domingo, 15 de agosto de 2021

Aconteceu

 

Contrariando todos os prognósticos, aconteceu! Foi promovida! Imediata­mente teorias conspiratórias iniciaram o percurso sempre desconhecido. Sem au­tores, sem assinaturas, sem identificação, percorreram os meandros da empresa, à disposição de qualquer ouvido que lhe dessem atenção.

Uma delas dizia a respeito do parentesco existente entre a promovida e um parente que era primo em terceiro grau do diretor financeiro, dava conta do conluio costurado durante uma reunião familiar, onde prevalecera toda sorte de estratégia, inclusive, en­volvendo o diretor de marketing, em cujo departamento, a dita cuja iria atuar.

Outra lhe questionava a moral, dizendo que, por ser bonita, o diretor de marketing, mesmo casado, convidou-a para um almoço. O almoço foi pretexto, o motel era o destino. Uma aventura destinada a lhe dar condições e argumentos para cobranças. Ela havia usado esse poder para pressionar o pobre diretor, que cedeu, logicamente, mantendo-a como amante.

Mais incrível foi uma terceira teoria. Ela havia feito um trabalho! Macumbei­ra, de carteirinha, havia sacrificado uma galinha, uma garrafa de pinga e algumas velas, deixando o despacho numa encruzilhada, próxima do local de trabalho. O motivo era indiscutível, afastar o risco da outra colega assumir o cargo e, ao mesmo tempo, amarrar o diretor de marketing nos seus propósitos.

 O inconformismo era tanto, que a verdade se perdeu no meio das baboseiras e desatinos. Para muitos existe uma dificuldade fenomenal de aceitar as qualidades alheias. É sempre mais fácil especular negativamente, desqualificar um talento do que aceitá-lo.

No caso, a moça tinha um currículo invejável e uma vasta experiência no seg­mento da vaga. Fora isso, era de fato bonita, simpática, comprometida, alegre e capaz. Tudo o que era necessário para o desempenho da função, a melhor opção.

Ninguém comentou a respeito da entrevista sem escorregões, segura e deter­minante. Ninguém citou suas duas pós-graduações em excelentes instituições, nem as publicações em revistas especializadas, que foram a razão de sua participa­ção no processo de escolha que, aliás, justiça seja feita, não foi solicitado por ela, apenas atendeu a um convite do departamento de Recursos Humanos.

Apesar do pouco tempo de empresa, era merecedora da vaga, simples assim. Ela mesma, através de um trabalho de alto nível, tratou de desfazer as maledicên­cias. Provou que estava à altura do desafio, mais ainda, quando depois de dois anos, assumiu o lugar do diretor de Marketing, contratado por outra empresa.

Vieram outras teorias, nenhuma semelhante às anteriores. Igualmente sem sentidos e destinadas apenas a amenizar o sofrimento de alguns, que ainda busca­vam justificar a incompetência com ações desabonadoras. Inutilmente!

                                             Texto do livro "Pensar para sair do lugar - crescimento pessoal e profissional"

 Lançamento:



domingo, 8 de agosto de 2021

Compartilhar

 

Às vezes, vencer o mal não é nada! Vencer o medo de fazer o bem, esse é o grande desafio a ser vencido. Não tenha receio de transmitir ao seu subordinado, parente, amigo, colega, aluno, o assunto que você domina. Irá aprender muito mais ao se doar.

Maturidade é rever conceitos de superioridade, de arrogância e trocá-los pela mansidão do destemor em interagir com seu próximo, seja ele quem for, na busca pelo aprimoramento de ambos.

Compartilhar conhecimento é uma via de mão dupla, vai embora o egoísmo e retorna mais conhecimento, acompanhado de sorrisos.

Ofereça seu sorriso de gratidão ao ser emissor ou receptor de alguma informação valiosa, transformadora, alentadora.

A esperança se alimenta do incentivo, da disponibilidade de oferecer condições para o crescimento, amadurecimento, autorrealização.

Decida-se por viver intensamente o presente, crescendo e possibilitando crescimentos, de tal forma que o futuro possa ter um passado que o justifique positivamente.

Talvez nisso esteja contida a mais nobre das realizações, aquela que torna seres humanos íntegros, profissionais respeitados, cidadãos de bem, pessoas marcantes nos encontros da vida.




domingo, 1 de agosto de 2021

Muleta

 

Fora a eficácia estrutural, que pessoas privadas da capacidade de locomoção, parcial ou total, desfrutam do seu uso, muletas não são eficazes como opção de vida.

Ser “muleta” para alguém, ou permitir fazer do outro, “muleta”, são faces da mesma moeda: a incapacidade de aceitar a liberdade de alguém, ou da insegurança para seguir em frente pelos próprios méritos.

