domingo, 19 de setembro de 2021

Olho no olho

 

Tenho, por hábito, provocar discussões sobre os mais diferentes assuntos. Tal­vez ser generalista, tenha beneficiado, em muitos aspectos, minha vida pessoal e profissional. O fato de não escolher assunto para participar de uma conversa, evidente, excluindo aquilo que só a convicção do conhecimento e estudos espe­cíficos podem permitir, a gente sempre aprende algo interessante.

Quantos exemplos, que surgiram de papos descontraídos, puderam ser utiliza­dos em meus trabalhos de consultor, palestrante, coach, professor ou escritor, auxiliando passar uma mensagem, um ensinamento ou, até mesmo, permitindo esclarecer uma dúvida que não se dissipava.

A utilização de exemplos é um grande auxiliar do aprendizado. Torna mais interessante uma apresentação, não exige tanto da atenção de quem dela participa, o que facilita o mecanismo de memorização e assimilação das ideias, além, é claro, de quebrar a monotonia de muitas explanações.

O que quero afirmar com isso? Temos que estar atentos, sempre! Onde menos se espera, a atenção, a captura de um termo, pode ser o sinal aguardado, há muito, para dar início a uma ação, ou inovação, ou, até mesmo, uma revolução em nossas vidas.

E tem gente que não lhes dá o devido valor! Pessoas que reclamam da sorte, se acham injustiçados, mas fecham os ouvidos. O que pensam é válido e correto, o restante do mundo só fala asneira e inutilidades. Essa excessiva conduta narcisista cria os famosos “malas sem alças”, aqueles que dispersam rodas de amigos e obrigam seus ouvintes a de­senvolver novas técnicas de fugas.

Não permita que esse lamentável rótulo faça parte integrante do seu cotidiano. Desenvolva a habilidade de valorizar as mensagens recebidas e delas fazer bom uso.

Afinal, o sucesso tem várias formas. Cultivar amizades é uma delas, e isso depende, basicamente, de sua vontade. Não gera custos, mas pode ser um belo investi­mento, talvez o principal deles, o que poderá trazer, em seu bojo, outros sucessos mais.

Trechos do livro “Pensar para sair do lugar - crescimento pessoal e profissional”.

                                    NOVO LIVRO DA SÉRIE "PENSAR PARA SAIR DO LUGAR"



domingo, 12 de setembro de 2021

Limite

O que acontece quando a realidade é expurgada do contato racional?

Loucura? Alienação? Alucinação? Destempero?

Pode ser, mas de todas as consequências, creio que a pior delas seja como tratar sua eventual ausência e o seu reencontro posterior.

Imagino o choque: “epa; não é nada disso...”; “como fui cair nessa esparrela?”; “maldito, me fez acreditar...”; “aquilo era certeza...”; “por quê não chequei antes?”; “a que papel me emprestei...”; “onde estava com a cabeça?”.

Dessa arapuca, só tem um jeito de se livrar: conhecimento e informação.

Já sabemos o mal que faz para a humanidade optar por uma única perspectiva, o assombro derivado da intolerância, da cegueira, da ausência de questionamentos, da amplitude dos horizontes reduzidos ao desejo de ver presente, na “realidade”, aquilo que faz parte da própria essência.

Se coincide ótimo, verdade absoluta; caso contrário, qualquer manifestação passa a ter caráter ofensivo, quase um ato de guerra e só a violência verbal, física, psicológica, servem como elementos de combate aos inimigos imaginários, que ousam divergir daquilo que foi construído por mentes obscuras.

Leia mais, estude mais, critique mais, ouça mais, aguce a atenção, analise os dados, dependa menos do “ouvi falar” e mais dos fatos inquestionáveis.

A liberdade é uma trajetória de superação, vigilância, serenidade, firmeza, disciplina, nunca de atalhos. Os atalhos são canais para o ralo da história e da dignidade humana.




domingo, 5 de setembro de 2021

Não seja pato

 

Preparo não é jogo de adivinhação. É estar seguro que a opção pelo conhecimento foi destaque na equação do desempenho. Um patamar longo, mas sempre acessível. Basta disponibilidade e um toque de humildade, evitando que se fechem diante de si as oportunidades do aprendizado.

Quanto maior o preparo maior a confiança! Quanto maior a confiança, maior o preparo. É como a antiga propaganda, vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais? Uma coisa leva a outra e ambas à realização.

Não dê trela quando lhe tacham de otimista excessivo, difusor da utopia ou de agitador inveterado. Prefira essas pechas que ser arauto de uma realidade sem esperança ou de um passivismo serviente. O mundo se transforma pelo conheci[1]mento, a pessoa se liberta pelo conhecimento. Não é mágica, é evolução!

