sábado, 14 de janeiro de 2023

“Morder água?”

 


“Quer moleza? Morda água!”

Essa expressão veio no exato instante da reclamação já que se esforçara e nada apresentara. Foi o mecanismo encontrado para amenizar a sensação de derrota, para acomodar a frustração do tropeço e para manter afastado o sentimento de autopiedade.

Necessário estar sempre atento para duas desculpas comuns: primeira, relutar em assumir as derrapadas; segunda, superestimar a abrangência da amargura pelos insucessos, contaminando relacionamentos.

No primeiro caso, cria-se uma barreira tremenda para a apreciação, a assimilação e a superação do episódio.

O foco se projeta exteriormente; o interior fica comprometido. Mergulho na ignorância que dissimula as causas reais.

Já no segundo, investir contra as pessoas que lhe apoiam, esparramando sobre elas o inconformismo de ter vivido uma situação negativa, é equivalente a acreditar na perspectiva de disputar uma cabeçada com um bode e sair vencedor.

Sairá machucado! A cabeça estará rachada, independente da dimensão da fúria. A simbiose, sim, essa será abalada e pode até ficar comprometida. Depois, inútil reclamar da exclusão, “azar no amor”: vai dar “bode” mesmo!

Portanto, serenidade é componente da genialidade nas decisões. Ninguém passa pela Terra protegido de revés, a diferença está na maneira escolhida para enfrentá-lo e no modo de tratar as ocorrências.

Reconhecer a imprecisão da vida é um bom começo para compreender que nem o detalhado planejamento é capaz de sobrepor-se às incertezas.

Evidente também que, sem planejamento, o fracasso fará “ronda” permanente, “engolirá” vigores despendido e as lamúrias serão parecidas à derrota.

Mas, de todos as características necessárias, creio que a mais incontestável é que: se fosse fácil, qualquer um faria! Ninguém sofreria, o pesar erradicado; os problemas, as inovações, a evolução, deixariam de existir e seria o fim.

Dessa forma, a dificuldade é proporcional ao empenho realizado para superá-la. Está para nascer quem, de fato, locupletou-se intimamente, sem que houvesse doado esforço, dedicação e afeição na luta para vencer cada um dos obstáculos que obstruíam a passagem da conquista.

Em meio a ascensões e quedas, fortalece-se a compreensão da nossa fragilidade, estimula-se o desejo de transposição e necessidades surgem ao encararmos desencontros. Dispensadas as culpas, temos probabilidades de iniciar jornadas ou concluir as que foram deixadas, momentaneamente, para trás.

Só não pode achar que vai morder água!

Texto do livro "Pensar para sair do lugar - As vertentes da vida"


Já leu? 
 

sábado, 7 de janeiro de 2023

A brisa

 


Como é preocupante estar sob o comando da inaptidão! Medo dos próximos passos, temor do atropelo, a indecência do recolhimento imaturo enquanto as oportunidades pululam.

A grotesca anomalia do desamparo, do se sentir no abandono, de estabelecer fronteiras instransponíveis, com a ampliação desmensurada dos parques de diversões, apelidados de zonas de conforto.

É esse o desejo? Permanecer sem movimento, operar a retroescavadeira interior para cavar o maior buraco possível e nele permanecer?

Então, uma notícia afável, alentadora para os propósitos embasados nessa letargia, é que tal cenário é muito mais acessível à conquista.

Bizarro, você diria. Mas pensa um pouco! O que é mais difícil, lutar pelos ideais ou aceitar, passivamente, o que está sendo oferecido? Ser golpeado pelas consequências de um risco ou evitá-los, para ficar de bem, com minguinhos grudadinhos, junto a seus pares?

O crescimento exige o abandono da passividade, coloca as rédeas curtas em suas mãos e você assume o controle da montaria, que muitas vezes empaca, outras vezes empina, derruba, dá seus coices, mas oferece a oportunidade deslumbrante de sentir a liberdade da cavalgada, apreciar a paisagem e chegar a um destino.

Contar com gente que inspira é uma ajuda imensa para percorrer o processo. A boa liderança é como brisa serena em manhã ensolarada. Refresca, anima, enxuga o suor, incentiva a prosseguir, com confiança redobrada, até a segurança do novo porto.

Desejo-lhe a sorte desse encontro!


Conhece?



domingo, 1 de janeiro de 2023

A curva

 

Enquanto é reta, o percurso segue sem susto. Basta indicação de curva, para os sentidos redobrarem a vigilância. Conforme o ângulo, diminui-se a velocidade, aciona-se o freio, acelera-se o carro no momento certo; as mãos seguram com maior firmeza o volante.

Há uma preparação orquestrada que permite percorrer a curva em segurança e retornar à trajetória.

Imagine, agora, se não houvesse placa.

Se a curva fosse surpresa, quantas dúvidas de um bom término? Quem chegaria “inteiro” em sua casa?

Seria um jogo de carta marcada, com um símbolo da tragédia estampada em sua face.

A perícia do condutor é necessária, mas primordial são os avisos e a confiança de que estejam corretos!

