O que acontece quando a realidade é expurgada do contato racional?
Loucura? Alienação? Alucinação? Destempero?
Pode ser, mas de todas as consequências, creio que a pior delas seja
como tratar sua eventual ausência e o seu reencontro posterior.
Imagino o choque: “epa; não é nada disso...”; “como fui cair nessa
esparrela?”; “maldito, me fez acreditar...”; “aquilo era certeza...”; “por quê
não chequei antes?”; “a que papel me emprestei...”; “onde estava com a cabeça?”.
Dessa arapuca, só tem um jeito de se livrar: conhecimento e
informação.
Já sabemos o mal que faz para a humanidade optar por uma única perspectiva,
o assombro derivado da intolerância, da cegueira, da ausência de
questionamentos, da amplitude dos horizontes reduzidos ao desejo de ver
presente, na “realidade”, aquilo que faz parte da própria essência.
Se coincide ótimo, verdade absoluta; caso contrário, qualquer
manifestação passa a ter caráter ofensivo, quase um ato de guerra e só a
violência verbal, física, psicológica, servem como elementos de combate aos
inimigos imaginários, que ousam divergir daquilo que foi construído por mentes
obscuras.
Leia mais, estude mais, critique mais, ouça mais, aguce a atenção,
analise os dados, dependa menos do “ouvi falar” e mais dos fatos inquestionáveis.
A liberdade é uma trajetória de superação, vigilância, serenidade,
firmeza, disciplina, nunca de atalhos. Os atalhos são canais para o ralo da
história e da dignidade humana.