Pense nisso, quando o olhar atravessado pela flecha do inconformismo, atravessa a razão e vê no sucesso alheio sinais de falcatruas, sorte, ações obscuras, sacanagem! Isso ocorre, mas não na proporção alucinante da imaginação coletiva. O maior pecado é não avaliar as razões pela qual alguém obteve o almejado sucesso. Surpresas podem desmitificar velhos conceitos.

Abra os olhos, livre-se da deprimente sensação de impotência que o sucesso alheio pode lhe causar e corra atrás do seu. O seu pode ser diferente, talvez não tanto dinheiro, mas mais realizações pessoais. Talvez não um carro importado, mas o status de estar bem. Talvez uma empresa espetacular, ou talvez uma família feliz. Não importa, o patamar cada um escolhe o seu.

O jogo impróprio é avaliar que você é o outro e sofrer porque o outro possui coisas diferentes da sua. Isso se transforma em patologia, e o maior pato da história será você mesmo, arcando com as consequências danosas e até perniciosas dessa opção.

Prepare-se! Inspire-se! Empenhe-se! Nada é fácil, nada é gratuito, mas tudo é possível, a partir do conhecimento. E conhecimento também é saber o que se deseja para este curto tempo de permanência na bola azul chamada Terra.

                                               Texto do livro “Pensar para sair do lugar - crescimento pessoal e profissional”.


                                                    Novo livro da série "Pensar para sair do Lugar":                                                               



domingo, 29 de agosto de 2021

Duvide

Dê-se o direito da dúvida. Duvidar de uma ordem estranha, de uma atitude suspeita, de uma razão pouco esclarecedora, de um pedido sem sentido. A dúvida é mais esclarecedora do que a simples aceitação. Quando aceitamos, candidamente, deixamos escapar detalhes que vão além do comodismo da atitude, e podem trazer consequências negativas lá para frente.

Adote como estilo de vida, o questionamento libertador, aquele que enseja uma razão de ser, um sentido. Muito diferente da chatice, questionar quando necessário, é um belo diferencial, tópico que deve estar na agenda de qualquer pessoa, de qualquer profissional, de qualquer empresa. O interesse pelo questionamento é um divisor de águas entre a mediocridade e a excelência, portanto, não pode ser descartado.

Alguém me falou: “não adianta pergun­tar, aqui a coisa sempre funciona do mesmo jeito”. Como assim? Esse é o típico movimento do comodismo. Igual a história dos macaquinhos que nada ouvem, veem ou falam.

Utilize-se da ousadia. Ousadia não é peitar alguém, mostrar os dentes, puxar o tapete, isso é demonstração de força, poder e burrice. Ousadia é atrevimento, audácia, coragem, capacidade de vislumbrar a essência e dela obter transparência.

Acredite, o buraco negro, onde a luz não se reflete e onde todos os corpos ao entrarem em sua órbita ficam aprisionados, pode estar fazendo um mal danado à sua essência e você ainda não se deu conta disso. Nós precisamos da luz, de muita luz, para visualizar e vislumbrar os caminhos da realização e das grandes conquistas.

Não deixe de questionar, dissipe todas as dúvidas, para evitar a própria dissipa­ção. Deixe a vergonha, o medo, de lado, nada pode impedir seu entendimento, sua certeza, nada pode impedir você de ser livre, de ser compromissado com a verdade, com a justiça e com a decência.

Deixar, simplesmente, que as coisas aconteçam, é deixar de viver sua história e passar a ser um simples figurante na história de outros, sem nenhuma importância, sem nenhuma expressão, sem nenhum brilho.

Trechos do livro “Pensar para sair do lugar - crescimento pessoal e profissional”.


Novo livro, o segundo da série "Pensar":


domingo, 15 de agosto de 2021

Aconteceu

 

Contrariando todos os prognósticos, aconteceu! Foi promovida! Imediata­mente teorias conspiratórias iniciaram o percurso sempre desconhecido. Sem au­tores, sem assinaturas, sem identificação, percorreram os meandros da empresa, à disposição de qualquer ouvido que lhe dessem atenção.

Uma delas dizia a respeito do parentesco existente entre a promovida e um parente que era primo em terceiro grau do diretor financeiro, dava conta do conluio costurado durante uma reunião familiar, onde prevalecera toda sorte de estratégia, inclusive, en­volvendo o diretor de marketing, em cujo departamento, a dita cuja iria atuar.

Outra lhe questionava a moral, dizendo que, por ser bonita, o diretor de marketing, mesmo casado, convidou-a para um almoço. O almoço foi pretexto, o motel era o destino. Uma aventura destinada a lhe dar condições e argumentos para cobranças. Ela havia usado esse poder para pressionar o pobre diretor, que cedeu, logicamente, mantendo-a como amante.