Sem isso, acidentes se multiplicariam, ampliando mortes, mutilados, tristezas, apreensões e confusões.

Como está sua relação com os sinais de sua vida?

Tem percebido o número infindável de informações ou nada tem considerado?  Após a curva, existe uma ambulância no aguardo ou uma reta tranquila? Tem conduzido com sabedoria aquilo que, para você, é importante?

Quando seu filho necessita da sua figura, ele enxergará amizade, interesse, disposição, certeza de respaldo, toda a sua atenção, disponibilidade para conversar, discutir, aconselhar?

Quando seu amigo clama por socorro, você será alívio, ombro que sustenta, porto seguro, interessado em auxiliá-lo na travessia? Você terá compromisso isento de julgamento e firmeza no posicionamento?

 Quando dá posse ao líder escolhido, sua equipe verá nele juízo, lealdade necessária para dirigir destemido e alcançar, com bastante tranquilidade, os objetivos propostos?

Você está preparado para ser uma referência e fazer a diferença? Ou não?

Já leu?





sábado, 24 de dezembro de 2022

Um conto sem desconto

Lideranças estúpidas, conseguem fazer da estupidez o monumento à esculhambação, onde todos são vítimas de sua insensatez. Pouco resta após a desastrosa passagem.

Salvo os chutes eventuais que, por diversas anomalias, acabam por obter sucesso, a inexistência dos cuidados fundamentais, sentenciam de morte, empresas e colaboradores, nas vãs tentativas de trilhar caminhos seguros em busca da obtenção do êxito.

Outra coisa, bastante clara na mensuração dos líderes de araque, é a conduta humana, péssima em todos as escalas, incapaz de interação verdadeira com sua equipe, faz-se de interessado, só da boca para fora, não há empatia disponibilizada em suas ações.

Tem todos os sentidos preparados somente para servi-lo, não serve a ninguém. Ensaboado, desfila arrogância quando da proximidade de liderados e humildade descarada ao interagir com seus pares, como arauto da salvação da pátria.

Lamentável que ofereçam sustentação ao parasita, que suga a energia da empresa e a leva à bancarrota, talvez pelo glamour da douração de pílula, talvez em razão da ausência de parâmetros para identificar, de fato, o mal que faz.

Enfim, é triste sua permanência e ainda mais incômodo permiti-la. Como se diz em situações semelhantes: se merecem! Uma pena que, em meio a essa esparrela, aqueles que sofrem amargamente nas mãos do pilantra, sem condições de reagir, impossibilitados da manifestação, cerceados por temores, são os pobres colaboradores.

Pobres enquanto persistirem em aceitar, passivamente, viver sob o domínio do medo. Não é isso que se espera de profissionais capacitados. É abrir a boca no trombone ou mandar às favas o emprego que não lhe oferece dignidade para exercer suas funções.





 

domingo, 18 de dezembro de 2022

Liderança de ponta

 


Qual ser humano que deixa de curtir um sucesso próprio ou daquele que ama? Só os doentes, desprovidos do equilíbrio mental não comemorariam um feito brilhante.

Funciona assim quando, engajado em determinado processo, envolvido em um roteiro que escala a difícil encosta da dúvida, a pessoa se sente em êxtase ao atingir seu pico.

Não há trilha fácil, ou segura, muito menos com garantia de resultados positivos. O que existe é a retaguarda eficaz, os preparativos minuciosos, a confiança na proposta apresentada.

 A liderança de ponta é aquela identificada por ações comprometidas com a concretização das expectativas de cada um dos envolvidos na missão que se pretende cumprir, isso faz toda a diferença.

Entusiasma o grupo, cria laços de colaboração, oferece guarida nas dificuldades, celebra cada avanço, assume possíveis falhas, corrige quando necessário, demonstra inabalável convicção nos propósitos apresentados.

Liderar é gerar ações que criam possibilidades de melhorias, exalam comprometimentos e induzem à cooperação. Essa é a fórmula, com nada de secreta, mas dotada de um poder imensurável, quando se trata de conduzir pessoas a se realizarem.


Ofereça livros de presente e faça um futuro diferente: Série "Pensar para sair do lugar"; coleções infantis "A floresta onde tudo pode acontecer!", Vol. 1 e Vol. 2. Adquira pelo WhatsApp (15) 991339393 ou Mercado Livre. Conheça mais no Facebook @alppalestras ou @antonioluizpontesescritor





domingo, 11 de dezembro de 2022

Ao tempo, o respeito necessário

 


Controlar o tempo disponível para implementações, sem o reconhecimento prévio dos vários ruídos provocados por diversas particularidades, normalmente prazerosas, como os emitidos pelo mundo digital, é querer desfrutar do amor, desatento à pessoa amada. Nem sempre os resultados são os melhores ou, adequadamente, promissores.

Respostas dependem de cada pergunta efetuada. Quando se trata da organização e melhor aproveitamento do tempo, há uma resposta certeira, capaz de paralisar, estagnar ou acelerar qualquer processo: qual o prazo?

