domingo, 21 de junho de 2020

O movimento


Você pode optar por parar! Afinal, liberdade é levar a sério o livre arbítrio. Não desejar seguir em frente, abortar um projeto, implodir um sonho acalentado por tanto tempo, é um direito que lhe assiste. Aos assistentes, apenas o respeito é permitido, desde que suas decisões não lhes afetem diretamente.
Apesar do poder, é preciso ter consciência que há um caminho a percorrer. Bom ou ruim, você irá percorrê-lo. Pode não ser corajoso, destemido, valente, ainda assim irá percorrê-lo. Vencerá essas limitações durante o trajeto, passo a passo, mesmo sem saber quantos faltam, cada um deles lhe deixará mais próximo da chegada, ainda que não tenha a menor ideia de onde ela fica.
Interromper qualquer coisa, simplesmente abrirá novas variáveis de um mesmo caminho, o seu caminho. Ainda que você quisesse ficar estático, não conseguiria. A Terra gira, querer transgredir esse fato é supor possível estancar o tempo, impedir a trajetória traçada pela harmonia do movimento de todo o universo.
Considere, então, a opção pelo reconhecimento. Reconhecer nossa fragilidade diante da realidade que nos impulsiona para frente, mesmo contra os próprios desejos. Ainda que estático, a cada fração de tempo há um deslocamento e você jamais fica no mesmo lugar. Entenda isso, para poder refletir a respeito do poder da ação e reação.
Ao abortar um projeto, implodir um sonho, forças de encantamento tornam-se forças de destruição. Avançam impiedosas em direção das colunas que sustentam o equilíbrio interior. Arrasa a autoestima, agiganta a autopiedade, destrona o entusiasmo e, no trono, coroa a depressão. Vale à pena, imputar-se tal sofrimento?
Essa é a questão principal, identificar as razões pelas quais isso ocorreu. Se essa, realmente, era sua vontade, ou foi vontade alheia que repercutiu como sua. Avaliar as condições daquele momento, físicas, psicológicas, financeiras, familiares, para entender o impacto causado em sua decisão.
Dados computados, hora de processar seu conteúdo e, quem sabe, não desistir, postergar, talvez, até que as condições sejam mais propícias para prosseguir. A energia liberada em seus planos tem que ser canalizada para o propósito, seja ele qual for. Lembre-se, ela já foi liberada, está em expansão, não a queira de volta, não a queira no sentido oposto com a mesma intensidade.
                                                                                                                                                        Texto do livro "Pensar para sair do lugar"

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