosse fácil, qualquer um faria! Ninguém sofreria, o pesar erradicado; os problemas, as inovações, a evolução, deixariam de existir e seria o fim.
Dessa forma, a dificuldade é proporcional ao empenho realizado para superá-la. Está para nascer quem, de fato, locupletou-se intimamente, sem que houvesse doado esforço, dedicação e afeição na luta para vencer cada um dos obstáculos que obstruíam a passagem da conquista.
Em meio a ascensões e quedas, fortalece-se a compreensão da nossa fragilidade, estimula-se o desejo de transposição e necessidades surgem ao encararmos desencontros. Dispensadas as culpas, temos probabilidades de iniciar jornadas ou concluir as que foram deixadas, momentaneamente, para trás.
Só não pode achar que vai morder água!