Após analisar a tarefa, computar contingências, descrever o roteiro, a definição do prazo é básica no disparo das melhores estratégias, as alusivas à intensidade da intervenção pessoal e ao dispêndio de horas.

É bom esquecer mágicas, truques, trapaças, subornos. O tempo é incorruptível, simplesmente, avança e, a cada dia, aproxima a estimativa do “dia d”.

Não tem pena, dó ou piedade; não se sujeita às negociações, tampouco firma acordos; não espera um pouco ou muito menos oferece um “jeitinho”. Ele passa e, se não houver cuidado, deixa tudo no passado, menos as consequências.

Vale lembrar uma formulação bastante utilizada, “ordem dada é ordem cumprida”. Parodiando, “prazo estabelecido, é prazo cumprido”, isso para a biografia social, profissional, escolar, comercial, industrial; enfim, é regra elementar se existe interesse em cativar respeito, lealdade de terceiros, conceitos positivos.

Consagrar ao tempo o título do bem mais precioso, não é só retórica de patrões desejosos da máxima produtividade ou de algum filósofo deslumbrado com a possibilidade de seu domínio; é inquestionável, porque tudo acontece se ele existe, ao menos, no plano humano.

 Está, aí, a necessidade de saber conduzir, com contumaz diligência, o tempo. Passou, passou; impossível o retorno. É preciso administrar, com sabedoria, sagacidade e prazer, o presente oferecido.  Não façamos dele “presente de grego”, início da própria destruição.

Texto do livro “Pensar para sair do lugar – As vertentes da vida”.


Ofereça livros de presente, para você e para as suas crianças:




domingo, 4 de dezembro de 2022

Quem bate a corda?

Você já pulou corda na vida? Quantas “queimou” e teve que voltar para a fila? A corda executa um semicírculo e o tempo que leva para percorrer a curva é o tempo necessário para que o reflexo permita pular inúmeras vezes, ou poucas, ou nenhuma. Cada um tem sua graduação.

São três estágios: o primeiro para velocidades baixas, menos complexas, um ritmo que permite, aos menos hábeis, estimular o gosto para saltar ao estágio seguinte; o da velocidade normal, com ritmo cadenciado, que exige maior controle dos pulos e, finalmente, o estágio avançado, onde a loucura da velocidade acaba dificultando o acompanhamento.

“Salada, saladinha, bem temperadinha, com sal, pimenta, fogo, foguinho, fogão”, assim, a molecada se divertia e começava, sem saber, a evoluir para a longa jornada, rumo ao universo adulto.  A cantiga ficou para trás, mas ainda são utilizadas em diversas situações.

Querem ver! Primeiro emprego: o desejo de começar, desde o anúncio para vaga de emprego, “salada...” O que vem?  Filas de candidatos, entrevistas com perguntas pitorescas, exigências, dinâmicas (algumas constrangedoras), necessidade de experiências (pode?), habilidades; o “fogão” chega rápido demais, pegando a perna no ar e derrubando o candidato que tem que ir em busca de melhor preparo.

E quando o emprego é conquistado? Lá vem a corda, agora rodada por gente com nomes imponentes: “chefe”, “gerente”, “coordenador”. Ela é batida também pelos “colegas” do tipo “quanto mais rápido rodar, mais rapidamente elimino o concorrente”, e a brincadeira tem sequência.

Perdeu o emprego? Momentaneamente, a corda é girada com mãos de pessoas que cantam apenas a última palavra, “fogão”, incessantemente. Contas caindo (“fogão), dinheiro rareando (“fogão”), cheque especial estourado, financiamentos, brigas na família, “fogão”, “fogão”, “fogão”!

Foi agraciado com uma carreira brilhante, somente os que seguram a corda mudam. Agora, com designações pomposas: “presidente”, “vice-presidente”, “superintendente”, “diretores” e, lá estão eles, como se fossem a hélice de um ventilador, fazendo a corda girar ardentemente, “fogão”, “fogão”, “fogão”. Talvez fosse indicada, para a circunstância, outra palavra bem representativa do mundo corporativo, “pressão”, “pressão”, “pressão”.

Pensa que os empreendedores escapam? Novamente, só os que rodam a corda têm seus nomes alterados: “vendas”, “fluxo de caixa”, “capital de giro”, “contabilidade”, “bancos”, “produtos”, “funcionários”, “fornecedores”, e haja preparo!

Acredito que boa parcela das brincadeiras de crianças foram inventadas por adultos de dois grupos:  interesseiros e realistas.

Aos primeiros, a função atribuída é a de treinar novas gerações para, num projeto sinistro de capacitação, prepará-las para futuras cobranças. Aos segundos, a informação, nem um pouco velada, de que a cobrança é pesada, requer inclusão constante de contemporâneas habilidades para sobrevivência e, quem quiser se destacar, precisa pular miudinho, literalmente.

Quem está nas pontas das cordas, neste momento?

Texto do livro “Pensar para sair do lugar – As vertentes da vida”.