Mais incrível foi uma terceira teoria. Ela havia feito um trabalho! Macumbei­ra, de carteirinha, havia sacrificado uma galinha, uma garrafa de pinga e algumas velas, deixando o despacho numa encruzilhada, próxima do local de trabalho. O motivo era indiscutível, afastar o risco da outra colega assumir o cargo e, ao mesmo tempo, amarrar o diretor de marketing nos seus propósitos.

 O inconformismo era tanto, que a verdade se perdeu no meio das baboseiras e desatinos. Para muitos existe uma dificuldade fenomenal de aceitar as qualidades alheias. É sempre mais fácil especular negativamente, desqualificar um talento do que aceitá-lo.

No caso, a moça tinha um currículo invejável e uma vasta experiência no seg­mento da vaga. Fora isso, era de fato bonita, simpática, comprometida, alegre e capaz. Tudo o que era necessário para o desempenho da função, a melhor opção.

Ninguém comentou a respeito da entrevista sem escorregões, segura e deter­minante. Ninguém citou suas duas pós-graduações em excelentes instituições, nem as publicações em revistas especializadas, que foram a razão de sua participa­ção no processo de escolha que, aliás, justiça seja feita, não foi solicitado por ela, apenas atendeu a um convite do departamento de Recursos Humanos.

Apesar do pouco tempo de empresa, era merecedora da vaga, simples assim. Ela mesma, através de um trabalho de alto nível, tratou de desfazer as maledicên­cias. Provou que estava à altura do desafio, mais ainda, quando depois de dois anos, assumiu o lugar do diretor de Marketing, contratado por outra empresa.

Vieram outras teorias, nenhuma semelhante às anteriores. Igualmente sem sentidos e destinadas apenas a amenizar o sofrimento de alguns, que ainda busca­vam justificar a incompetência com ações desabonadoras. Inutilmente!

                                             Texto do livro "Pensar para sair do lugar - crescimento pessoal e profissional"

 Lançamento:



domingo, 8 de agosto de 2021

Compartilhar

 

Às vezes, vencer o mal não é nada! Vencer o medo de fazer o bem, esse é o grande desafio a ser vencido. Não tenha receio de transmitir ao seu subordinado, parente, amigo, colega, aluno, o assunto que você domina. Irá aprender muito mais ao se doar.

Maturidade é rever conceitos de superioridade, de arrogância e trocá-los pela mansidão do destemor em interagir com seu próximo, seja ele quem for, na busca pelo aprimoramento de ambos.

Compartilhar conhecimento é uma via de mão dupla, vai embora o egoísmo e retorna mais conhecimento, acompanhado de sorrisos.

Ofereça seu sorriso de gratidão ao ser emissor ou receptor de alguma informação valiosa, transformadora, alentadora.

A esperança se alimenta do incentivo, da disponibilidade de oferecer condições para o crescimento, amadurecimento, autorrealização.

Decida-se por viver intensamente o presente, crescendo e possibilitando crescimentos, de tal forma que o futuro possa ter um passado que o justifique positivamente.

Talvez nisso esteja contida a mais nobre das realizações, aquela que torna seres humanos íntegros, profissionais respeitados, cidadãos de bem, pessoas marcantes nos encontros da vida.




domingo, 1 de agosto de 2021

Muleta

 

Fora a eficácia estrutural, que pessoas privadas da capacidade de locomoção, parcial ou total, desfrutam do seu uso, muletas não são eficazes como opção de vida.

Ser “muleta” para alguém, ou permitir fazer do outro, “muleta”, são faces da mesma moeda: a incapacidade de aceitar a liberdade de alguém, ou da insegurança para seguir em frente pelos próprios méritos.

Quantas crianças poderiam ser poupadas dos sofrimentos psicológicos causados pelo excesso de proteção dos seus responsáveis? Quantas mais poderiam desfrutar de melhor equilíbrio emocional, se não recebessem presentes, quando as birras se escancaram, em nome da paz dos educadores?

Pais “muletas” criam filhos propensos a ser “muletas”, pelo exemplo. O que aguardar na fase adulta?

Certas coisas não deveriam ser objetos de barganha. Uma delas, com certeza, é a promoção do amadurecimento, capaz de se converter em plenitude, independência, segurança; ressonâncias para uma vida toda.

Apavora-me a ausência de percepção do quanto é prejudicial a insistência no papel de “muleta”.

Expressões como “coitadinho”, “frágil”, “incapaz”, tentam justificar, mas não convencem, apenas acentuam que a possibilidade de assumir a condução dos passos entrou em paralisia funcional, atrofiou, tirou de cena a capacidade de superação.

Uma muleta pode ajudar a andar, mas também pode criar problema para as axilas. Melhor não ser “muleta” para ninguém e andar com as próprias pernas.