Quantas crianças poderiam ser poupadas dos sofrimentos psicológicos causados pelo excesso de proteção dos seus responsáveis? Quantas mais poderiam desfrutar de melhor equilíbrio emocional, se não recebessem presentes, quando as birras se escancaram, em nome da paz dos educadores?

Pais “muletas” criam filhos propensos a ser “muletas”, pelo exemplo. O que aguardar na fase adulta?

Certas coisas não deveriam ser objetos de barganha. Uma delas, com certeza, é a promoção do amadurecimento, capaz de se converter em plenitude, independência, segurança; ressonâncias para uma vida toda.

Apavora-me a ausência de percepção do quanto é prejudicial a insistência no papel de “muleta”.

Expressões como “coitadinho”, “frágil”, “incapaz”, tentam justificar, mas não convencem, apenas acentuam que a possibilidade de assumir a condução dos passos entrou em paralisia funcional, atrofiou, tirou de cena a capacidade de superação.

Uma muleta pode ajudar a andar, mas também pode criar problema para as axilas. Melhor não ser “muleta” para ninguém e andar com as próprias pernas.



domingo, 25 de julho de 2021

Despencou

 

Quem poderia imaginar que aquele sujeito, de tantos predicados, pudesse estar com a vida estagnada, sem rumo, sem direção?

Era tão inteligente, capaz, destacava-se nas conversas, nos estudos, representava o prenúncio de uma carreira brilhante.

Onde aquela luminosidade foi atacada? O que consumiu o seu brilho?

Transtorno psicológico, doença degenerativa, alguma decepção? Afinal, para onde foram aquelas expectativas todas?

Nada de excepcional, ele simplesmente murchou ao ser tomado pela intrigante ausência de autovalorização.

Começou por querer viver a vida de outro, não exatamente seguir o exemplo, mas projetar-se, vivê-la como se sua fosse, ou seja, anulou-se.

Passou a considerar-se desprovido de capacidade, incapaz de alcançar aquele estapafúrdio objetivo, quedou-se em depressão.

Esqueceu que tudo era possível: mudar de opinião, reavaliar conceitos, tomar outros rumos ou até continuar na mesma por escolha própria, jamais viver a vida de terceiro; essa não lhe pertencia.

Gerada a disfunção, logo veio a quebra da resistência, o golpe final: deixou de reconhecer as suas virtudes quando preterido na disputa por um cargo superior ao seu. Aí, despencou de vez!

Deixar de ser o que se é já é bastante triste, imagine perder o respeito por si mesmo.

Não ter o talento reconhecido por terceiros sempre será bem menos constrangedor do que não reconhecer o próprio talento.

Evite cair nessa armadilha!






domingo, 18 de julho de 2021

A esperança permanece

 

No início de 2020, os terráqueos foram surpreendidos pela presença assustadora de um vírus mutante.

As pessoas apavoradas, perdidas em meio à desinformação, acataram governantes acreditando na solução que parecia mais lógica, o isolamento social.

Nunca um vírus realizou a proeza de distanciar seres humanos, em expansão global, tão eficazmente.

Caos instalado e óbitos utilizados como ferramenta de pressão, para manter a população isolada.

O medo, ânimo “capenga”, o sofrimento alargado; além das sentidas mortes, desempregos, falências, depressões e gente assustada, acuada, desesperada.

O que veio de ensinamento? Certamente muitos, mas considero o principal, a constatação do hoje ser essencial. Não tenho a menor autoridade sobre o amanhã, apenas sobre o agora, ainda limitado às ações que eu pratico ou venha a praticar!

Uma coisa é preparar-se para o futuro, outra é viver o presente na certeza de ser, o futuro, um tempo administrável. O controle não existe, não temos essa possibilidade, felizmente!

Resta-nos a formidável consciência do poder do pensamento, que traz tranquilidade em ocasiões tão incertas, idênticas a essa; privilegia o arbítrio e o discernimento; amplia o conhecimento, expande a espiritualidade, afaga-nos com a perspectiva de dias melhores.

Pensar para sair do lugar é um tributo à lembrança desse poder libertador, confiante, destemido, revolucionário, que jamais está isolado ou submetido a um vírus de qualquer espécie ou natureza.

Prepare-se para o futuro, sem descuidar-se da atualidade. Pense para sair do lugar, contribua para a paz e para o equilíbrio no mundo. Tenha fé no amanhã e naquilo que você pode fazer, neste momento, por ele. A esperança permanece!

Texto da capa do livro (orelha) "Pensar para sair do lugar - As vertentes da vida". Peça o seu através do e-mail contato@alppalestras.com.br (aproveite a promoção de lançamento, R$ 45,00) ou pelo Mercado Livre, 264 páginas, R$ 49,90.


domingo, 11 de julho de 2021

Sem covardia

 

Quando teme a resposta, o covarde evita a pergunta; o reticente pergunta evasivamente para confundir a si mesmo; o seguro pergunta diretamente para livrar-se da frustração de viver na ignorância.

