domingo, 7 de março de 2021

Robotizar

 


Viver é correr riscos! Quem nunca foi pego pela surpresa da fragilidade? Nós somos frágeis! Nossa estrutura orgânica não resiste a uma ínfima bactéria, a um in­significante vírus. Queda-nos uma gripe, uma dor de cabeça, um alimento vencido.

Fora o grande exército de seres invisíveis, aí inclusos as ocorrência internas que explodem em úlceras, células que se desviam de seu padrão e multiplicam-se em velocidades espantosas gerando massas amorfas com alto poder de destruição, temos que suportar outros ataques, oriundos de diferentes fontes, dentre elas, de outros seres humanos, capazes de ações violentas, mutiladoras, aniquiladoras de sonhos.

A ciência e a medicina estão aí para resolver problemas relativos aos invisíveis, a estrutura social para aqueles que limitam as ações humanas desordenadas. Agora, como fazer para vencer outro mal, o mal do desânimo, da desconfiança, do orgulho ferido, da baixa autoestima, das limitações que impedem voar bem mais longe?

Psicologia, terapias, religiões, amizades... Existem muitos caminhos, que per­correm vias onde a ciência e a boa-fé estão presentes, como também aqueles onde persistem a maldade humana enganando, falseando realidades, gerando todo tipo de desilusões, que só farão aumentar o desespero daqueles que lhes confiaram o último fio de esperança.

O universo humano, belo e terrível, capaz de ações comoventes e outras tantas desoladoras. Afinal, que distância tudo isso está do universo corporativo? Nenhu­ma! Apenas dimensões diferentes da mesma realidade. O homem é único, fora ou dentro desse universo. Capaz de surpreender positiva ou negativamente, gerar novos conceitos ou afundar grandes ideias, vencer terríveis desafios ou padecer ao menor transtorno.

Incrível a tentativa de catalogar a emoção como um estigma a ser isolado do lado de fora do limite fronteiriço das empresas. Como se fosse possível um interruptor, liga e desliga, bloqueando determinadas áreas do cérebro. Erro grosseiro! Uma coisa é buscar o controle da emoção no ambiente de trabalho para evitar conflitos ou in­justiças; a outra, bem diferente, é a presunção de querer colaboradores sempre frios, calculistas, objetivos, imunes às intempéries externas, resistentes aos vírus e bactérias, indiferentes aos outros seres humanos que circulam nas mesmas áreas.

Não tem o menor sentido! É preciso resistir a qualquer tentativa de querer robotizar as atividades humanas no mundo corporativo. Para o bem de todos!

                                                                    Trecho do livro "Pensar para sair do lugar"

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