Caminhava cabisbaixo,
acompanhando os passos que revezavam, à vista de seus olhos, direito e
esquerdo, num ritmo pouco denso, marcado pela mesma apatia que impingira à sua
vida. Acabara de sair de mais uma jornada frustrante de trabalho.
Sabia que o dia
seguinte seria a repetição tediosa do hoje, do ontem, do sempre. Desde que fora
preterido para um cargo de confiança, como o mundo desabasse, sobreveio-lhe a
imersão na mais profunda apatia.
Seu brilho
apagara naquele dia, de tal forma, que a simples menção sobre o assunto, lhe
causava um profundo sentimento de impotência.
Os dias se
arrastavam, vagarosos, desprovidos de emoções. Como chegou a esse ponto, alguém
reconhecido como ótimo colaborador? Qual o atalho que se esqueceu de seguir
para, rapidamente, escapulir dessa condição lamentável de caramujo arrastando
lentamente seu pesado fardo?
Existem duas
explicações: a primeira sobre a insensibilidade de lideranças na empresa e, a
segunda, sobre a incapacidade pessoal de lidar com revezes. Uma ou outra causam
quebra na frágil estrutura emocional, criada apenas para as não decepções.
O pecado das
lideranças, não está no fato de preterir o candidato a uma promoção, de jeito
nenhum. Guardados os critérios de avaliações corretos e profissionais, nada há
de equívoco no fato de promover alguém melhor preparado para a missão.
O mal se instala
na ausência de perspicácia na compreensão do clima e expectativas existentes,
ou seja, dificuldade de se colocar no lugar do preterido e tentar entender como
ele elaborava a questão.
Por outro lado,
nada justifica, e até corrobora a escolha recair em outro colaborador, que
alguém se deixe levar ao desespero, pelo simples fato de não obter algo que
esperava, comportamento próprio do público infantil.
Decepções não são
muletas para abdicação da luta. Ao contrário, deveriam constar na lista dos
mecanismos de superação, dos incentivadores da resistência.
É preciso
absorver o impacto da frustração, no menor tempo possível, e lembrar sempre:
sua qualidade independe do cargo que ocupa, sua reputação vai muito além dos
limites da empresa onde atua no momento.
Portanto, insira
mais afinco em sua determinação, mais vigor em seu cérebro, mais energia em sua
alma. É apenas mais um desafio, encare-o de frente e reverta o processo, ainda
que isso ocorra em uma outra empresa.
Texto do livro "Pensar para sair do lugar"
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