Quanto mais pessoas se atrevem a questionar, no caso de dúvida, nova realidade desponta, surgem pessoas preparadas para desempenhar com qualidade, conhecimento, segurança, as suas atividades profissionais e sociais.

Liderança sem questionamentos é vazia, não empondera, não desperta entusiasmo, é frágil em sua proposta, carente em seu propósito, distante, cada vez mais, de seus liderados.

Existem os que paralisam diante de um questionamento, aqueles que têm fobia ao esclarecimento ou que se recusam a doar-se naquilo que dominam: um assunto, uma matéria, um conhecimento.

O chamado egoísmo comportamental, pautado pelo receio de oferecer ao outro a informação, mesquinhamente, tratada como capaz de ser bem utilizada pelo que a recebeu, em detrimento daquele que a cedeu.

Pura bobagem egocêntrica. A melhor forma de aprendizado é quando ensinamos. Virão novos questionamento, esses sim, fontes inesgotáveis de evolução, de sabedoria.

Se acaso tenha aversão por questionar ou responder a algum questionamento, comece a rever seus conceitos, antes que sofra o atropelamento angustiante das oportunidades perdidas.

Aproveita melhor a vida, quem compreende a diferença entre permanecer sempre no mesmo estágio e permitir-se avançar.

No primeiro caso, letargia; no segundo, plenitude. A escolha é sua!

 

Com muita satisfação informo a breve disponibilidade do meu novo livro: "Pensar para sair do lugar: as vertentes da vida". Trato de temas substanciais, para o amadurecimento pessoal e profissional, através de reflexões que promovem o cultivo daquilo que mais importa para uma vida saudável, plena, assertiva, conduzida por valores, com o foco nas virtudes. Conto com cada um de vocês para divulgação, aquisição dos exemplares e avaliação do trabalho.

domingo, 4 de julho de 2021

Destravar

 

Preparava-me para mais uma palestra, a ser ministrada no período noturno. Decidi, para evitar qualquer tipo de perturbação na concentração, que evitaria me envolver com outros assuntos não relacionados ao evento da noite. Necessitava de um pouco de tranquilidade para superar uma dura situação pessoal, envolvendo alguém, extremamente querida, que agonizava num leito hospitalar.

Meu anjo da guarda, minha incentivadora, a palavra de ânimo, preparava sua parti­da para dimensão desconhecida de nossa razão, ainda muito jovem. Cogitei em cance­lar a apresentação, mas com a empatia que desenvolvemos no decorrer dos anos, havia uma convicção sobre como agir diante de tal circunstância, de um lado e de outro.

Ela lutava com todas as armas disponíveis. Não tinha medo da morte, apenas um posicionamento firme que a morte não era o fim, mas o lado reverso da mesma moeda chamada vida. Por isso o empenho por ela, por sua plenitude até o último segundo. Não cogitaria abandonar qualquer tarefa que fosse para ficar de expec­tadora passiva.

Nada fácil, mas repassei com vigor toda sequência dos temas que seriam tra­tados, decidi que dedicaria a ela, por tudo que representou em minha vida, aquele momento único de superação. Era preciso dar um sentido, uma resposta positiva, em meio à angústia de um ciclo que estava prestes a ser concluído.

Fui à luta, senti que, mais uma vez, ela estava comigo, acreditando no meu sucesso, feliz por eu não ter desistido. Não sei se foi a melhor apresentação, mas foi a mais apaixonada, com certeza. Era um tributo à minha irmã querida! Eu, muito mais do que ela, precisava ter esse dever cumprido.

São essas experiências que nos aproximam do que acreditamos, e nos faz mais fortes. A fragilidade desperta do sono forças descomunais, que habitam a mesma morada, e muitas vezes nem abrem as portas, ficando ali, como coadjuvantes, sem manifestações. É preciso movimentá-las.

Quando penso nisso agitam, a lembrança, inúmeros fatos presenciados na vida social e na vida corporativa, onde o medo travou, o desconhecido travou, a rotina travou, a insegurança travou, o entusiasmo travou, o sonho travou. É preciso ter em mente a necessidade de destravar, encarar de frente os grandes desafios, porque são desafios da existência, possíveis de encarar.

Um pouco mais de vinte e quatro horas depois ela partiu da vida, mas não de minha vida.

                                  Trecho do livro "Pensar para sair do lugar, crescimento pessoal e profissional"

 Com muita satisfação informo a breve disponibilidade do meu novo livro: "Pensar para sair do lugar: as vertentes da vida". Trato de temas substanciais, para o amadurecimento pessoal e profissional, através de reflexões que promovem o cultivo daquilo que mais importa para uma vida saudável, plena, assertiva, conduzida por valores, com o foco nas virtudes. Conto com cada um de vocês para divulgação, aquisição dos exemplares e avaliação do trabalho.